Escola em Rondônia valoriza a natureza e tradições locais

Objetivo da iniciativa é sensibilizar o olhar para o ensino da arte e cultura da região de Ariquemes, cidade em meio à floresta amazônica, em Rondônia

A EMEIEF Chapeuzinho Vermelho está localizada na cidade de Ariquemes, em meio à floresta amazônica, no interior de Rondônia, região Norte do país. A escola atende crianças da educação infantil e do ensino fundamental, tendo 21 estudantes público-alvo da educação especial.

Em 2020, devido à pandemia de covid-19, tivemos que nos adaptar ao ensino remoto, conforme orientação das autoridades de saúde. Com a nova realidade, o planejamento foi criado em consonância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), utilizando as modalidades organizativas para elaboração da rotina.

Outro fator base foi a concepção de que a escola tem o dever de promover uma educação inclusiva, ou seja, desenvolver estratégias pedagógicas que atendam às diferentes necessidades, ritmos de aprendizagens e desenvolvimento de todos os estudantes.

Planejamento e projeto inclusivo

A coordenação pedagógica oportunizou momentos de discussões e reflexões sobre o processo de ensino-aprendizagem, tendo como subsídio a observação dos documentos norteadores de cada modalidade atendida. O planejamento foi elaborado de maneira coletiva, onde professores de sala de aula comum, professora do Atendimento Educacional Especializado (AEE) e coordenação pensaram em ações para garantir a plena participação e desenvolvimento de cada um.

Nesse sentido, entre algumas práticas pedagógicas inovadoras, destacamos o projeto didático “Arte: riquezas da nossa região”, que teve objetivo de sensibilizar o olhar crítico para o ensino da arte e para a cultura da região, tendo como produto final livros digitais com as obras dos estudantes.

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O projeto interdisciplinar visa valorizar o nosso território, em especial a nossa natureza e a arte local. Por conta do ensino a distância, a maior preocupação era contemplar todos os estudantes, principalmente aqueles sem acesso à internet. Para isso, além das ferramentas tecnológicas, como o Google Meets e o WhatApp, disponibilizamos material impresso com todas as orientações de como realizar cada atividade.

Parceria com a comunidade

A comunidade escolar foi envolvida no projeto ajudando as crianças em cada etapa das atividades. A família foi fundamental para realização por possibilitar os estudantes a andarem pela cidade, seguindo os protocolos de saúde, a fim de conhecer mais sobre a natureza e coletar materiais naturais que seriam utilizados posteriormente. Além da coleta dos materiais, como sementes de árvores antigas, as alunas e os alunos conheceram sobre a história e a importância desses recursos para a população local por meio de pesquisa e troca de informações.

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Em entrevistas on-line, artistas locais que utilizam recursos naturais, como argila, sementes e castanhas, contaram a história de seus trabalhos, a sua importância e como são feitos os materiais produzidos, os quais os estudantes reproduziram em seguida. Outra importante parceria foi com a Universidade Federal de Rondônia (UNIR), que nos possibilitou ampliar os conhecimentos sobre a nossa região e fortalecer o vínculo com a comunidade.

Estudante uniformizado utiliza celular para tirar foto de uma flor e uma árvore. Fim da descrição.
Foto: Lucimar Borba de Lima Fonte: arquivo pessoal

A contribuição de todas e todos foi fundamental para que as crianças fossem ouvidas e valorizadas, como também no momento de criar, se expressar, demonstrar suas habilidades, emoções e opiniões, oportunizando aprendizados, proporcionando uma mediação material, cultural e afetiva e promovendo trocas sociais e novas possibilidades de ações e políticas, mesmo de modo remoto.

Inserção de recursos digitais

Durante esse período de pandemia, o uso da tecnologia foi inserido em todo o contexto escolar. O corpo docente teve que reinventar estratégias e metodologias diferenciadas e os estudantes, assim como os professores, aprenderam a utilizar alguns recursos, como videoconferência no WhatsApp, ou no Meets, no intuito de estarem conectados para realização de reuniões com os familiares, avaliações, planejamento, cursos de formação continuada, entre outros.

Para as crianças, a tecnologia serviu para fazer a gravação de ações realizadas em casa e enviar aos professores. Os que não tiveram acesso à internet eram acompanhados pelas apostilas e contatos assíncronos.

Ao fim do projeto, utilizamos a tecnologia para criar livros digitais com o objetivo de expandir e documentar a produção artística das crianças, compartilhando com toda a comunidade os resultados do trabalho.

Contribuição do projeto

Acreditamos que o ensino de arte precisa ser mais valorizado no âmbito da escola, possibilitando reflexões, debates, oportunizando o protagonismo estudantil e valorizando a cultura local, que é riquíssima.

Em nosso projeto, os estudantes conheceram um pouco da nossa floresta e a cultura da região, favorecendo o olhar artístico e expressando sentimentos por meio de suas obras de arte. O olhar crítico, sensível em relação à fotografia e à escultura, a sensibilidade e sua intenção criadora e o aumento do repertório cultural e artístico foram outros grandes resultados, sendo possível que as crianças criassem suas obras de artes independentemente de suas diferenças.

Materiais em argila produzidos pelos estudantes estão sob à mesa. Entre eles há panela, animais locais e demais objetos da típicos da região amazônica. Fim da descrição.
Foto: Lucimar Borba de Lima Fonte: arquivo pessoal

Aprendemos que os processos de aprendizagem acontecem a partir das vivências e experiências. O resultado foi surpreendente, pois houve grande participação da família e a interação social nesse momento pandêmico, proporcionando trocas culturais e uma imersão no ambiente da arte, despertando criatividade, originalidade e beleza.

Ao relacionar a cultura da região com o ensino, o projeto contribuiu para perceber que a presença da arte é importante para que as pessoas conheçam sua origem, história e também façam valer seu propósito de vida. Isto é, aproveitem o poder que ela tem sobre seus sentimentos, sensações e expressões, colaborando, assim, com seu território, sua comunidade, sua cidade, estado e país.

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A EMEIEF Chapeuzinho Vermelho foi uma das dez vencedoras do Prêmio Territórios de 2021 com o projeto “Arte: riquezas da nossa região”.

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