Sou professora do atendimento educacional especializado (AEE) da Escola Municipal Anton Dworsak, localizada em Duque de Caxias (RJ). Na sala de recursos multifuncionais (SRM), trabalho com estudantes individualmente ou em grupo. Já na sala de aula comum, eu os apoio nas dinâmicas realizadas em suas turmas. Um dos nossos principais desafios é oferecer os conteúdos de acordo com o ano escolar em que as crianças estão de uma forma que seja atrativa e acessível. Outra dificuldade é produzir recursos que apoiem e qualifiquem essa aprendizagem com o pouco material que temos disponível.
Nesse sentido, escolhemos desenvolver uma maquete dos Sistemas digestório e respiratório, um material pedagógico acessível muito fácil de ser produzido. Acreditamos que o recurso seria uma grande atração para os estudantes pela interação que ele propõe. Além disso, eu já estava trabalhando um livro sobre o corpo humano na sala de recursos. Foi ótimo levar o material para a turma e desenvolver a atividade com a participação do Igor, aluno com autismo de uma das turmas de 3º ano do ensino fundamental. A experiência foi realizada em colaboração com a docente regular da classe, Jupira Rosa Maia.
O manuseio da maquete
O modelo dos Sistemas digestório e respiratório foi construído com papelão. Os órgãos foram identificados com papéis coloridos. Na base do material, fixamos dois conjuntos de seringas e sondas preenchidos com líquidos coloridos, representando os caminhos percorridos pelo alimento e pelo ar nos respectivos sistemas.
+ Saiba como construir o modelo dos Sistemas digestório e respiratório
As crianças gostaram muito de manusear a maquete. Esse é o tipo de experiência que acontece pouco pela falta de um laboratório de ciências na escola. Foi surpreendente ouvir o que os estudantes já conheciam sobre o tema e os estimulamos a trazer conceitos e informações do cotidiano. Foi muito interessante ver o Igor participando com o grupo. Os colegas levaram o material pedagógico até ele e o apoiaram na experiência.
Interação e interdisciplinaridade
Mesmo com a coordenação motora fina em desenvolvimento, o garoto manuseou a maquete com muita facilidade. Mostrei o material para a turma e deixei alguns alunos experimentarem antes dele, para que ele visse como era o movimento e o mecanismo. Ele ficou bem curioso e as outras crianças ajudaram-no segurando o boneco enquanto ele usava as seringas. Foi bem interessante ver o cuidado dele com o material. Ele fez um esforço grande para manter o controle motor e interagiu com os colegas sem que eu ou a outra professora tivéssemos que ajudar.
Durante a experiência, trabalhamos língua portuguesa e ciências e discutimos temáticas adicionais, tais como alimentação saudável e cuidados com a saúde. Numa próxima oportunidade, minha ideia é construir o modelo junto com os alunos. Já estou planejando um projeto para no próximo ano construirmos uma maquete com a representação de todos os órgãos.