Marabá (PA) fortalece atenção e cuidado aos estudantes na pandemia

Desde a implementação do ensino remoto até o retorno presencial, rede municipal prioriza o cuidado com todos os estudantes e profissionais de educação

Por conta da pandemia ocasionada pela Covid-19, o município de Marabá (PA), na região norte, suspendeu as aulas presenciais em março do ano passado, assim como todas as cidades do país. A partir daquele momento, educadores e gestores da rede municipal tiveram pela frente um grande desafio: garantir a aprendizagem de todos os estudantes no ensino remoto.

Para conseguir superar o desafio, o município teve cuidado e atenção desde a realização do planejamento do ensino a distância, até a retomada gradual das aulas presenciais. Entre as ações realizadas está a elaboração de material didático que atenda às reais necessidades de cada série, atenção aos estudantes com deficiência e suporte aos profissionais de educação.

 

Em sala de aula, carteiras de escola na cor laranja estão vazias. À frente, uma lousa branca, mesa do professor com alguns pertences e, ao lado, um ventilador fixado na parede. Fim da descrição.
Fonte: Secretaria de Educação de Marabá

Implementação do ensino remoto

A rede municipal tem 54 mil estudantes matriculados, divididos em 200 escolas, sendo 105 unidades em zona urbana, abrangendo 42 mil alunos, e outras 95 em zona rural, com 12 mil alunos. Por isso, em de abril de 2020, a Secretaria de Educação de Marabá (Semed) mapeou a quantidade de estudantes com acesso à internet e recursos tecnológicos, tais como computador e notebook, para implementar o ensino remoto de forma que atendesse todos os estudantes da educação infantil, do ensino fundamental e da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

“O resultado mostrou que 65% dos alunos tinham naquele momento condições de acompanhar o ensino remoto via internet. Os 35% que tinham acesso eram predominantemente crianças e jovens da zona rural, onde a internet é deficitária, além de uma parte de alunos da zona urbana em vulnerabilidade social”, afirmou Fábio Rogério, Diretor de Ensino Urbano de Marabá.

No primeiro semestre, por conta do tempo, a secretaria decidiu produzir atividades impressas, que foram entregues pelas escolas, e paralelamente construiu a plataforma de ensino on-line. O acompanhamento das atividades foi realizado pelos professores por meio de ligações e troca de mensagens por aplicativos e redes sociais. Para os estudantes que não conseguiram contato, a secretaria, mediante a uma parceria, fez busca ativa com visitas na residência de cada um.

Antes do início do segundo semestre, o currículo, elaborado em consonância com as competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a participação de educadores e gestores, precisou ser realinhado.

Segundo Fábio Rogério, o currículo é muito extenso e, com a realidade da pandemia, foi preciso uma priorização por parte da rede: “Fizemos uma priorização curricular para entender o que é mais essencial e imprescindível aos estudantes em cada série, visando desenvolver as habilidades necessárias para a vida escolar.”

No mesmo semestre, a plataforma de aulas on-line foi finalizada, dando início às atividades para os estudantes que tinham acesso à internet.

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Suporte aos profissionais de educação

O suporte e o cuidado com educadoras, educadores e demais profissionais de educação foi outra prioridade em Marabá. Periodicamente houve reuniões com todos os professores para orientá-los na realização e acompanhamento das atividades propostas. Para acompanhamento da plataforma de ensino, todas as escolas disponibilizaram acesso à internet aos educadores.

Outro apoio dado foi o psicossocial, com atendimento individual e rodas de conversa e escuta. “Nós, profissionais de educação, deparamo-nos com uma situação que nunca vivemos. Assim como os estudantes, também sofremos nesse momento. Então, o cuidado com o profissional é imprescindível para manter a educação de qualidade”, afirmou o diretor.

Novidades para 2021

A Secretaria de Educação, ao fim do ano letivo do primeiro ano da pandemia, buscou fazer uma avaliação dos conteúdos aplicados aos estudantes e identificar possíveis melhorias para 2021. Apesar de considerar as atividades adequadas, a qualidade de impressão do material foi um ponto a desenvolver, já que foram utilizadas copiadoras do município.

