Além da criação do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA), o CAST continua trabalhando para que todos tenham oportunidades equitativas de aprendizagem
“Como a tecnologia pode melhorar o aprendizado de estudantes com dificuldades de aprendizagem?”
Foi com essa questão que, há 37 anos, surgia o conceito de Universal Design for Learning (UDL), ou, como é conhecido no Brasil, Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA). Desde então, o Centre of Applied Special Technologies (CAST) – Centro de Tecnologias Especiais Aplicadas, em português – trabalha para que cada vez mais os sistemas de ensino do mundo todo corroborem para fornecer uma educação de qualidade para todas e todos.
O CAST é uma organização sem fins lucrativos de pesquisa e desenvolvimento em educação que, além do DUA, também criou as Diretrizes do Desenho Universal para a Aprendizagem, usadas em diversos países para tornar o aprendizado mais inclusivo.
Com intuito de apoiar uma educação verdadeiramente inclusiva, a organização busca eliminar barreiras de aprendizagem que milhões de pessoas vivenciam todos os dias, e faz isso apoiando educadores e organizações a implementarem percepções das ciências da aprendizagem e técnicas educacionais.
Sua missão é, por fim, transformar o design e a forma como a educação é praticada, para que nenhuma barreira impeça qualquer estudante de aprender. Pensando nisso, eles desenvolvem diariamente ideias e produtos que possam impactar positivamente a vida do maior número possível de pessoas, disponibilizando verdadeiras oportunidades de aprendizagem.
Atualmente, a organização também realiza diversas ações e projetos divididos nas áreas de Pesquisa, Design e Desenvolvimento; Acessibilidade e Tecnologia Inclusiva; Trabalho e Educação de Carreira; Ambientes remotos e on-line; e Aprendizagem Profissional.
O centro também possui sua própria editora, com publicação de livros com temas como “Antirracismo e Design Universal para a Aprendizagem”, “Desaprender: Mudando suas crenças e sua prática” e “Incremente seu aprendizado profissional”.
Diversas ações do CAST buscam garantir que todos tenham oportunidade de aprendizagem, seja com ideias de recursos e planejamento de materiais educacionais gratuitos ou com cursos, workshops pagos e consultorias.
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O Desenho Universal para a Aprendizagem
O Desenho Universal para a Aprendizagem é um modelo que parte desde materiais a técnicas e estratégias que, em conjunto da perspectiva da educação inclusiva, auxiliam o processo de ensino-aprendizagem, fazendo com que todos os estudantes desenvolvam seu potencial.
São consideradas as singularidades de cada indivíduo, garantindo que ninguém seja deixado para trás. Cada estudante aprende à sua maneira, sendo orientado por objetivos, recursos, estratégias e conhecimentos para garantir um ensino com propósito e motivação.
Segundo o site do CAST, o DUA busca “melhorar e otimizar o ensino para todas as pessoas com base em percepções científicas sobre como os humanos aprendem” e possui três princípios: “engajamento”, “representação” e “ação e expressão”.
Os princípios de DUA podem ser aplicados a objetivos instrucionais, avaliações, estratégias pedagógicas e materiais, que podem ser personalizados e ajustados para atender às necessidades individuais de cada estudante.
Como exemplo de recursos que utilizaram os princípios do DUA, o DIVERSA disponibiliza dezenas de materiais pedagógicos acessíveis e os relatos dos educadores que os criaram e implementaram em suas turmas, incentivando a participação plena de crianças e jovens com e sem deficiência nas aulas.
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Gerar oportunidades de aprendizagem para todas e todos
A partir da criação do Desenho Universal para a Aprendizagem, muitos interessados na área da educação começaram a repensar a estrutura e desenho de seus ambientes e currículos considerando seus princípios.
Contudo, de acordo com informações do portal CAST, eles costumavam receber mensagens falando que os três princípios foram úteis no começo do projeto, pois permitem variabilidade, mas que trabalhar apenas com eles era muito vago, levantando a necessidade de mais orientações.
Portanto, em 2009, foi desenvolvida a primeira versão das Diretrizes do Desenho Universal para a Aprendizagem, como consta no site:
“Esperávamos que essas diretrizes fornecessem apoio concreto aos educadores que estavam ansiosos para aplicar a estrutura DUA à prática. Desde então, revisamos as Diretrizes para incorporar retornos da área, bem como expandir a pesquisa nas áreas de DUA, educação, ciências cognitivas, psicologia e neurociência.”
As Diretrizes DUA são ferramentas que podem ser usadas na sua implementação para a criação de ambientes educacionais inclusivos. Embora sirvam como um guia, não pretendem ser uma “receita pronta”, mas um conjunto de sugestões que podem ser aplicadas para eliminar as barreiras e gerar oportunidades de aprendizagem para todas e todos.
Levando isso em consideração, o CAST afirma que elas podem ser usadas por educadores, desenvolvedores de currículo, pesquisadores, e até mesmo mães, pais e demais cuidadores de crianças e adolescentes, e combinadas de acordo com objetivos de aprendizagem, áreas de conteúdo e contextos específicos:
“Em muitos casos, os educadores descobrem que já estão incorporando alguns aspectos dessas diretrizes em sua prática; no entanto, as barreiras para a meta de aprendizagem ainda podem estar presentes. Vemos as Diretrizes como uma ferramenta para apoiar o desenvolvimento de uma linguagem compartilhada na concepção de objetivos, avaliações, métodos e materiais que levam a experiências de aprendizagem acessíveis, significativas e desafiadoras para todos.”
Como o DUA apoia a educação inclusiva na prática
Pelo DUA e suas Diretrizes oferecerem uma abordagem abrangente e um tipo de estrutura sistematizada, eles permitem um conhecimento mais claro das barreiras presentes no ambiente escolar e das especificidades e predileções de cada estudante.
Recursos de acessibilidade ganham visibilidade e espaço na sala de aula e, com isso, são proporcionadas verdadeiras oportunidades de participação na realização de atividades, avaliações e no uso de materiais pedagógicos.
Além de ser usado pela equipe gestora e docente das escolas, o CAST defende que os discentes também podem se beneficiar do DUA: “Acreditamos que as Diretrizes podem ser valiosas para os próprios alunos: eles podem atuar como apoiadores de seus colegas no aprofundamento da compreensão de seus próprios processos de aprendizagem”.
Uma vez que estudantes com e sem deficiência compartilham a mesma sala de aula e realizam o trabalho colaborativo, muito incentivado para a prática da educação inclusiva, existe uma troca de conhecimentos. Também se exerce o respeito à diversidade e, portanto, às singularidades de cada um; o que contribui não apenas para uma educação que inclui, mas para uma sociedade que não exclui.
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