Meu nome é Dianne Chambers, sou educadora há 25 anos no ensino superior e atualmente coordeno cursos e faço formação de educação inclusiva na Universidade Notre Dame, na Austrália.
Ao longo da minha carreira tenho trabalhado em formações com educadores ainda na graduação ou em serviço a fim de melhorar a inclusão de estudantes com deficiência em salas de aula. Além disso, tenho me envolvido em pesquisas e iniciativas internacionais sobre o tema. Entre elas estão iniciativas com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Zero Project e com educadores do Sudeste Asiático (Filipinas, Índia, Nepal, Sri Lanka, Camboja).
Por conta disso, já tenho publicações nas áreas de educação inclusiva; tecnologia assistiva; ensino aberto e a distância; aprendizagem por experiência; e sobre professores assistentes.
Formação sobre Recursos Educacionais Abertos Inclusivos
Em uma das recentes iniciativas internacionais com a Unesco, tive uma experiência para auxiliar educadores no ensino a distância aos estudantes com deficiência. Essa iniciativa ocorreu com professores universitários de uma instituição pública na Malásia.
Um dos fatores determinantes para o desenvolvimento do conteúdo foi o lançamento de uma política inovadora na Malásia sobre Recursos Educacionais Abertos Inclusivos. Uma delas é a Recomendação sobre Recursos Educacionais Abertos da UNESCO (2019). Outra política são as Diretrizes sobre a Inclusão de Pessoas com Deficiência no Ensino Aberto e a Distância (2016).
Os Recursos Educacionais Abertos (REA) são quaisquer tipo de material educacional que sejam de domínio público ou introduzidos com uma licença aberta. Em síntese, é um conceito colaborativo no qual os educadores, ao criarem seus materiais, permitem o acesso, uso, adaptação e redistribuição gratuita por terceiros, sem restrição ou com poucas restrições. Os materiais podem variar de livros didáticos a currículos, programas, notas de aula, tarefas, testes, projetos, áudio, vídeo e animação.
Na experiência, o nosso foco era desenvolver o conhecimento dos professores universitários para acomodar as necessidades de todos os estudantes com deficiência no ensino remoto. Ou seja, os materiais abertos deveriam eliminar barreiras, como de comunicação, ao terem legendas, audiodescrição, interpretação em língua de sinais e descrição de imagem.
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Desenvolvimento e resultados
Uma variedade de recursos pedagógicos foi introduzida para treinar os educadores no uso de REAs inclusivos, entre discussão, apresentação, vídeo e tarefas a serem concluídas.
Ao todo, foram 10 professores malaios participantes da formação. Ao término da experiência, eles tiveram o desafio de desenvolver materiais ou conteúdos com código aberto, de acordo com seus respectivos cursos, com os devidos recursos de acessibilidade.
A formação utilizou uma variedade de recursos gratuitos e de código aberto, bem como recursos que desenvolvi para essa experiência. Diversas páginas na internet possibilitam acessar conteúdos de código aberto, tais como o BCCampus e o REA Commons.
Os resultados alcançados incluíram principalmente a compreensão demonstrada pelos educadores sobre os REAs e o compartilhamento dos materiais criados em um repositório aberto. Além disso, os educadores relataram que a formação os ajudou a entender as necessidades e as singularidades dos educandos e também como esse novo conhecimento permeou todas as suas atividades de ensino e aprendizagem.
Este relato de experiência foi apresentado na “International Community on Inclusive Education”, uma rede internacional em prol da educação inclusiva, fundada pelo Instituto Rodrigo Mendes (Brasil) e pelo Zero Project (Áustria). A iniciativa conta com especialistas de diversos países e tem como propósito referendar como os novos recursos e tecnologias educacionais digitais podem melhorar a inclusão de estudantes com deficiência nas escolas comuns.
Daiane Chambers é professora associada da Universidade de Notre Dame na Austrália
