Finalistas de premiação se destacam com projetos inclusivos
Por Juliana Delgado
Experiências que eliminam barreiras ao aprendizado fazem parte dos 50 finalistas do Prêmio Educador Nota 10
Cinquenta projetos de educadores e gestores de todo o Brasil foram escolhidos como finalistas do Prêmio Educador Nota 10 deste ano. Muitos deles apresentaram estratégias acessíveis, garantindo que estudantes com e sem deficiência participassem de todas as etapas do projeto e promovendo equidade e inclusão no ambiente escolar.
O DIVERSA selecionou alguns dos trabalhos dos finalistas que impactaram escolas e eliminaram barreiras à participação de todas e todos. Conheça os projetos:

Autonomia e participação ativa de estudantes
Projetos desenvolvidos por educadores das disciplinas de educação física, arte e ciências naturais evidenciam que aulas de todos os componentes curriculares podem ser acessíveis a todos.
Em uma escola na Bahia, a professora Patrícia Schettine realizou o projeto “Conquista frisbee: discos que voam nos céus da Bahia”. O objetivo foi fazer com que os estudantes ampliassem sua cultura corporal para além do futebol e da queimada, apresentando o frisbee aos estudantes.
A educadora também proporcionou aos alunos o reconhecimento das aulas de educação física e das práticas esportivas como um espaço de inclusão, respeito à diversidade e participação ativa. Para isso, envolveu nas atividades aspectos de gênero e desenvolveu protagonismo, autonomia e valorização dos espaços escolares e da comunidade.
Por sua vez, o professor Marcelo Inocêncio Pereira da Costa criou o projeto “Exercendo a autonomia para um estilo de vida ativo”, onde os próprios estudantes foram os responsáveis pela escolha dos esportes a serem realizados.

Os estudantes com e sem deficiência da escola, localizada no Paraná, buscaram modalidades que contemplavam as especificidades de todos, garantindo que ninguém ficasse de fora das atividades e desenvolvesse suas potencialidades em condições de equidade. Como iniciativa dos alunos que se interessaram em aprender mais sobre acessibilidade no esporte, associações, clubes e outras instituições foram contatadas para orientar o trabalho com esportes adaptados.
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Trabalhando com crianças do ensino fundamental I, o educador Hamilton Gonçalves Barbosa, de Minas Gerais, também contou com a colaboração de importantes participantes da comunidade escolar: os estudantes e seus familiares.
Para trabalhar a quebra de estereótipos enraizados no futebol, Hamilton iniciou o projeto “Enfrentando o machismo e o preconceito na participação do futebol”. Além de reflexões acerca do direito à participação de todos no campo, por meio de atividades produzidas pelas alunas e pelos alunos, o professor garantiu a atuação de todos. Para isso, foram realizadas variações do esporte já muito conhecido e, desta forma, eliminou barreiras que poderiam fazer com que a educação física não fosse inclusiva.
Experiências de protagonismo estudantil
Assim como Marcelo, Patrícia e Hamilton, a educadora Marina Cadete da Penha Dias, do Espírito Santo, promoveu a participação ativa dos estudantes com o projeto “Do LarBoratório”. Professora da disciplina de ciências naturais, Marina trabalhou a presença das mulheres na ciência e permitiu que os estudantes refletissem sobre os papéis sociais de gênero.
O projeto também proporcionou o estudo da ciência como construção humana e dependente de contextos culturais e históricos. Por meio de rodas de conversa, a fala dos alunos e alunas foi valorizada, permitindo que o trabalho fosse desenvolvido de maneira dialogada entre estudantes e professora em todas as etapas.
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A exemplo dos trabalhos anteriores, os estudantes participantes do projeto “A rede é nossa”, realizado em São Paulo, vivenciaram experiências onde puderam ser protagonistas. A professora Mayara Fiorito Faraco garantiu que eles enxergassem a produção artística contemporânea como fruto da participação de cada um.
Ao notar a necessidade de trabalhar a coletividade com a turma, conseguiu gerar propostas de sua disciplina com o desafio de pensar, criar e vivenciar a arte no coletivo. As várias produções coletivas feitas a partir de vivências criadas pela artista Lygia Clark (como a rede colorida de elástico feita pelos alunos de sua turma) – viraram proposição para ser vivenciada com colegas de outras séries.
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Respeito pela diversidade e valorização cultural
Um ótimo exemplo de respeito à cultura e à diversidade é o trabalho “A música como instrumento inclusivo no ensino da língua inglesa”, da educadora Luana Camila de Souza Lima, do Amazonas. Como a escola onde trabalha recebe estudantes imigrantes do Haiti e da Venezuela, Luana incluiu no repertório músicas em espanhol e francês crioulo com objetivo de viabilizar a educação inclusiva.
A educadora também abriu rodas de conversas para que as crianças estrangeiras pudessem falar sobre suas famílias, cultura e língua. Também trouxe para o ambiente escolar um imigrante haitiano, familiares de alunos, para ensinar crioulo para a equipe e gerar reflexão sobre a cultura de seu país.
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Já a professora Fabíola Siqueira Pinto colocou em prática a valorização cultural com um projeto de história com estudantes de uma escola em Pernambuco. O objetivo foi compreender a importância dos registros históricos; relacionar passado e presente, identificando mudanças e permanências entre períodos históricos; e valorizar um dos legados históricos da cidade, o Forte das Cinco Pontas.
As atividades do “Projeto Forte das Cinco Pontas” foram pensadas em consonância com as orientações da professora do Atendimento Educacional Especializado (AEE) e houve flexibilização do currículo para que barreiras fossem eliminadas e proporcionassem a todos os estudantes diferentes métodos de aprendizado.

