Relatos iniciais do DIVERSA

Inclusão Digital do estudante com Síndrome de Down

Este trabalho foi realizado em uma Escola Estadual no Rio Grande do Sul e teve como objetivo incluir a estudante com Síndrome de Down com o uso da tecnologia. Sabe-se que a inclusão é um processo gradativo e que demanda um preparo para adaptar a estrutura da escola, que deve voltar-se aos aspectos da educação, no que tange a inclusão, e assegurar o direito do estudante com deficiência a melhores oportunidades para que crescer e se desenvolver.

As atividades foram propostas levando-se em conta o histórico escolar da aluna A., que tem 12 anos, ainda não está alfabetizada, conhece algumas letras, números e cores, envolve-se com música, adora dançar, cantar e acompanha o ritmo com palmas e gestos.

Nos primeiros contatos das observações com a aluna A. percebeu-se a inquietação e necessidade de manusear tudo que encontrava pela frente. No ambiente informatizado, desconhecia a finalidade de estar ali diante de várias máquinas e inúmeros botões para acionar.

Os recursos tecnológicos associados aos efeitos da multimídia foram fundamentais para alcançar os objetivos propostos na sua totalidade. No momento da realização das atividades, tinha à mão o material concreto, então quando aparentava sinais de fadiga, manuseava estes materiais disponíveis. Não foi forçada em nenhum momento a permanecer só no computador, mas nas últimas sessões observou-se que permanecia mais tempo diante do computador, interagindo com as atividades, pelo gosto e conhecimento que adquiriu através da proposta realizada.

Em contato com as professoras envolvidas no projeto descobrimos sobre suas preferências e o que mais gostava de fazer, que adora música e envolve-se facilmente com sons, acompanha com palmas os ritmos e gosta muito de atividades com músicas. Aos poucos, explorou o ambiente, conheceu os componentes do computador.

Para incluir a aluna A. digitalmente, foram planejadas atividades de acordo com sua faixa etária, levando-se em conta o atraso mental na idade cronológica. Mostrou-se envolvida e com gosto pelo que fazia, sentiu alegria e prazer no decorrer da aula, além da realização das atividades.

Ao entrar no ambiente informatizado, é movida pelas imagens e os sons chamam sua atenção, acompanha o ritmo da música na linguagem que conhece, a corporal e a gestual. Manuseou, riu, beijou, ligou e desligou as caixinhas de som numa manifestação de euforia e prazer. Como a atividade utilizou imagens, símbolos gráficos e sons, proporcionou-se a oportunidade de interagir e expressar-se através da sua linguagem. Esta combinação interligada a sons, imagens e símbolos gráficos na comunicação oportunizou à aluna A. expressar-se e compreender o que estava sendo vivenciado.

O atendimento à aluna A. ocorreu de forma gradual no sentido de proporcionar uma experiência no seu aprendizado, por que toda a nova informação que for bem assimilada pelo estudante não será esquecida, será aprendida, fator que compensa o processo lento em sua aprendizagem.

Desta forma, a possibilidade do estudante com down responder melhor à aprendizagem e participar do processo de construção está condicionada ao estímulo do meio em que está inserido, podendo ser cultural, ambiental e familiar, mas apesar das limitações, pode haver o enriquecimento, no que tange a ampliação, construção dos conhecimentos e as suas potencialidades.

Sendo assim, o trabalho com o estudante com de Síndrome de Down requer preparo intelectual, paciência e dedicação por parte do professor, para que não leve em consideração somente suas dificuldades e limitações, mas principalmente suas habilidades e potenciais, favorecendo suas possibilidades na construção do seu conhecimento. Como a aluna A. que apresentou progressos significativos e obteve todo o preparo para dar continuidade a uma nova caminhada no ano seguinte rumo ao desenvolvimento de novos saberes.

Ao longo do processo, houve participação e apoio da direção da escola, da coordenação pedagógica, da família, das professoras titular, auxiliar, de informática e do laboratório de ensino e aprendizagem e também acompanhamento semanal na APAE local com psicóloga, fonoaudióloga e terapia musical.

JANICE DO ROCIO KWIATKOWSKI, PROFESSORA DE ALFABETIZAÇÃO

Participante do Prêmio Educador Nota 10 da Fundação Victor Civita

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