 

Duas mãos seguram um caderno de estudos na cor azul e com ilustrações de Marabá, que está em cima de outros dois cadernos. Na capa do material didático está escrito “1º caderno de estudos em rede. Educação Infantil – Jardim II”. Fim da descrição.
Fonte: Secretaria de Educação de Marabá

Sendo assim, foi produzido o “Caderno de estudos em rede”, um novo material didático com identificação ilustrativa valorizando o território, como os importantes rios que estão entre a cidade: Itacaiúnas e Tocantins. Essa nova produção, válida para todo o ano letivo, foi totalmente impressa em gráfica.

Educação inclusiva

O cuidado com os estudantes antes e no período de pandemia inclui os estudantes público-alvo da educação especial. Os 1.345 estudantes com deficiência da rede municipal são acompanhados pelo Departamento de Educação Especial, que conta com equipe multidisciplinar e 50 Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) para o Atendimento Educacional Especializado (AEE).

De acordo com o Diretor de Ensino Urbano, para garantir a aprendizagem desse público, o “Caderno de estudos em rede” teve outras versões com acessibilidade, como, por exemplo, em braile.

“Tivemos todo o carinho e atenção para não deixar ninguém para trás. Além do material didático adaptado, constantemente orientamos os professores sobre como garantir a aprendizagem e realizar a avaliação dos estudantes público-alvo da educação especial.”

Em situações específicas em que houve alguma dificuldade de aprendizagem, seguindo os protocolos sanitários e com autorização dos responsáveis, alguns estudantes foram atendidos presencialmente nas escolas para acompanhamento mais próximo de um educador.

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Retorno presencial

No dia 13 de setembro, as aulas presenciais foram retomadas de forma escalonada, com 50% da presença dos estudantes, seguindo os protocolos da Organização Mundial de Saúde (OMS). A data foi escolhida pela secretaria por conta do calendário de vacinação contra covid-19, pois foi priorizado o retorno somente com os profissionais de educação devidamente imunizados.

 

Estudantes sentados na carteira acompanham apresentação aula com professora. Todos utilizam máscaras. Fim da descrição. 
Fonte: Secretaria de Educação de Marabá

Segundo a Secretária de Educação de Marabá, Marilza Leite, o município está apto para receber os estudantes. “Estamos preparados e bastante confiantes de que o momento é propício. Tomamos diversas medidas para tornar cada ambiente mais arejado. Colocamos mais pias, fornecemos máscaras, álcool 70%, aparelhos para aferir a temperatura e termômetro digital.”

Para o devido acolhimento dos estudantes que estão fora da sala de aula há mais de um ano, os professores e equipes das escolas participaram de encontros formativos com objetivo de facilitar a readaptação dos alunos no ambiente escolar.

Monitoramento pedagógico e sanitário

O retorno das aulas presenciais é acompanhado do monitoramento de equipes técnicas da Vigilância Sanitária e da Educação. No aspecto sanitário, o objetivo é observar diariamente se há ocorrências de possíveis contaminações pela covid-19. Após 30 dias de aulas, o resultado desse acompanhamento epidemiológico será utilizado a fim de decidir sobre o retorno de 100% dos estudantes no início de novembro.

No aspecto pedagógico, todos os estudantes participarão de uma avaliação diagnóstica, com a finalidade de apontar os conteúdos com maior defasagem na rede. De acordo com a secretaria, será desenvolvido um trabalho específico para fortalecer a aprendizagem que possa ter ficado com falhas durante o período das aulas remotas.

Evasão escolar

 

Em sala de estar, duas integrantes do projeto “Territórios em rede” conversam com a responsável por estudante. Fim da descrição.
Fonte: Secretaria de Educação de Marabá

A Secretaria de Educação de Marabá criou o projeto “Territórios em Rede” com o objetivo de reduzir o índice de evasão escolar na rede municipal. As equipes que compõem a iniciativa realizam o levantamento dos estudantes que estão com pouca ou nenhuma frequência e, posteriormente, em visita à família, orientam sobre a importância da permanência do estudante na escola, bem como de acompanhar as atividades escolares.

Fábio acredita que seja necessário entender o motivo da criança ou adolescente não ter realizado as atividades: “Será que o estudante foi para a zona rural? Ou ele passou por dificuldades fora do âmbito escolar? A pandemia acentuou a desigualdade social e não podemos aumentar isso. Vamos ouvir caso a caso e criar oportunidades para trazer todos de volta.”

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