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Embora em contraste de disciplinas e regiões do país, o trabalho “Arte presente”, realizado em São Paulo pela educadora Andrea Mendes Avona, também objetivou o aprendizado de contextos históricos, sociais e culturais e o entendimento da produção artística, remota e contemporânea, como registro do homem e do seu tempo.
As experiências possibilitaram a ampliação de conhecimentos e desenvolveu o potencial criativo e crítico de cada estudante, respeitando a diversidade de respostas artísticas e a valorização pela escolha dos alunos na maneira de se expressarem. Andrea buscou atividades que proporcionassem a mesma oportunidade de participação de todos os estudantes e as aulas contaram ainda com intérpretes de Libras.
Benefícios do trabalho colaborativo
Em diversos lugares do Brasil, foram elaborados por educadores, estudantes e familiares projetos que exemplificam os benefícios do trabalho colaborativo para construção de ambientes escolares inclusivos.
É o caso da educadora Michelle Mariano Mendonça, de São Paulo, que conseguiu envolver parcerias no projeto “Quando as sementes e os bichos falam?”. Michelle contou com parceiros externos à escola na realização do trabalho e contou com as famílias dos estudantes para gerar oportunidades de desenvolvimento do potencial de sua turma de educação infantil, que contava com estudantes com e sem deficiência.
Além de permitir que as crianças convivam e brinquem ao ar livre, a professora realizou a escuta das crianças e disponibilizou um espaço para a elaboração de perguntas e prática do pensamento de cada uma.
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Igualmente com estudantes de educação infantil e uma relação estreita com as famílias dos estudantes, Priscila de Freitas Machado, do Tocantins, garantiu que o trabalho realizado pelo “Brincadiquê” fosse muito além da brincadeira.
A educadora abriu espaços para que as crianças participassem da construção de seu cotidiano, escolhendo as atividades que fossem praticar e descentralizou a gestão da sala da pessoa da professora. Priscila organizou os ambientes de forma diversificada e respeitou as singularidades das crianças, elaborando propostas inclusivas para que todos participassem e explicou: “se toda criança brinca, não há por que alguma criança ficar de fora”.
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