Jovens debatem alimentação saudável em clube de cinema

Proposta visa o enfrentamento à insegurança alimentar que muitos dos estudantes vivem e que se agravou durante a pandemia de covid-19

O Colégio Estadual Maria do Carmo Lima fica no bairro Jardim Brasília, na cidade de Águas Lindas de Goiás, no estado de Goiás, no limite com o Distrito Federal. Oferece os anos finais do ensino fundamental e o ensino médio a aproximadamente 1.950 estudantes. Possui uma sala destinada à oferta de Atendimento Educacional Especializado (AEE) a estudantes público-alvo da educação especial na perspectiva da educação inclusiva. 

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 O profissional de AEE, demais profissionais de apoio e professoras atuam de forma alinhada no planejamento  das atividades e na atuação em sala comum para incentivar a participação, o aprendizado e a interação entre todos os estudantes. 

O projeto Cine EducAlimentação surgiu em fevereiro de 2022, nas turmas de 9º ano, em conversas com as alunas e os alunos, a partir da minha observação de um cenário de insegurança alimentar e extrema vulnerabilidade social agravado após a pandemia. 

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 A ideia era construir algo diferente e coletivo com os estudantes, que trabalhasse assuntos mais complexos relacionados à alimentação, abordando políticas públicas, o papel do estado e as relações dos meios rural e urbano, para responder ao interesse deles sobre a merenda escolar. 

Linguagem audiovisual como ferramenta pedagógica

O projeto se tratava de um cineclube mensal com atividades e alimentação. Então, uma vez por mês apresentávamos uma sessão de cinema, seguida de debates com pessoas da comunidade escolar convidadas e a oferta de um lanche saudável na escola. Os temas discutidos eram relacionados a fome, agricultura, trabalho, entre outros. 

Em uma sessão, convidamos um representante da Cooperativa mista dos produtores de agricultura familiar (Compaf) para conversar com os estudantes sobre a produção de alimentos. Em outra, apresentamos o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e discutimos sobre nutrição. 

O projeto se baseou no estabelecimento de parcerias com comerciantes e produtores locais, escuta ativa e envolvimento da comunidade escolar, discussão de políticas públicas e elaboração de estratégias pedagógicas inovadoras, como o uso de produções audiovisuais. 

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Escuta e respeito às limitações 

Em uma das classes participantes, tínhamos um estudante autista. Como o cineclube é uma atividade que envolve questões de iluminação e volume sonoro diferenciado em um ambiente fechado, o jovem precisava estar se sentindo confortável para participar em sala.  

Sempre perguntávamos primeiramente como ele estava, como ele estava chegando para aquele momento de atividade… era nossa rotina para socializar. Quando não estava à vontade, o mesmo tinha a opção de assistir aos vídeos/materiais audiovisuais em casa, respeitando a limitação da interação. Nessas situações, sempre procurava conversar depois sobre como foi a experiência dele. 

Outra questão sensível ao estudante era a alimentação. Ele não fazia refeições na unidade escolar, sempre comia em casa. No entanto, após as sessões de cinema, os colegas costumavam o convidar para o momento do lanche, mesmo sabendo da negativa, como uma forma de mostrar abertura e chamado para esse momento. O que fazíamos era sempre apresentar o que estava sendo servido como cardápio do lanche, o caráter nutritivo dos alimentos, respeitando as regras de uma merenda escolar, com muitas frutas e sucos naturais, alimentos preparados de forma caseira e não industrializada, para que mesmo sem comer ele tivesse a experiência com os alimentos e com os colegas. 


 O Colégio Estadual Maria do Carmo Lima foi uma das escolas premiadas na edição de 2022 do Prêmio Territórios. 

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