Educadores constroem recurso pedagógico acessível para eliminar barreiras ao aprendizado de conteúdos com elevada exigência de abstração
O 6° ano A de 2018 da EMEF João de Deus Cardoso de Mello, na cidade de São Paulo, era uma turma com grande potencial. Os estudantes eram comprometidos com os estudos e superavam as expectativas de aprendizagem. Eram organizados, assíduos, criativos e responsáveis. Gostavam de desafios, costumavam fazer perguntas e sabiam relacionar-se com respeito e empatia.
Por que idealizamos esse material?
Percebemos, no entanto, que certos conteúdos trabalhados não provocavam encantamento dos estudantes. Essa dificuldade de sedução em relação a alguns temas, que acabava diminuindo a aproximação e o envolvimento dos estudantes, foi a maior barreira pedagógica que identificamos durante a formação em materiais pedagógicos acessíveis que realizamos.
Mais especificamente durante as aulas de Geografia, vimos que alguns estudantes tinham uma dificuldade de compreensão dos fenômenos naturais ensinados. Imaginamos que isso se deve ao fato de demandar uma grande capacidade de abstração, uma vez que muitos dos conteúdos trabalhados são fenômenos que não podem ser facilmente observados em nosso país, como vulcões, terremotos, etc.
Desenvolvimento do material
Decidimos então criar um quebra-cabeça em três dimensões das placas tectônicas e continentes. Esse material pedagógico acessível poderia auxiliar as ações pedagógicas, funcionando como um facilitador do processo de ensino-aprendizagem.
O quebra-cabeça foi feito em placas de MDF e acrílico, com peças móveis, para visualização da dinâmica da superfície terrestre e da camada interna.
+ Aprenda a fazer o material das Placas Tectônicas
Currículo como base para o aprimoramento do material
Trabalhamos os seguintes conteúdos de Geografia e Ciências do Currículo da Cidade de São Paulo:
- Desenvolver as primeiras noções de tempo geológico.
- Identificar e analisar as interações da dinâmica interna e externa da Terra.
- Compreender a origem da crosta e a formação dos continentes.
- Analisar e compreender os fenômenos internos e externos modificadores do relevo.
+ Veja como o material das Placas Tectônicas se articula com a Base Nacional Comum Curricular
Como utilizamos o material com os estudantes?
Montamos um plano de aula, com as estratégias pedagógicas para o ensino do conteúdo com a utilização do material:
- Apresentação dos conteúdos em forma de tópicos (5 a 10 min).
- Apresentação de imagens relacionadas aos fenômenos estudados (10 min).
- Exibição de pequenos vídeos e documentários com breves explicações das causas e das consequências dos fenômenos estudados (1 a 2 aulas).
- Exercícios para fixação, como a atividade com o mapa para localizar e nomear as placas tectônicas (20min).
- Apresentação e manuseio do material pedagógico acessível com retomada dos conceitos (1 a 2 aulas).
- Encerramento e avaliação (10 min).
Como avaliamos a utilização do material?
Observamos que o material das Placas tectônicas foi um sucesso, pois despertou curiosidade e grande interesse dos estudantes, tanto dos que já haviam estudado o assunto como daqueles para os quais o tema era novidade. O encantamento ficou evidente quando os fenômenos foram explicados e o modelo produzido foi manuseado por todos os estudantes, com e sem deficiência.
O material favoreceu a aprendizagem da formação geológica da Terra, de suas camadas e fenômenos endógenos, formação dos continentes, tempo geológico, tectonismo e vulcanismo. Por ser um recurso palpável e lúdico, consegue transportar um fenômeno de grande magnitude para uma dimensão observável. Outros pontos positivos foram a qualidade técnica (conceitual) e estética do material.
Nosso grupo atuou de forma colaborativa para a concretização do projeto. A participação ativa da gestão escolar como um todo, direção, assistentes e coordenação, contribuiu tanto na elaboração, como na confecção do projeto. Outros professores da unidade escolar também cooperaram com ideias e sugestões para o desenvolvimento e aprimoramento do projeto.