Trilha dos seres vivos torna ensino de biodiversidade mais participativo

Participamos em 2018 de uma formação continuada de educadores sobre materiais pedagógicos acessíveis. A ideia de produzir materiais considerando o desenho universal para a aprendizagem nos encantou! A princípio, ficamos um pouco confusas, por se tratar de um novo desafio, com uma linguagem diferente do habitual. Porém, nosso grupo apresentou grande interesse pela possibilidade de criarmos algo novo como ferramenta de trabalho.

Acreditamos que todos os alunos têm direito à aprendizagem através de materiais diversificados que possam garantir a ampliação da visão de mundo e o significado dos conhecimentos e informações oferecidos pela escola, para que seja compreendido e utilizado com proficiência.

Desenvolvimento do material

Nossa turma do 3ª ano do Ciclo de Alfabetização da EMEF Desembargador Teodomiro Toledo Piza, em São Paulo (SP), tem alunos com idade entre 8 e 11 anos, incluindo um com hipótese diagnóstica de autismo e outros com dificuldades de aprendizagem. Observando o dia a dia da sala de aula, encontramos várias situações que oferecem barreiras a serem transpostas para que todos os estudantes tenham a mesma oportunidade de aprendizagem.

Dois estudantes jogam trilha dos seres vivos de frente um para o outro. À esquerda, aluno joga dado no tabuleiro, observado por outra estudante.

Dentre tantos conteúdos a serem trabalhados, escolhemos o tema “Seres Vivos”, por estar dentro da proposta pedagógica e também por se tratar de conhecimentos fundamentais para a formação de nossas alunas e alunos. Percebemos que alguns deles não conseguiam entender como nascem e crescem os seres vivos e nos questionamos se somente através da leitura e de imagens atingiríamos nossos objetivos.

Criamos, então, algumas situações diferenciadas de aprendizagem para que os alunos pudessem vivenciar experiências e aprender. As crianças, por exemplo, plantaram sementes e puderam observar o desenvolvimento das plantas na horta da escola.

+ Aprenda a fazer a Trilha dos seres vivos

Planejamento dentro do Currículo da Cidade

Para exemplificar e apresentar os conceitos de forma lúdica e desafiadora, resolvemos criar uma trilha dos seres vivos, envolvendo os componentes curriculares de Ciências, Geografia e Língua Portuguesa. Consideramos também o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que fala sobre “Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade”.

Imagem do tabuleiro da Trilha dos seres Vivos. Sobre o tabuleiro, há um dado, uma miniatura vermelha de um suricato e dois pinos (um branco e um azul). Fim da descrição.

Além disso, contemplamos os seguintes objetivos do Currículo da Cidade de São Paulo: reconhecer e identificar os animais de acordo com a classificação; levar os alunos a entender as características dos animais e a importância da biodiversidade; promover o entendimento de que existem diversos tipos de animais na natureza e que cada um tem seu papel importante para o equilíbrio ecológico; levar os alunos a investigar e explicar quais tipos de animais existem e como eles são classificados; promover a conscientização do cuidado e preservação do Meio Ambiente para uma vida sustentável; levar aos alunos a entender como os animais sobrevivem, do que se alimentam e em quais ambientes sobrevivem; promover através do lúdico e da leitura atividades em que os alunos possam identificar os animais, suas espécies e sua importância na natureza.

Veja como a Trilha dos seres vivos se articula com a Base Nacional Comum Curricular

Nosso plano de aula teve como principais estratégias:

  1. Roda de conversa sobre os animais: em grupos, estudantes devem registrar o que sabem sobre alguns animais; o professor distribui fichas onde cada grupo deve registrar o que sabe sobre mamíferos, répteis, aves, anfíbios e insetos.
  2. Vídeo sobre animais: habitat, alimentação e classificação.
  3. Revisão das escritas para verificar se podem acrescentar mais informações.
  4. Desenho de animais mencionados nas produções do grupo, dentro de seus habitats.
  5. Jogo de Trilha dos seres vivos para vivenciar os conhecimentos e aprendizagens de forma lúdica e divertida:

• Reunir os estudantes e passar as orientações gerais da atividade (10 min)
• Dividir os estudantes em grupos de até 3 pessoas (5 min)
• Apresentar o jogo e suas regras (5 min)
• Montar de forma colaborativa uma escala para o revezamento dos grupos (5 min)
• Eleger representantes dos grupos (2 min)
• Estabelecer período para 4 rodadas do jogo (10 min cada rodada)
• Encerrar e avaliar a aula (10 min)

Avaliação como processo de aprimoramento

O Material Pedagógico Acessível (MPA) teve que ser adaptado pelo grupo, porque não foi possível a colocação dos sinais luminosos e sonoros. Fizemos os números em relevo com E.V.A. para permitir aos alunos sentirem o formato dos numerais e utilizamos lantejoula para substituir a escrita em Braille. Tivemos que usar de muita criatividade para resolver os desafios tecnológicos durante a construção do MPA. Porém, ao final, atingimos os objetivos planejados.

Conheça outras experiências inspiradoras
+ Mediadora escolar inclui aluno com autismo sem partir do diagnóstico
+ Educação física e AEE se unem para incluir aluno com autismo em circuito motor

O envolvimento dos alunos foi maravilhoso! Houve grande participação, ampla aceitação e aprendizagem pelos estudantes. A gestão escolar deu amplo apoio para a produção do MPA, os outros professores da escola gostaram muito da proposta e os familiares também consideraram um trabalho criativo e importante para a mediação das aprendizagens.

Deixe um comentário