Motivados pela inclusão, estudantes desenvolvem projeto em Libras

Mesmo sem estudantes com deficiência auditiva em sua turma, educadora estimula educandos a aprenderem a Língua Brasileira de Sinais

Sou professora do ensino médio no Colégio Estadual Euclydes da Cunha, em Teresópolis, no Rio de Janeiro. O projeto “Se eu canto em inglês, por que não posso cantar em Libras?” foi desenvolvido durante a pandemia de covid-19, derivado de uma inciativa já existente denominada “Libras – Inclusão e Acesso”.

A ideia surgiu a partir de reflexões como: “Que tipo de professor eu quero ser?”, “Que professor eu serei ao entrar em uma sala de aula que tenha um estudante surdo?”, “Se partirmos do pressuposto que somos todos diferentes, o que seria inclusão?”, “Quais estratégias eu, enquanto professor, utilizaria ao me deparar com um estudante surdo em sala de aula?”.

Como já contava com estudantes informados e sensibilizados com a questão da deficiência auditiva no Brasil, todos toparam realizar esse projeto prontamente, mesmo nenhum deles tendo deficiência.

Propus que a turma produzisse músicas interpretando canções na Língua Brasileira de Sinais com naturalidade, como qualquer outro idioma que se quer aprender. Para inspirá-los, foram apresentados vídeos dos artistas: Anne Magalhães, Danilo Castro e João Pedro Poyes.

A prática foi bastante positiva. Além de aumentarem seu repertório sobre a Língua Brasileira de Sinais e a inclusão, os estudantes escolheram a música que gostariam de cantar em Libras e foram protagonistas da própria aprendizagem.

Foco nas duas mãos de uma pessoa, que faz um símbolo de coração. Fim da descrição.
Fonte: Pexels.

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Aprendendo sobre Libras

Fizemos encontros remotos para o desenvolvimento do projeto. As aulas, organizadas semanalmente no Google Meet, foram gravadas e disponibilizadas juntamente com todo o material didático-pedagógico, armazenado na área de tarefas da plataforma Google, utilizada pela Secretaria de Educação. Também foram feitas apresentações em Power Point e permitido contato por WhatsApp.

Pudemos refletir sobre dúvidas que permeiam o senso comum, tais como: “O surdo é mudo?”, “Libras é o mesmo que mímica?”, “Existe surdo que fala?”, “A língua de sinais é a mesma para todos os países do mundo?”, “Libras é língua ou linguagem?”.

Em fundo azul, texto: “sinais são para os olhos o que as palavras são para os ouvidos”, com letras em negrito, misturadas a sinais em Libras. Fim da descrição.
Fonte: arquivo pessoal.

Ainda foram conhecidas as estruturas que compõem a Libras, ou seja, o alfabeto manual, o alfabeto de configuração das mãos e as várias combinações que a transformam em uma língua como outra qualquer, capaz de levar quem a domina a discutir todo o tipo de assunto, desde os triviais até os mais elaborados.

Conversamos também sobre acessibilidade. Falamos da dificuldade de encontrar certos materiais para pessoas com deficiência auditiva (tutoriais de maquiagem, saúde, entre outros). E abordamos o trabalho do intérprete de Libras, sua forma visual de se apresentar, suas tarefas e o mercado de trabalho para esses profissionais.

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Resultados alcançados

Como resultado final desse projeto, foram produzidos vídeos, nos quais pudemos notar os estudantes engajados com a prática pedagógica inclusiva. Todos compreenderam a importância da Libras e buscaram naturalizar o seu aprendizado ainda na infância, para que tornemos o mundo mais acessível e que contemple o ser humano na sua principal característica: a diversidade.


O projeto “Se eu canto em inglês, por que não posso cantar em Libras?” ficou entre os 50 finalistas do Prêmio Educador Nota 10 de 2021.

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