Professora ensina matemática e diverte alunos com máquina de somar “caseira”

Quando se tratava de matemática, os níveis de aprendizado da turma na qual eu lecionava no Centro integrado de educação pública (CIEP) Marie Curie, em Duque de Caxias (RJ), eram bastante variados. A classe do 3º ano do ensino fundamental era composta por 18 estudantes de perfis distintos, incluindo crianças com baixa visão, com deficiência intelectual, com hipótese diagnóstica de autismo, além de quadros de esquizofrenia e mielomeningocele. Para trabalhar com essa diversidade, utilizei um material pedagógico acessível feito de peças simples e reutilizadas chamado Máquina de somar, que proporcionou noções de soma e subtração a partir da percepção concreta de ganho e perda.

Este vídeo conta com legendas em português, audiodescrição e Libras
O recurso é composto por uma estrutura cilíndrica e uma escala que avança ou retrocede conforme uma manivela é girada. Em sala de aula, a atividade aconteceu da seguinte forma: cada aluno, na sua vez, retirava um cartão com uma soma de dentro de uma caixa. Com o material em mãos, eles deveriam, primeiro, girar a alavanca o número de vezes correspondente ao primeiro número da operação. Depois, giravam mais o relativo ao segundo número. Como a cada volta que o mecanismo completava um LED se acendia, era possível obter o resultado contando as luzes. Se o estudante sorteasse, por exemplo, o cartão 2 + 4, ele daria duas voltas e depois mais quatro. Com isso, o recurso mostraria seis luzes acessas.

Aprendendo a somar brincando

Com essa atividade, trabalhei não só a matemática – com noções de quantidade, estimativa, ganho e perda –, como também o português, por meio da oralidade. Além disso, a Máquina de somar promoveu a interação entre as crianças e a possibilidade de aprender por meio de um recurso concreto. Acredito que a tecnologia, quando bem aplicada, pode se tornar um recurso metodológico para o desenvolvimento da aprendizagem de todos.

+ Aprenda a construir a Máquina de somar

A maior parte da turma participou da atividade sem grandes dificuldades. O Vitor, que tem mielomeningocele – síndrome que pode acarretar em atraso no desenvolvimento intelectual –, usou o material com autonomia. Ele sempre gostou muito de jogos. O Matheus, que possui baixa visão, não faz uso do braile e teve auxílio para contar as luzes.

Às vezes, os alunos tentavam dar palpites nas respostas dos outros, mas também buscavam ajudar os colegas. Posso dizer que eles aprenderam matemática brincando, pois viram a Máquina de somar como um jogo. Foi bastante divertido e também muito produtivo.

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