Diretor da Secretaria de Estado da Educação do Paraná reforça importância de ouvir e acolher educadores e estudantes durante suspensão das aulas presenciais
“Nenhum estudante é menos. Todos os estudantes são importantes, principalmente aqueles estudantes que mais precisam da educação pública e de qualidade.”
Diretor de educação, Roni Miranda afirma que é com essa premissa que a Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR) planeja ações escolares durante todo o ano. E também foi com a preocupação de um sistema que não deixe ninguém para trás que a Secretaria se destacou pelo acesso à educação durante a suspensão das aulas presenciais ocasionada pela pandemia da covid-19.
De acordo com o portal da Seed-PR, o sistema de ensino remoto “Aula Paraná” foi disponibilizado 15 dias após o decreto de fechamento das escolas no país. O sistema contempla três canais de TV aberta, um aplicativo e aulas virtuais pelo Google Meet e Google Classroom, com salas separadas por disciplina. Para Roni, foi imprescindível disponibilizar multicanais:
“Nosso estado é a quarta maior rede estadual do Brasil. Então, a gente tem uma heterogeneidade muito grande. Trabalhamos em várias frentes para trazer o máximo possível de profissionais e estudantes para o atendimento. Se você refinar, ficar só na TV, por exemplo, fica uma linha muito fraca de sustentação da educação.”
A rede forneceu internet a mais de um milhão de estudantes e cerca de 90 mil profissionais da educação para uso dos aplicativos. E as crianças e jovens sem acesso à dispositivos tecnológicos também puderam acompanhar as aulas gravadas pela televisão ou por meio de material impresso.
Dessa forma, estudantes recebiam diariamente, conforme grade de horário, uma série de videoaulas, o material utilizado na aula e dois exercícios por componente curricular.
Apoio ao corpo docente
Além do suporte às alunas e aos alunos, a secretaria disponibilizou o Canal do Professor, com webinários semanais de diversos conteúdos. Para Roni, o engajamento do corpo docente foi destaque na rede: em 2020, quase 20 mil professoras e professores participaram dos grupos de estudo.
Por conta de os educadores não estarem habituados a realizar aulas on-line, a Seed-PR iniciou um trabalho de capacitação e motivação para que eles tivessem contato com o ensino remoto e com algumas ferramentas e tecnologias em seu cotidiano. Dessa forma, a partir de fevereiro de 2021, se iniciaram as aulas síncronas, com participação dos estudantes, pois até esse momento eram disponibilizadas apenas aulas gravadas previamente.
O diretor afirma que, desde que o ensino à distância foi implementado no estado, os educadores também foram amparados por meio de escuta ativa, para que não houvesse angústia e ansiedade por estarem trabalhando um modelo em que não tinham experiência:
“A gente fez um trabalho muito de acolhimento, de roda de conversa. Trabalhamos com os diretores e pedagogos para ter um momento de escutar esses profissionais, acalmá-los e trabalhar com o suporte da formação. Era não só a secretaria apoiando os professores, mas os colegas entre si formando grupos e atuando para apoiar aqueles com mais dificuldade.”
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Contemplando estudantes no ensino remoto
Ao passo que uma das principais barreiras para a educação na pandemia foi a falta de acesso, Roni declara que todos os estudantes, independentemente de deficiência, puderam participar das aulas síncronas tendo acesso à internet.
Como desde o início da pandemia os estudantes com deficiência foram considerados no ensino remoto, ainda em abril do ano passado as videoaulas ofereceram recursos de acessibilidade, como Libras.
Além disso, a sala de recursos, que, no Paraná, possibilita o atendimento de estudantes com deficiência ou dificuldades de aprendizagem por um profissional especializado, continuou funcionando no contraturno do período regular. Angela Regina Nasser, chefe do departamento de educação especial, explica como os direitos dos estudantes público-alvo da educação especial foram assegurados:
“Na ocasião, foram elaboradas orientações pedagógicas específicas para os professores que atuam no Atendimento Educacional Especializado (AEE), considerando os documentos legais publicados relativos à continuidade do atendimento aos estudantes.”
