Ensino on-line inclusivo é discutido por universidade dos EUA

Estratégias para garantir a educação inclusiva durante o isolamento social apontam práticas que podem ser utilizadas também nas aulas presenciais

Com o isolamento social ocasionado pela pandemia da covid-19, mais de 635 milhões de estudantes foram afetados pelo fechamento total ou parcial das escolas, de acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

Redes de ensino de todo o mundo precisaram se reinventar por meio do ensino remoto para continuar garantindo o direito humano fundamental da educação, adotado e proclamado pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) em 1948.

A mudança de estratégias exigida durante o período deu mais visibilidade à luta pela inclusão, principalmente se tratando da educação especial na perspectiva da educação inclusiva e acessibilidade. No ensino superior, não foi diferente.

Na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, a discussão sobre um ensino on-line inclusivo ganhou espaço em maio de 2020, quando esse modelo foi destacado como um elemento fundamental pelo Centro de Ensino e Aprendizagem da instituição.

Em um trabalho colaborativo com um grupo de estudantes de graduação, a universidade apostou na criação de recursos se baseando em pesquisas de desenvolvimento educacional e nas experiências reais das alunas e alunos em aprendizagem on-line.

“Ao trabalharmos com milhares de instrutores para nos prepararmos para cursos on-line ou híbridos, centramos a inclusão, a diversidade, a equidade e a participação de todos em nossos programas e recursos”, afirmam Catherine Ross, Amanda Irvin e Soulaymane Kachani, membros da gestão do Centro de Ensino e Aprendizagem da Columbia University.

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Escuta e participação ativa de estudantes

A valorização da escuta dos conhecimentos e experiências de estudantes fez com que, no mesmo ano, o Centro iniciasse uma parceria para trazê-los para conversas sobre ensino e aprendizagem com o corpo docente.

Por meio da iniciativa “Estudantes como Parceiros Pedagógicos”, é realizada a promoção do aprendizado engajado, a criação de ambientes mais inclusivos e a transformação de ensino- aprendizagem na Universidade.

“Ao fazer parceria com o corpo docente para co-criar salas de aula inclusivas e centradas no aluno, os consultores estudantis aumentam sua autoconsciência e se sentem capacitados para desempenhar um papel ativo em seu aprendizado. O corpo docente aprende com as experiências e perspectivas do consultor estudantil”, explica Soulaymane.

Ainda que não tenha sido realizada uma pesquisa especificamente sobre inclusão, foi a partir de uma entrevista com alunas e alunos, com o tema “Ideias mortas no ensino e aprendizagem”, que o Centro descobriu práticas que podem ser levadas adiante no planejamento de processos de ensino-aprendizagem.

As práticas em destaque para eliminar barreiras e oportunizar o acesso à educação a todas e todos são: ajudar os estudantes a lidarem com as desigualdades digitais; construir uma comunidade inclusiva; e projetar elementos acessíveis nos cursos.

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Em artigo para o portal Edsurge, os gestores do Centro afirmam que “todos os estudantes se beneficiam de conteúdo acessível e da oportunidade de se envolver com os materiais do curso”. Dessa forma, complementam, “é importante oferecer flexibilidade ou alternativas para que os alunos acessem os materiais”.

A universidade ainda desenvolveu cinco princípios do ensino inclusivo, utilizados como base do material “Ensino e Aprendizagem Inclusivos On-line”. Nesse conteúdo, disponível para educadores da Columbia, são fornecidas estratégias para assegurar aos estudantes um senso de pertencimento, garantir que eles possam acessar os materiais do curso de graduação e apoiá-los no desenvolvimento de suas potencialidades.

Confira os princípios de ensino inclusivo da universidade:

  • Princípio 1: Estabelecer e apoiar um clima de classe que promova o pertencimento para todos. 
  • Princípio 2: Definir as expectativas explícitas dos estudantes. 
  • Princípio 3: Selecionar conteúdo do curso que reconheça a diversidade e as barreiras à inclusão. 
  • Princípio 4: Projetar todos os elementos do curso para acessibilidade. 
  • Princípio 5: Refletir sobre as próprias crenças a respeito do ensino para maximizar a autoconsciência e o compromisso com a inclusão.

Aprendizados para o ensino remoto e presencial

Muito além da preocupação com o acesso à internet e às tecnologias para diminuir a desigualdade digital entre os estudantes e fomentar a inclusão, o Centro de Ensino e Aprendizagem da Universidade de Columbia aponta a comunicação como essencial no ensino remoto, híbrido ou presencial.

Para eles, é necessário que a educadora ou educador entenda as preocupações, necessidades e preferências de aprendizado de cada aluna e aluno, uma vez que essas informações poderão ajudá-lo a estar atento às situações pessoais do estudante e às barreiras ao aprendizado.

No artigo citado anteriormente, a consultora estudantil Mae Butler compartilhou como é significativo quando os instrutores são proativos na identificação de barreiras:

“Isso inclui estar consciente tanto das barreiras socioculturais, quanto das barreiras estruturais. Ao praticar a conscientização dessas barreiras, os professores podem agir para reduzi-las ou acomodar as necessidades dos alunos que são prejudicados por certos aspectos das aulas.”

Construindo uma comunidade inclusiva

“Construir uma comunidade entre os estudantes é uma prática de ensino inclusiva fundamental, porque ajuda a estabelecer e apoiar um clima de classe que promove o pertencimento a todas e todos”, afirmam os especialistas em aprendizagem da Universidade.

De acordo com os gestores do Centro de Ensino, as práticas de comunidade podem ajudar a reduzir os sentimentos de isolamento e aproximar os alunos de forma significativa, promovendo o respeito e celebrando a diversidade de cada estudante presente em sala.

No ano passado, foi lançada uma coleção de estratégias de construção de comunidades que se alinham com a modalidade de curso, chamada de “Criação de Comunidades em Cursos On-line ou Híbridos (HyFlex)”.

Contudo, a estudante Mae Butler destaca que a comunidade no processo de aprendizagem ficou prejudicada durante o isolamento social: “Para mim, esse vínculo social e a experiência de aprendizado baseada na comunidade são grandes motivadores. Descobri que, nesse caso, a tecnologia de aprendizado remoto comprometeu as relações.”

Fora do meio digital, o centro aponta que oferecer oportunidades para que estudantes se envolvam uns com os outros, co-construir diretrizes da comunidade para seu envolvimento e solicitar feedback sobre o ambiente de aprendizagem pode ajudar a criar um ambiente que apoie e acolha todos os alunos.

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