Morava na época no município de Jau-SP, lecionava Língua Portuguesa, com pouca experiência de sala de aula. Não me lembro a série onde o fato ocorreu, a data do ocorrido foi no final dos anos noventa, aproximadamente 1998. Confesso que naquela época não tinha consciência da dimensão das dificuldades pelas quais uma pessoa surda passava. Tínhamos, veladamente, a impressão de que essa pessoa tinha na verdade retardo mental, pois quando falava ou tentava falar, gritava. Qual foi minha surpresa quando, anos depois, fui convocado para uma capacitação sobre educação inclusiva e o palestrante era esse ex-aluno que se comunicando através de LIBRAS, juntamente com uma intérprete, relatou sobre as dificuldades pelas quais passara durante sua passagem pela escola pública. Disse que era muito difícil acompanhar as explicações dos professores, uma vez que a educação inclusiva estava em fase embrionária, que pessoas com deficiências eram atendidas em escolas especiais e a noção de que ao se prepararem para incluírem tais indivíduos em classes heterogêneas todos sairiam ganhando, era ainda muito incipiente. Relatou-nos também que os professores não ficavam de frente para ele, para que pelo menos pudesse ler os lábios, e minha surpresa ainda maior foi quando ele me viu no meio dos outros professores e me reconhecera com um dos que não ficava de frente. Ano passado fiz um curso básico de LIBRAS, estudei para a última fase do concurso público para professor do Estado de São Paulo através da Escola de Formação de Professores e esse tema, Educação Inclusa, foi muito estudado nos módulos e debatido nos fóruns.