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Segundo ela, a educação inclusiva ocorre a partir do momento em que a comunidade escolar reconhece esse estudante como membro da escola e se inicia o processo de trabalho colaborativo entre o professor do AEE e os professores da sala comum, bem como com a mediação da equipe pedagógica e gestora, o que foi mantido durante a pandemia.
Roni Miranda reforça a importância de garantir formas simples de acesso para criar oportunidades de participação plena a toda e todos: “O plano de ação foi construído em cima de ter o maior número possível de estudantes sendo contemplados com as frentes de atuação, com uma forma simples de acesso. Se você deixar o processo complexo, vai excluir muita gente.”
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Acolhimento no retorno às aulas presenciais
Em 2021, a secretaria preparou o retorno presencial gradativo a partir de 10 de maio. Após o recesso no meio do ano, a rede retornou com quase 100% das escolas estaduais, com exceção daquelas localizadas em municípios com decretos para a não abertura das escolas.
Com base nos protocolos da Organização Mundial de Saúde (OMS), a Secretaria da Saúde do Paraná fez uma resolução para reabertura das escolas públicas, com orientações como: cumprimento do distanciamento social; uso de máscara obrigatório em sala de aula; utilização de álcool em gel; checagem de temperatura de estudantes e profissionais de educação; e comunicação de caso suspeito para isolamento e direcionamento para a área da saúde.
Para o diretor de educação, o maior destaque do plano de retorno foi a criação de uma comissão de segurança dentro das escolas: “A comissão avalia cada cenário de possível contaminação e avalia a tomada de decisões, além de fiscalizar o cumprimento dos protocolos. A gente não compactua, por exemplo, com o estudante que não quer usar máscara. Em caso de não cumprimento, ele não vai ficar dentro da escola.”
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Além da saúde física de todos os envolvidos no ambiente escolar, a secretaria também se preocupou com a saúde mental do corpo docente e discente e preparou um material de apoio sobre acolhimento e diálogo:
“Foi o momento de cada um falar como foi esse momento de isolamento, se teve alguma situação de perda na família… A primeira semana foi muito de conversar, acolher, escutar os estudantes, para que eles colocassem suas emoções e como estavam se sentindo nesse momento, encaminhando para retornar, na medida do possível, àquela rotina de estudo que tínhamos até o início de 2020.”, afirma Roni.
Tecnologia e educação
Embora as aulas presenciais estejam retornando, a Secretaria do Paraná declara que o uso da tecnologia na educação, evidenciado no período da pandemia, deve continuar como um apoio às aulas.
Roni acredita que a tecnologia deu uma “virada de chave” dentro da educação, alavancando o sistema de ensino brasileiro: “Tudo aquilo que levamos duas, três décadas para desenvolver com nossos profissionais de educação, a gente avançou em um ano. Hoje nossos profissionais estão usando as plataformas, preparando aulas mais interativas… saiu aquela sala de aula que era só quadro, giz e professor lá na frente com livro.”
Contudo, é necessário esclarecer que, mesmo na escola do século 21, nada substitui o ambiente escolar, a presença do educador e os momentos de socialização entre o estudante e seus colegas, uma vez que “estar em sala cria toda uma atmosfera para aprendizagem, uma atmosfera de discussão, de reconhecimento em si”, explica Roni.
Pensando nisso, a metodologia de ensino híbrida, que integra educação à tecnologia, junto do trabalho colaborativo entre educadores e estudantes, pode garantir o desenvolvimento de todos, respeitando suas singularidades, como afirma o diretor de educação do Paraná: “É por meio da atuação da educação com o estudante que a gente vai transformar nossa sociedade, nosso país em um lugar melhor de se viver, com mais tolerância e mais respeito.”
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