Aos municípios do Mato Grosso do Sul, Maria Rosalina Gomes leva o projeto em busca de soluções para uma inclusão escolar efetiva
Desde 2019 é realizado o projeto “Transporte escolar para alunos com Deficiência”, com objetivo de criar políticas públicas para favorecer a inclusão. A ideia surgiu a partir de reflexões como: “O que eu posso fazer para ajudar os estudantes com deficiência em sua locomoção?”, “Como posso ajudar essas famílias?”.
Sou professora do ensino médio e do fundamental em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e, no meu percurso até a escola, eu encontrava algumas mães empurrando a cadeira de rodas ou segurando o filho pelo braço em um trajeto de sol escaldante ou em dias de chuva. Esse fato mexeu muito comigo.
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Diante dessa situação, fui em busca de soluções e percebi que o meu estado é muito precário nas políticas públicas de inclusão e de educação especial, se comparado a outros estados do território brasileiro.
Por meio de muitas pesquisas e leituras, descobri que no Estado de São Paulo existe a Lei 265/2010, proposta pelo atual Deputado Federal Baleia Rossi, que:
“Autoriza o Poder Executivo a oferecer gratuitamente, aos alunos portadores de necessidades especiais (nomenclatura da época) de sua rede de ensino fundamental, médio, superior e técnico, transporte adaptado às suas carências físicas no trajeto entre suas residências e as escolas que frequentam.”
Essa lei atende 645 municípios em todo o Estado e fornece veículos adaptados para que estudantes sejam acompanhados de monitores em todo percurso no trajeto casa-escola. Fiquei encantada e fui conhecer pessoalmente o projeto.
Retornei a Campo Grande com a certeza de que poderia fazer a diferença na vida de inúmeros estudantes com deficiência e suas famílias.
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Início do projeto
Em 2020, comecei minha luta em busca de parcerias, e para que os governantes me ouvissem. Foram muitas negativas, mas eu nunca desisti e continuei persistindo.
Um ano depois, em fevereiro de 2021, o vereador Ronilço Guerreiro, de Campo Grande, me pediu para apresentar a proposta e eu relatei tudo o que almejava conquistar pela inclusão com o projeto de transporte para estudantes com deficiência.
O vereador me ouviu atentamente e disse: “Esse projeto é fantástico. Vou apresentá-lo na Câmara Municipal”. Foi aí que eu vi uma ponta de esperança e tive certeza de estar no caminho certo.
Desde 2021, o projeto é lei em alguns municípios do Mato Grosso do Sul: Campo Grande, Bandeirantes, Bataguassu, Corguinho, Sidrolândia e Iguatemi.
A importância do transporte
Nessa caminhada, conheci inúmeras mães nas escolas municipais, estaduais e instituições de reabilitação e fisioterapia. A cada relato sobre as dificuldades diárias de locomoção até a escola, eu vejo a necessidade desse tipo de transporte ser disponibilizado em todo o estado, para que as pessoas com deficiência tenham dignidade, humanização e autonomia para transpor barreiras.
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Um exemplo disso é Ana Paula Silva, que sai todos os dias às 5h30 para acompanhar sua filha, Larissa, que possui deficiência visual, até a escola e aguarda até o término da aula, às 11h30, para retornar à sua casa.
O estudante João Pedro Maciel tem paralisia cerebral e faz o percurso até a escola com sua cadeira de rodas, enfrentando as intempéries do tempo, e relata as dificuldades para utilizar o transporte coletivo, pois muitos não são adaptados ou possuem espaço somente para um cadeirante e, em muitas viagens, o lugar já está ocupado, o que o faz esperar o próximo ônibus, que demora mais de 40 minutos a chegar.
Tendo esses e outros diversos casos em mente, permaneço na busca por parcerias, patrocínios e gestores públicos que tenham um olhar diferenciado e apoiem o acesso à educação de estudantes público-alvo da educação especial. Tenho a pretensão de que o transporte escolar para alunos com deficiência alcance todos os 79 municípios do Mato Grosso do Sul e, futuramente, todo o Brasil.