A Escola Municipal Amadeu Araújo, localizada em Natal (RN), já se preocupava em garantir a plena participação de todos seus estudantes nas atividades escolares. Mas, quando parte de nossa equipe participou do curso de educação inclusiva Portas abertas, promovido pelo Instituto Rodrigo Mendes (IRM), percebemos que também era preciso envolver famílias e outros parceiros da região nessa cultura de inclusão. Assim, para estreitar os laços com a comunidade, realizamos uma tarde de exercícios corporais, jogos e brincadeiras no parque. Participaram da formação o professor de educação física e duas profissionais do atendimento educacional especializado (AEE) da unidade.
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+ A Amadeu Araújo através do olhar dos educadores da escola
Para colocar a ideia em prática, nossa primeira estratégia foi realizar uma formação continuada com a comunidade sobre a inclusão de alunos com deficiência. Nos encontros, estudamos a legislação relacionada às pessoas com deficiência, porque grande parte das famílias desconhecia os direitos de seus filhos. Ao final, o grupo redigiu uma carta à secretaria de educação da cidade, reivindicando as garantias previstas por lei.
Para os demais profissionais da escola e estudantes, organizamos sessões de cinema seguidas de debates. As turmas dos anos iniciais do ensino fundamental assistiram à animação espanhola “Cuerdas”, que fala sobre a amizade entre uma garota órfã e um menino com paralisia cerebral. Já os alunos do 6º ao 9º ano e da educação de jovens e adultos (EJA) viram “Como estrelas na terra”, sobre a trajetória escolar de um jovem indiano com dislexia, e “Meu pé esquerdo”, filme que mostra a história do pintor tetraplégico Christy Brown.
Atividades com a comunidade
Por fim, realizamos um dia de atividades no conhecido Parque das Dunas. O evento contou com a participação de alunos, ex-alunos, familiares, outras escolas e até de quem passava pelo local e demonstrava interesse em participar.
Entre as atrações artístico-culturais, destacaram-se a apresentação de um coral que cantou em Língua brasileira de sinais (Libras) e a performance do grupo Assalto Literário. Já entre as dinâmicas sensoriais, a atividade de fotografia às cegas – na qual uma pessoa vendada é desafiada a tirar fotos com o auxílio de um colega – fez bastante sucesso. Na lista de brincadeiras, houve circuitos com barreira e corridas sobre rodas, com todos sentados em cadeiras de rodas.
Os jogos cooperativos
A bilocha e o vôlei de toalha marcaram os jogos cooperativos.
Para brincar de bilocha, uma mistura de bocha e bolinha de gude, os estudantes, em dois grupos, devem aproximar sua bola de uma bola-alvo, afastando-a do oponente. Não existem regras específicas e vence a equipe que chegar mais perto. A atividade propicia a participação de todos: enquanto uma parte do time discute as estratégias, a outra arremessa as bolas. Durante a brincadeira no parque, usamos as bolas de basquete e de vôlei da escola, mas é possível se divertir até mesmo com bolinhas de papel.
Já o vôlei de toalha parte do esporte tradicional, mas não tem as regras engessadas. Nessa brincadeira, os alunos são divididos em dois times e, dentro de cada equipe, em duplas. Cada par deve segurar uma toalha e precisa usá-la para jogar a bola por cima da rede, no campo do time adversário. Este, por sua vez, deve devolvê-la, também usando a toalha, sem deixar que ela encoste no chão. Esse comportamento transforma a lógica do “um contra o outro” em “todo mundo junto”.
Assista às atividades que a Escola Municipal Amadeu Araújo realizou junto com a comunidade:
Impactos da iniciativa
As atividades ocorriam ao mesmo tempo e cada professor era responsável por coordenar uma delas. A ideia era juntar as mais variadas formas de expressão. Ao final da empreitada, os estudantes passaram a interagir mais, e os pais puderam ver o potencial dos filhos e da atividade inclusiva.
Por parte dos educadores, o conformismo foi trocado por uma atuação mais crítica e exigente. Nosso professor de artes e música percebeu o poder que a comunidade escolar unida tem de “fazer a coisa acontecer”. Já a docente de história nos relatou que aproveitou a empatia despertada para se colocar mais no lugar dos estudantes.
A experiência foi incluída no projeto político-pedagógico (PPP) da instituição e queremos estender a formação aos profissionais que ficaram de fora dessa edição. O evento em espaço aberto deve se tornar anual em nosso calendário.
Projeto participante do curso Portas abertas para a inclusão. Esta experiência faz parte da Coletânea de práticas 2016.