Robô auxilia aprendizado de matemática

Para facilitar o ensino de operações de adição e possibilitar a aprendizagem de todos os estudantes, educadores constroem material pedagógico acessível

Somos educadoras da Escola Municipal Vereador Ary da Silva Souza, localizada na comunidade Maré Mansa, no município de Guarujá (SP). Em 2019, uma de nossas turmas do 2º ano do ensino fundamental era composta por cinco estudantes com deficiência, dentre 30 alunos.

Havia dois estudantes com deficiência intelectual, um com paralisia cerebral e outros dois com Transtorno do Espectro Autista. De maneira geral, a turma era bem heterogênea e apresentava dificuldades em matemática, principalmente com operações de adição.

Por conta dessa dificuldade de aprendizagem, nos reunimos para planejar uma estratégia pedagógica que garantisse o aprendizado e a participação a todos os estudantes. Em diálogo com outros educadores da escola, com a gestão escolar e com a professora de Atendimento Educacional Especializado (AEE), elaboramos um material pedagógico acessível para facilitar o ensino de conteúdos de matemática.

Como os conteúdos da disciplina são abstratos, queríamos um material que promovesse o aprendizado de uma forma concreta e próxima da realidade dos alunos. O objetivo era trabalhar de forma lúdica, respeitando o nível de aprendizagem de cada um, e significativa para todas e todos.

Em sala de aula, estudante aperta botão do robô Arizinho, que mostra o número 5. Demais estudantes observam ao fundo. Fim da descrição.

Arizinho, mascote da escola

Após algumas conversas e tentativas, demos vida ao Arizinho, um robô inteligente que consegue somar. Ele foi batizado pela turma e ajuda as crianças a entender de forma mais concreta as operações matemáticas. Ao colocarmos tampinhas no topo de sua cabeça, ele efetua a contagem e mostra o resultado em seu painel.

O material foi construído com tecnologia de corte a laser e de eletrônica básica. Para possibilitar a realização de operações matemáticas a partir de inserção de tampinhas, bolinhas ou outros objetos em seu corpo, utilizamos sensores de movimento em suas cavidades. Também customizamos seu acabamento para que tivesse a aparência de um boneco: inserimos olhos, braços, pernas e nariz.

A fim de trabalharmos com o material em sala de aula, estruturamos as atividades em sintonia com o Currículo Paulista. Dividimos os estudantes em grupos para estudar o conceito de adição e contagem, utilizando o auxílio de textos e materiais de apoio. Posteriormente, os estudantes criaram problemas para que os colegas pudessem resolver.

+ Aprenda a construir o Arizinho

Com colegas observando em volta e supervisão da professora, aluna insere fichas na cabeça do Arizinho. Fim da descrição.

Aprendendo a somar em estações de aprendizagem

No dia de aplicação do Arizinho em sala de aula, separamos a turma em três estações de aprendizagem. Em cada uma delas, os estudantes realizaram as operações matemáticas utilizando materiais de apoio para auxiliar o ensino:

• 1ª estação: um estudante sorteava um problema escrito por um de seus colegas e a turma o resolvia em conjunto. Posteriormente, os alunos conferiam a resposta utilizando o Arizinho.

• 2ª estação: os estudantes resolviam problemas matemáticos com a ajuda de um material de estruturação de contas. O cálculo também era conferido no Arizinho.

• 3ª estação: utilizando um tabuleiro com uma roleta numérica e uma lousa mágica, os estudantes sorteavam uma situação-problema para ser resolvida e faziam o cálculo no Arizinho.

+ Entenda mais sobre o material e saiba como ele se articula com a BNCC

Em sala de aula, estudantes e educadora estão sentados em volta do material pedagógico acessível. Fim da descrição.

Aprendizagem garantida

Os estudantes tiveram facilidade em utilizar o Arizinho, alcançando o objetivo que tínhamos com o material: consolidar o aprendizado na disciplina de matemática para toda a turma.

Todas e todos tiveram participação ao longo da atividade: a turma ficou muito entusiasmada para ver e manipular o material e foi notável o ganho pedagógico que toda a sala teve a partir do desenvolvimento das atividades.

O processo foi muito rico, despertando o interesse e aguçando a curiosidade dos estudantes, que demonstraram capacidade de trabalhar em grupo e respeitar o nível de aprendizagem de cada um.

Todo sucesso do projeto se deve particularmente à gestão escolar, professores e familiares que participaram ativamente apoiando, incentivando e sugerindo ideias para o aperfeiçoamento do material e das atividades.

O Arizinho virou uma verdadeira mascote para a escola, entusiasmando a todos. Por conta disso, nós o disponibilizamos para que outras turmas possam utilizá-lo para proporcionar equidade de aprendizado aos demais estudantes.

Em sala de aula, toda a turma está sentada no chão. Posam para a foto em volta de tapete colorido, com Arizinho no centro. Fim da descrição.

 


Este relato de experiência é fruto da participação dos autores na edição 2019 do Materiais pedagógicos acessíveis – formação em serviço para educadores envolvidos no processo de escolarização de estudantes público-alvo da educação especial em escolas comuns, desenvolvida pelo Instituto Rodrigo Mendes em parceria com a Fundação Lemann. O objetivo é contribuir na construção de materiais pedagógicos acessíveis que auxiliem o processo de ensino-aprendizagem de estudantes com e sem deficiência.

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