Trabalho colaborativo como ferramenta para inclusão escolar

Formação gratuita do IRM apresenta caminhos para a construção do planejamento pedagógico de forma colaborativa sob uma perspectiva inclusiva

É fato que a educação inclusiva tem avançado em todo mundo. No Brasil, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 8,4% das pessoas acima de 2 anos de idade tinham algum tipo de deficiência. Já de acordo com o Censo Escolar, em 2020, mais de 1,3 milhão de crianças e jovens com deficiência no Brasil estavam matriculados na Educação Básica, sendo 88% em turmas inclusivas.

Esse cenário era diferente há 15 anos, quando mais de 70% dos estudantes público-alvo da educação especial frequentavam salas e escolas exclusivas para esse público.

Essa mudança foi impulsionada pela Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009, apesar de a obrigatoriedade já constar na Constituição de 1988, que institui ser dever do Estado a universalização da Educação Básica, dos 4 aos 17 anos de idade, garantindo o direito de todas e todos à educação.

Isso significa dizer que não há restrições ao direito ao ensino básico, e nenhuma característica como, por exemplo, a deficiência pode ser impedimento à matrícula de qualquer pessoa na rede regular de ensino, pública ou privada.

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Trabalho colaborativo

Contudo, essa mudança no paradigma da educação no Brasil não tem sido suficiente para atender todas as necessidades de acessibilidade, visando a realização das atividades pedagógicas de forma inclusiva.

É nesse contexto que a proposta do trabalho colaborativo se apresenta como uma ferramenta importante, criando condições para uma maior aproximação entre o estudante, o profissional do Atendimento Educacional Especializado (AEE), o professor da sala comum, a família e toda a comunidade escolar, incluindo a equipe pedagógica, administrativa e de infraestrutura.

Criar uma escola inclusiva demanda a participação de todas as pessoas do coletivo escolar, desde o planejamento até a implementação das ações, avaliando coletivamente os resultados e propondo novas estratégias, quando necessário.

O ponto principal para dar início às ações em conjunto no desenvolvimento de propostas pedagógicas é o planejamento, em que são definidos os objetivos, assim como as estratégias que serão desenvolvidas para alcançar os resultados esperados.

Em uma proposta de trabalho colaborativo sob uma perspectiva da educação inclusiva todo mundo participa e está envolvido desde a etapa inicial. Essa é a diferença entre um trabalho colaborativo e um trabalho cooperativo, em que toda a equipe escolar coopera com o projeto, sem de fato participar dele desde o planejamento até a avaliação.

Existem alguns modelos metodológicos para o trabalho colaborativo, e por isso é preciso selecionar o que melhor dê conta de atender as necessidades da escola para o que se pretende implementar, considerando a realidade existente em cada território. No entanto, qualquer que seja o modelo escolhido, é fundamental:

  •     Propor estratégias para engajar o coletivo escolar na cooperação com o projeto em andamento;
  •     Incluir todo o coletivo escolar no planejamento das ações, determinando o papel e a função de cada um no processo;
  •     Fortalecer a gestão democrática;
  •     Definir os instrumentos de planejamento, registro, acompanhamento e avaliação do projeto;
  •     Levantar os pontos críticos e definir soluções e encaminhamentos;
  •     Organizar formas de articulação entre o coletivo escolar;
  •     Identificar possibilidades de mediação de conflitos;
  •     Viabilizar os recursos necessários para as atividades propostas;
  •     Oferecer formação continuada aos profissionais envolvidos no processo;
  •     Acompanhar e compartilhar os resultados das ações com todas as pessoas do coletivo.

É nesse sentido que a equipe escolar passa a constituir, verdadeiramente, o coletivo. Para isso, é preciso rever as práticas cotidianas, buscando valorizar as ações de cada um como um ponto importante na trajetória do desenvolvimento do protagonismo do estudante, tenha ele deficiência ou não.

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Para que o trabalho colaborativo seja eficiente, todos precisam estar alinhados com os objetivos e definir suas formas de atuar, de acordo com o seu papel no território.

O currículo escolar deve ter a marca da colaboração heterogênea, desde o Projeto Político-Pedagógico (PPP) até o detalhamento das ações cotidianas, passando pelas práticas de uma gestão democrática.

Em síntese, somente com o envolvimento da equipe escolar é que o trabalho colaborativo passa a fazer parte da identidade da escola inclusiva.

Formação gratuita de trabalho colaborativo

A fim de favorecer a criação de estratégias pedagógicas que envolvam todo o coletivo escolar, o Instituto Rodrigo Mendes (IRM), em parceria com a Fundação Lemann, lançou a formação gratuita e a distância (EAD) “Trabalho colaborativo”.

O curso possui 8 horas de duração e está dividido em cinco módulos, com videoaulas, exercícios e textos dinâmicos, que propõem um diálogo ativo com cada cursista.

São muitas as contribuições que esse curso oferece para toda a comunidade escolar, mas, sobretudo, ele se destaca por apresentar caminhos possíveis para a construção do planejamento pedagógico sob uma perspectiva diversa e inclusiva.

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Referências

DAMIANI, Magda Floriani – Entendendo o trabalho colaborativo em educação e revelando seus benefícios. Educar em Revista, Volume: 38, Publicado: 2022. Acesso em 21/09/2022.


Camila Aguiar é analista da área de Formação do Instituto Rodrigo Mendes, Bacharel em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia de São Paulo. 

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