Quando nos referimos à aprendizagem, é comum afirmarmos que cada indivíduo tem o seu tempo e que o meio interfere no desenvolvimento das habilidades. Nesse sentido, existe um questionamento que, no período contemporâneo, torna-se necessário: em uma realidade na qual os jovens, desde bem novos, têm contato com aparelhos celulares, smartphones, computadores, tablets e jogos virtuais, seria realmente possível as crianças permanecerem paradas, estáticas e passivas nas salas de aula?
Durante os últimos tempos, o que mais temos escutado e presenciado nas escolas são estudantes que não querem mais “só copiar”. Muitas vezes, eles sabem os conteúdos, mas seus registros são diminutos, apresentando cadernos com pouco ou quase nada copiado do quadro.
Frente a tal cenário, vale a consideração de que as pessoas aprendem de várias formas: umas são mais visuais, outras mais auditivas, algumas deduzem com facilidade e outras precisam explorar mais conteúdos para compreender determinada matéria. É nesse sentido que o uso das tecnologias para a aprendizagem pode ser ainda mais agregador.
Partindo desse enfoque, abordaremos o tema da inclusão pelo viés que é, muitas vezes, considerado o vilão nas salas de aula: a presença dos jogos virtuais na realidade dos alunos a partir dos meios eletrônicos, com destaque para o computador.
Para todos os ritmos
Os jogos virtuais podem ser utilizados para ensinar e aprender de forma lúdica e, simultaneamente, inclusiva. Isso implica pensarmos na sua utilização em contraste às metodologias tradicionais quando elas falham ao homogeneizar os alunos, e como uma ferramenta capaz de levar os alunos a superar desafios em relação à própria aprendizagem.
Entre outras coisas, a utilização de jogos virtuais para o ensino e a aprendizagem possibilita o desenvolvimento: da coordenação motora, da percepção espacial, da atenção, da concentração, da criatividade, da boa reação a situações desafiadoras, dos reforços positivos, da superação de fases e obstáculos, da escolha e elaboração de atividades, da elaboração de textos e desenhos etc.
Além disso, os jogos virtuais e outras ferramentas tecnológicas exigem habilidades como o raciocínio lógico, instigam a curiosidade e podem servir como forma de contextualizar o conhecimento, potencializando o interesse em aprender. Isso significa que estimulam habilidades necessárias para a aprendizagem formal em quaisquer níveis de educação.
Jogos virtuais para a aprendizagem
Existem jogos para todos os tipos de necessidades e que permitem um ambiente interativo onde o jogador pode manipular, refletir, deduzir e explorar diversas áreas do conhecimento em seu próprio ritmo. Há inúmeros sites e jogos online interessantes que têm se mostrado eficazes nesse sentido, pois conseguem se adaptar aos alunos e às suas necessidades. Conheça alguns deles a seguir:
• O site Aprendizagem aberta tem um ambiente com jogos virtuais, como quebra-cabeças e labirintos, para trabalhar a alfabetização e as coordenações motora e viso-motora de crianças na educação infantil.
• O portal Bebelê reúne aplicativos voltados à alfabetização de crianças também na educação infantil.
• A página Brincando com Ariê apresenta jogos para trabalhar a alfabetização e conteúdos de matemática, português, inglês e francês com crianças.
• O portal Digipuzzle disponibiliza jogos online para trabalhar conteúdos de ciências, geografia e matemática (contagem, multiplicação e horas) com alunos do ensino fundamental I.
• O site Escola games apresenta jogos para aprimorar o aprendizado em diferentes fases de ensino. Os jogos são categorizados em fácil, médio e difícil e possibilitam trabalhar memória, atenção e concentração.
• A página Racha Cuca tem jogos voltados para a lógica e o raciocínio. Os recursos são categorizados por idade (há opções para crianças acima de 12 anos), nível de dificuldade e tempo de duração.
Como exemplo do uso desses recursos, posso citar a minha própria experiência, pois os utilizo com alunos no atendimento educacional especializado (AEE) e também com crianças que apresentam alguma dificuldade de aprendizagem. Em minha prática, procuro estar sempre mediando e acompanhando a aprendizagem e propondo novos desafios de acordo com a demanda e a necessidade de cada estudante.
Em outras palavras: a interação e a mediação do professor ou psicopedagogo são muito importantes, pois ajudam a selecionar os diferentes jogos. E valorizar o que cada aluno possui como habilidades é o primeiro passo na escolha de atividades motivadoras.
Eliane Fátima Mariotti Cossetin é professora de atendimento educacional especializado (AEE), possui curso de formação para professores em AEE pela Universidade Federal de Santa Maria (UFMS), é pós-graduada em educação especial, deficiência mental e transtornos globais do desenvolvimento pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ) e em psicopedagogia clínica e institucional pela UNINTER.
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