Sou diretor do CIEP Antônio Candeia Filho, na cidade do Rio de Janeiro (RJ) desde 2016, quando assumi o cargo com o desafio de transformar a escola que tinha o 5º pior IDEB do município. A unidade tem pouco mais de 300 estudantes, dos quais muitos não estão alfabetizados ou apresentam diversas dificuldades de aprendizagem.
Para o triênio 2017/2020, nosso projeto político-pedagógico (PPP) tem como título “Candeia canta, Acari acalanta e o mundo se encanta”. Com ele, nossa intenção é fazer com que todas propostas pedagógicas levantem discussões a respeito do Acari, o bairro onde a escola está localizada. Nesse sentido, junto com as professoras Aline Ribeiro Sarmento e Nathália Moreira da Cunha, criamos uma maquete interativa para tratar do principal rio da região nas aulas de geografia.
A aula com o material pedagógico aconteceu em uma turma do 5º ano do ensino fundamental. Participaram da atividade 27 alunos. Entre eles, um tinha deficiência auditiva e outro tinha transtorno do espectro autista (TEA).
Criando o rio Acari
Antes da confecção da maquete, a turma fez uma pesquisa sobre a história e o meio ambiente da região. Em seguida, com base nessas informações, eles esboçaram o desenho do rio que seria usado na estrutura. A ideia era construir um modelo no qual todos que vivessem no bairro conseguissem visualizar sua realidade.
Na hora de colocar a mão na massa, as crianças capricharam nos detalhes. Elas usaram recursos simples, como papelão e tecido, e criaram pequenas “bugigangas” eletrônicas, como pequenas rãs que emitiam som, helicópteros com hélices giratórias e residências ribeirinhas iluminadas com LEDs. O mais legal foi o protagonismo dos alunos: tudo foi idealizado e criado por eles.
+ Aprenda a fazer a Maquete interativa das partes dos rios
Além de proporcionar um estudo hidrográfico, a atividade também abriu possibilidade para tratarmos de temas como clima, fauna, relevo, vegetação, poluição, entre outros.
Engajamento dos alunos
Brian, garoto com deficiência auditiva, no primeiro dia do projeto, já foi desencapando os fios e criando os circuitos dos LEDs. Foi ele, inclusive, quem criou o helicóptero. Já Henry, estudante com autismo, participou ativamente da criação da parte visual da maquete.
Existem muitas formas de aprender — e o uso desse material pedagógico mostrou isso. Fiquei muito feliz por essa atividade ter dado protagonismo às crianças. Elas demonstraram prazer em aprender e em participar. Não há dúvidas de que a Maquete interativa das partes dos rios será incorporada aos materiais da escola para que possa ser utilizada por outros estudantes.