Atendimento educacional especializado (AEE) e sala comum: trabalho colaborativo para a inclusão
Quem cria as estratégias para ensinar um estudante com autismo: o professor de sala ou o profissional do atendimento educacional especializado (AEE)? Quem adequa as atividades de um aluno com deficiência intelectual? E na hora da avaliação: quem atribui nota? Nem um, nem outro, e sim os dois. Nesses casos, a responsabilidade pelo planejamento pedagógico é tanto do professor de sala quanto do docente da sala de recursos multifuncionais (SRM). Os dois devem contar com o apoio da coordenação pedagógica nesse processo.
Entenda abaixo por que a colaboração é condição fundamental para o serviço de apoio, saiba o que os especialistas dizem, veja exemplos de práticas reais de trabalho colaborativo entre o serviço de apoio e a sala regular e confira as principais dúvidas e respostas sobre o tema.
O papel do AEE
O atendimento educacional especializado foi estabelecido pela Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva, em 2008. Dez anos depois, tanto o documento quanto o serviço de apoio são reconhecidos como conquistas fundamentais para a garantia de educação para todos. A Política assegura a matrícula das pessoas com deficiência na escola comum e estabelece diretrizes para a criação de políticas públicas e práticas pedagógicas voltadas à inclusão escolar. Além disso, reformula o papel da educação especial, que passa a integrar a proposta pedagógica da escola por meio do AEE.
O principal objetivo desse serviço de apoio é identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade com foco na eliminação das barreiras para a plena participação dos estudantes com deficiência, transtorno do espectro autista (TEA) e altas habilidades/superdotação, em prol da autonomia e independência na escola e fora dela. E trabalhar cooperativamente é condição fundamental para que o AEE cumpra sua função. Do contrário, ele perde o sentido.
Dizer que a educação especial é transversal significa assumir a necessidade da construção de uma cultura educacional inclusiva, na qual todos participam do processo educativo com o objetivo comum de não deixar ninguém para traz.
O que você precisa saber
Nos artigos abaixo, especialistas destacam a importância da colaboração como premissa para que a educação inclusiva se efetive na prática. Veja:
+ Atendimento educacional especializado: pressupostos e desafios
+ O papel do diretor na valorização das diferenças e inclusão de todos
+ O papel da escola quando há hipótese de diagnóstico de deficiência
+ O projeto político-pedagógico (PPP) e o atendimento educacional especializado na perspectiva inclusiva
+ O que fazer quando não há AEE na escola?
Exemplos de colaboração
Na educação inclusiva, todos têm direito ao mesmo currículo e ao mesmo conjunto de saberes. Por isso, o responsável por todos os estudantes, com ou sem deficiência, é quem faz o planejamento para todo o grupo: o professor regente da sala comum. Mas essa tarefa pode – e deve – ser compartilhada. Quando o docente da sala de recursos participa, ele tem a oportunidade de propor atividades ao colega da sala comum considerando os interesses e as necessidades de cada aluno com deficiência, identificar possíveis barreiras à aprendizagem desses estudantes e apontar estratégias para que eles tenham as mesmas oportunidades que toda a turma.
Confira histórias de educadores que apostaram nesse trabalho colaborativo:
Educação física e AEE se unem para incluir aluno com autismo em circuito motor
Em Curitiba (PR), professoras ajudam garoto a vencer barreira do isolamento ao criar atividades motoras e corridas de revezamento para turma do 4º ano do ensino fundamental.
Docentes da sala comum e da sala de recursos multifuncionais se unem para desenvolver estratégias a partir de interesses de adolescente com autismo.
Construção coletiva de plano de trabalho de AEE na educação infantil
Equipe gestora e professoras da sala de recursos multifuncionais e da sala regular se unem para reformular objetivos de plano de trabalho de garoto com transtorno do espectro autista (TEA).
O caso da escola Donícia Maria da Costa
Docentes do AEE de unidade de ensino fundamental de Florianópolis (SC) apostam na construção de relações afetivas com colegas da sala de aula comum.
Escola de Peruíbe (SP) se aproxima de família de aluna com autismo e amplia estratégias pedagógicas de comunicação.
Formação de professores do AEE estimula soluções criativas para a inclusão
Município mato-grossense cria formação com espaços de compartilhamento de experiências para profissionais do atendimento educacional especializado da rede.
Principais dúvidas
Confira as principais discussões de nossos usuários sobre atendimento educacional especializado:
+ O que é, qual a função e como funciona o AEE?
+ O que são as salas de recursos multifuncionais (SRM)?
+ Estudante sem laudo pode receber atendimento educacional especializado?
+ Alunos que não são do público-alvo da educação especial podem se matricular no AEE?
+ Como o AEE pode contribuir para que o planejamento pedagógico seja inclusivo?
+ Que medidas devo tomar caso minha escola não tenha AEE?
Mais referências
Quer se informar ainda mais? Confira todas os conteúdos do DIVERSA sobre atendimento educacional especializado.
5 Comentários
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Será que vamos evoluir para um ensino colaborativo de verdade ? Pq até momento isso não existe. A prof de AEE não se sente a vontade para interferir e a prof titular costuma tratar a AEE como prof de apoio. Quem sofre é o aluno, que na verdade, não tem incentivo algum dentro de sala de aula. Material adaptado é utopia. O que acontece em sala de aula é um auxílio demasiado, por parte da prof de apoio e uma falta de aprendizado, por parte do aluno. Péssimo ! E o ensino colaborativo é tão promissor, quando bem executado,que fico realmente triste em saber que estamos anos luz atrasados, nesse assunto. Sei porque, meu filho teve experiência fora do país, e aqui foi o fiasco que descrevi acima.
Ola, parabens pelo otimo material muito esclarecedor. Estou ataundo na SRM e tenho uma duvida qual a lei que me ampara para que eu possa ir a sal se aula comum para observar as metodologias e sugerir outras para para o peofessor de sala de aula comum.
Muito esclarecedor!
Gostei da abordagem.
Muito bom!