Mandalas de chão: crianças aprendem com a natureza

Objetivo principal de projeto de escola municipal foi mostrar novas formas de brincar e potencializar o contato das crianças com a natureza

A ideia principal do projeto “Mandalas de Chão: A natureza é o meu brinquedo” foi desenvolver a criação do brinquedo livre e o contato absoluto com a natureza. A partir do objeto construído e descontruído pela criança, da genuína exploração por meio da qual habita toda intencionalidade infantil, ela encontra sua verdadeira “alma brincante” e potencializa suas habilidades e seu aprendizado.

O projeto foi desenvolvido após o retorno presencial com 60 crianças, de 4 e 5 anos, que frequentavam a escola municipal de educação infantil Padre José Rubens Franco Bonafé, em São José dos Campos (SP). Quatro dessas crianças são estudantes público-alvo da educação especial.

Para envolvimento e participação de todas e todos, os princípios da equidade, constantes no currículo da cidade, foram essenciais na construção de atitudes que valorizassem o respeito e a solidariedade, fortalecendo a autoestima e os vínculos afetivos entre todas as crianças.

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Planejamento e práticas educacionais inclusivas

Todas as crianças têm potencialidades e possuem uma imaginação ilimitada, principalmente em um espaço privilegiado como o da natureza, onde a oportunidade de igualdade é promovida por meio do contato com os elementos essenciais dos reinos animal, mineral e vegetal. Isso resultou em um ambiente sem discriminação, onde todos foram beneficiados e construíram aprendizagens significativas.

O planejamento foi desenvolvido considerando os interesses e as demandas de todas as crianças dentro de suas especificidades. Aspectos como investigação, envolvimento do corpo, liberdade de expressão, gestos e imaginação foram contemplados.

A escuta ativa e a observação cuidadosa da forma com a qual as crianças se relacionavam com os brinquedos que estavam disponibilizados na sala de referência (termo utilizado, atualmente, na educação infantil para se referir à antiga sala de aula) proporcionaram um novo olhar para o cotidiano, com contextos de aprendizagens que consideraram os interesses, as necessidades e o ritmo de cada estudante.

Ações importantes para a prática inclusiva

Quatro norteadores foram essenciais no processo: “criança”, “brincar”, “tempo” e “espaço”.

As crianças estiveram no centro de toda a sustentação do processo. Suas preferências dinamizavam as propostas, proporcionavam o surgimento de infinitos gestos, olhares e inúmeras narrativas sensíveis para os contextos encontrados.

O “brincar” para a criança é o sonho realizado e envolve a curiosidade e a investigação para estruturação da brincadeira, que provém desse mundo imaginário, íntimo e repleto de empatia. Brincar é ainda um direito, que deve ser essencialmente garantido na educação infantil, conforme ressaltam documentos norteadores, tais como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

O “tempo” e o “espaço” também foram considerados, tendo em vista que administram a origem de tudo. O tempo era das crianças e o espaço totalmente preparado para seu encantamento. Espaços embalados por músicas que provinham da natureza, como cachoeiras, florestas, sons de pássaros e mar. O perfume dos elementos inundava o momento, eternizando a brincadeira. A escola é das crianças e para as crianças.

Fotos de crianças em ambiente escolar desenvolvendo o projeto proposto com elementos da natureza. Dentre esses elementos, em destaque, aparecem pinhas. Fim da descrição.
Foto: Daniela Carla. Fonte: Arquivo pessoal.

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Apoio familiar e resultados do projeto

Dentro das possibilidades de cada família, foram encaminhados os elementos que precisávamos para a realização do projeto. As crianças chegavam empolgadas, mostrando as riquezas e tesouros que haviam descoberto junto com seus familiares. Algumas aproveitavam momentos de passeios, outras momentos de trabalho, mas todas as famílias colaboraram de alguma forma.

Foi gratificante observar o amadurecimento e o relacionamento das crianças durante as vivências estabelecidas: os sorrisos, olhares, expressões e formas de comunicação.

As crianças construíram vivências estéticas, conhecimentos sobre recursos naturais, físicos e sociais. Além disso, promoveram experiências sensoriais e criaram diálogos em diferentes agrupamentos com autonomia e autoconfiança.


O projeto Mandalas de Chão: A natureza é o meu brinquedo” é um dos 50 finalistas do Prêmio Educador Nota 10 de 2021. 

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