Sint-Camillus possui estratégias pedagógicas que permitem que estudantes desenvolvam suas potencialidades
Com uma proposta de ensino inclusivo, a Escola Primária Sint-Camillus, na Bélgica, trabalha questões sociais, emocionais e culturais dos estudantes. Além disso, conta com o trabalho colaborativo entre educadores, familiares e instituições externas para possibilitar o aprendizado de todos.
A escola, que possui uma visão sólida sobre valorização e respeito às diferenças, atende pessoas com e sem deficiência de 25 nacionalidades. São mais de 200 crianças no jardim de infância e no ensino fundamental, na faixa etária entre 2 anos e meio e 12 anos de idade.
Por conta da diversidade de origens presente na escola, algumas crianças não falam holandês, a língua oficial do país. A gestão escolar, então, desenvolveu um método de ensino do idioma para que as crianças aprendam a língua do país em que vivem.
Os estudantes não-nativos participam das aulas e de todos os demais espaços de convivência com os colegas, para se familiarizarem com a língua. Depois ficam focados em aprender o idioma por meio de atividades e apoio dos professores. Para só então, em seguida, começarem a realizar as atividades do currículo escolar.
Jordy Van Der Heyden, coordenador de atendimento, reforça que essa é uma das características que destacam a escola: “Uma coisa muito importante para todos os grupos em nossa escola é que eles precisam aprender a trabalhar juntos e lidar com as diferenças entre as crianças”.
Outras experiências inclusivas no ensino de idiomas:
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Reconhecimento cultural na escola
Um grande objetivo da gestão escolar e dos educadores é garantir que todos tenham oportunidade de aprendizagem e que se sintam bem em ir à escola. Para isso, várias atividades de valorização de diferentes culturas também são realizadas para reforçar que todos são bem-vindos e podem fazer parte da escola. O coordenador da escola conta:
“Oferecemos muitas atividades nas quais eles podem apresentar sua própria cultura para nós, para outras crianças, e também para os pais. Por exemplo, eles têm um projeto sobre culinária, e cada criança pode cozinhar algo da sua cultura e levar para a classe, para que possam apresentar uns aos outros.”
Jordy explica que esta forma de lidar com as diferenças ensinada aos estudantes é reconhecida por outras escolas da região, que aprovam a prática:
Nossos estudantes não se importam se alguém não é como eles. As crianças apenas deixam que as pessoas sejam elas mesmas.
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Método de ensino
De acordo com a diretora da escola, Ilse Martens, para criar um ambiente de troca de experiências benéficas a todas e todos, a instituição não conta com classes separadas por nível de aprendizado, mas por grupos de faixa etária. A estratégia permite que as crianças troquem conhecimentos:
Sempre dizemos que queremos que as crianças aprendam juntas, umas com as outras e pelas outras.
As turmas, formadas por cerca de 50 estudantes, contam com três professores disponíveis em tempo integral. A escola busca fornecer um apoio de qualidade a todos os alunos, trabalhando com todas as áreas que se relacionam com o aprendizado, como a área cognitiva, social, motora, cultural e emocional.
“O que é diferente em nossa escola é que nenhuma criança fica para trás, ou nenhuma criança tem que refazer um ano.”
Os educadores trabalham para aumentar o interesse e a motivação de cada criança e planejam novos métodos caso algum estudante precise de estímulos adicionais de aprendizado. O objetivo é evitar a evasão escolar, de maneira que o menor número possível de crianças desista.
Quando necessário, a instituição pode receber suporte do Centro de Apoio e Orientação, que funciona como um órgão de aconselhamento, para fornecer recursos e orientações para a criação de estratégias inclusivas e eliminação de barreiras ao aprendizado.
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Diálogo com as famílias
O cuidado com a criança é uma preocupação compartilhada com toda a gestão e com os responsáveis. Ilse afirma que a escola está aberta sempre que os familiares têm alguma dúvida sobre as estratégias realizadas. Eles recebem relatórios, bilhetes e avisos sobre o desenvolvimento do estudante: “Os familiares participam muito. Sabem como funciona a escola.”
De acordo com a diretora, uma das principais preocupações da equipe escolar é manter uma forte relação estabelecida com os familiares a partir da matrícula das crianças na escola. Desde os documentos sobre o funcionamento da unidade, a gestão deixa claro que a intenção é ter as mães, os pais e responsáveis como apoiadores de todo o processo educacional da criança.
Assim, nas reuniões o cuidado para garantir plena comunicação e participação acessíveis é levado em consideração. A escola trabalha com comunicados em linguagem simples e direta e com elementos visuais. A proposta é apoiada por familiares que falam outras línguas além do holandês e traduzem as informações para os demais.
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Educação durante a pandemia
Segundo a diretora, em junho as aulas presenciais voltaram para todos, seguindo as regras e as recomendações de saúde. Ele entende que o ensino remoto não era suficiente para garantir o aprendizado.
Antes do retorno às aulas presenciais, os educadores iam às casas das crianças para entregar as atividades impressas e recolher as lições prontas: “Era quase a única coisa que chegava até eles. Foi a forma que encontramos para ter certeza de eles acessarem o trabalho e fazerem as atividades”, comenta Ilse.
As aulas presenciais na escola ficaram suspensas de março a maio e os professores começaram a utilizar aplicativos de mensagens gratuitos. Ilse alega que eles haviam ficado entusiasmados com as aulas on-line, mas que não deu certo: “Não demorou muito para percebermos que nem todos os nossos estudantes tinham condições de assistir às aulas, de fazer o trabalho on-line, porque não tinham internet, nem computador.”
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