A Escola Municipal Ascendino Henriques de Almeida Júnior está localizada em um bairro periférico da cidade de Natal (RN) e atende 684 estudantes do ensino fundamental I nos turnos matutino e vespertino. A unidade conta com uma sala de recursos multifuncionais (SRM), onde uma professora realiza o atendimento educacional especializado (AEE) para 21 alunos. Como a docente trabalha nos dois turnos está em contato constante com os educadores da sala comum. Em 2014, acrescentamos ações sobre AEE e educação inclusiva ao projeto político-pedagógico (PPP), que estão aos poucos sendo concretizadas. Como parte dessas iniciativas, realizamos um projeto de confecção de brinquedos antigos com material reciclável para promover o desenvolvimento sócio-afetivo e motor das crianças.
As atividades foram desenvolvidas pelas professoras Geysa Martins Freire do AEE; Minervina Gomes, da sala comum e Sueli Caldas, de educação física com a turma de 4º ano do estudante Pedro, de 14 anos. O garoto é autista, não foi alfabetizado e encontra dificuldades para participar da rotina escolar. Sua turma é bem mais nova e é composta por alunos entre 9 e 10 anos.
Pesquisa e coleta de materiais
Nossa primeira ação foi apresentar a proposta para as crianças. Nessa conversa inicial, destacamos o princípio inclusivo da iniciativa e pedimos que elas apresentassem sugestões de como poderíamos garantir que Pedro participasse de todas as atividades. A turma foi extremamente receptiva e colaborativa.
Em seguida, partimos para a etapa de pesquisa. Elaboramos um questionário de perguntas e os estudantes entrevistaram seus familiares sobre os brinquedos que costumavam usar na infância. Os resultados foram apresentados oralmente durante a aula de educação física. Na sua vez, Pedro segurou um cartaz contendo as respostas que obteve com sua mãe e um colega fez a leitura para o grupo.
Para confeccionar os brinquedos, mobilizamos a escola para arrecadar materiais recicláveis. Muita gente trouxe garrafas PET e latas. A equipe gestora disponibilizou cordões, colas e os papéis específicos. Toda comunidade se envolveu nessa etapa e foi co-participante do projeto.
Confecção e manuseio dos brinquedos
Quatro brinquedos foram escolhidos para a confecção – bilboquê, vai-e-vém, barangandã e roladeira. Os alunos ficaram muito interessados e envolvidos na montagem das peças. Aqueles que tinham dificuldades de cortar, medir e encaixar foram auxiliados por colegas e professores. Durante o manuseio lúdico das criações, exploramos as diversas formas do brincar e incentivamos a criatividade e cooperação entre as crianças.
Os brinquedos foram apresentados em uma exposição aberta para toda comunidade escolar. A turma do 4º ano se sentiu bastante valorizada com o reconhecimento e feliz com o fato de Pedro ter participado ativamente de todo o processo. Os estudantes das outras turmas sugeriram que os brinquedos fossem colocados à disposição para a brincadeira todos os dias durante o intervalo e que o projeto fizesse parte das ações contínuas das disciplinas de educação física e arte.
Algumas vezes foi difícil envolver o aluno autista nas atividades, especialmente nas de corte e encaixe de peças, quando ele demonstrava maior frustração. Nessas ocasiões, os colegas o auxiliavam naquilo que ele não conseguia fazer sozinho. De modo geral, a turma foi bastante sensível e acolhedora, ajudando-o em suas dificuldades motoras e de comunicação. Mesmo com essas barreiras, Pedro participou e se envolveu com entusiasmo no projeto e acreditamos que o objetivo de incluí-lo nas aulas de educação física por meio de estratégias pedagógicas simples, acessíveis e lúdicas foi alcançado. Pretendemos acrescentar a iniciativa no projeto político pedagógico (PPP) da Escola Municipal Ascendino Henriques de Almeida no próximo ano. Queremos que os materiais sejam utilizados na hora do intervalo e em oficinas em outras disciplinas.
Projeto participante do Portas Abertas para a Inclusão 2015.