Formação continuada: o desafio de colocar em prática o aprendizado

Confira como educadores de diversas regiões do país desenvolveram projetos inclusivos a partir de participação em capacitação realizada pelo Instituto Rodrigo Mendes

Cleuza Repulho, consultora da Diretoria de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (DGPE/FGV) e coordenadora técnica do Programa Juntos pela Educação em Pernambuco, fala sobre políticas públicas e financiamento para participantes do Alavancas para a Educação Inclusiva de Qualidade, em encontro presencial em 2024. Crédito: Renato Ramalho

A formação continuada é essencial para que gestores, professores e profissionais da educação compreendam os desafios da educação inclusiva, revejam sua atuação e fortaleçam práticas pedagógicas que garantam a participação e a aprendizagem de todos os estudantes. Em um cenário escolar cada vez mais diverso, investir no desenvolvimento contínuo dos educadores é fundamental para promover a inclusão, em que as diferenças são respeitadas e valorizadas, permitindo que cada aluno alcance seu pleno potencial. 

Mas como colocar em prática o que se aprende nas formações? Esse foi o desafio dos participantes do projeto “Alavancas para a Educação Inclusiva de Qualidade”, do Instituto Rodrigo Mendes (IRM), realizado em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Movimento Bem Maior, o Instituto Ambikira e o Instituto Machado Meyer. A iniciativa visa a formação de educadores, gestores escolares e técnicos de secretarias municipais de Educação de todo o país, com o objetivo de potencializar práticas e políticas públicas locais que proporcionem uma educação de qualidade para todas e todos.   

Dividido em diferentes etapas, desenvolvidas entre 2023 e 2025, o programa de formação é realizado em parceria com dez secretarias municipais de Educação, que representam as cinco macrorregiões do Brasil: Maués (AM), Óbidos (PA), Campo Formoso (BA), Gado Bravo (PB), Irauçuba (CE), Lucas do Rio Verde (MT), Cajati (SP), Patos de Minas (SP), Alvorada (RS) e Canguçu (RS).     

Em 2023, a equipe do IRM conduziu uma formação semipresencial com cerca de 400 educadores desses municípios, que incluiu orientação e apoio para a elaboração e o desenvolvimento de cem projetos inclusivos, com foco na promoção do protagonismo e da autonomia de todos os estudantes.  

As propostas desenvolvidas foram variadas e buscaram atender as necessidades de cada instituição de ensino: da elaboração de brincadeiras sensoriais para crianças da Educação Infantil a jogos matemáticos para estudantes dos Anos Finais do Ensino Fundamental. Nos conteúdos listados a seguir, mostramos em detalhes como algumas dessas atividades foram planejadas e quais foram os impactos gerados ao serem colocadas em prática.  

Também compartilhamos uma entrevista com Fernando Luiz Abrucio, coordenador da área de educação do Centro de Estudos de Administração Pública e Governo da Fundação Getulio Vargas (FGV). Acompanhado por uma equipe de pesquisadores, ele visitou as diferentes localidades que integram o Alavancas e, na conversa com o DIVERSA, fala sobre como essa experiência reforçou sua defesa em relação à necessidade de construção de novos mecanismos de governança federativa e intersetorial, dedicação integral para os professores nas escolas e formação inicial e continuada voltada à inclusão.  

O quadro de conteúdos se completa com o relato de uma das participantes das formações realizadas pelo IRM, que conta como o que aprendeu a ajudou em seu duplo papel como educadora em uma rede municipal de educação e como mãe de um menino com transtorno do espectro do autismo (TEA) que estuda em uma escola inclusiva. Confira a seguir.  

Brincadeiras sensoriais favorecem inclusão em escola de Minas Gerais 
Experiências sensoriais são fundamentais ao longo de toda a educação infantil pois, ao explorarem os cinco sentidos, ajudam as crianças a compreender melhor o próprio corpo e suas habilidades e a desenvolver sua percepção de mundo. Leia a reportagem e se inspire com o projeto de uma escola de Minas Gerais. 

Projetos literários contribuem para ampliar as leituras de mundo
Quando leem um livro, as crianças embarcam em uma jornada de conhecimento, na qual têm a chance de entrar em contato com novas culturas, ampliar o vocabulário, exercitar a imaginação, aprender mais sobre o mundo, entender as próprias emoções e as dos outros, além de ter acesso a diferentes gêneros textuais e interpretar e analisar criticamente o que foi lido. Veja na reportagem exemplos de projetos literários que contribuem para a formação de leitores. 

Professoras da Bahia ensinam matemática com álbum de figurinhas
É possível aprender por meio de brincadeiras? Essa iniciativa de uma escola de Campo Formoso (BA) mostra que sim. Ao colocar alunos do 3º ano do ensino fundamental para comprar, vender e trocar figurinhas, a proposta permitiu avanços na aprendizagem de matemática e na interação entre todos os alunos. Acesse a reportagem e conheça as etapas e os resultados do projeto.  

Escola do Amazonas valoriza a cultura indígena
Ao trabalhar leitura, escrita e oralidade utilizando lendas, contos e histórias locais com todos os estudantes, um projeto desenvolvido por duas professoras de uma escola de Maués (AM) contribuiu para fortalecer uma educação inclusiva e aproximar a comunidade escolar das tradições dos indígenas sateré-mawé. Confira como foi a realização dessa iniciativa.  

Alunos de Mato Grosso aprendem a pesquisar com proposta inclusiva
Como utilizar a curiosidade das crianças para enriquecer seus saberes sobre biologia? Em uma escola de Lucas do Rio Verde (MT), professoras aproveitaram o interesse dos estudantes para que eles ampliassem seus conhecimentos sobre os animais domésticos, silvestres, aquáticos, terrestres e aéreos. Saiba como a proposta permitiu que os alunos aprendessem procedimentos de estudo essenciais para a trajetória escolar. 

A importância de aprender a expressar as emoções na educação infantil
Os sentimentos fazem parte da nossa essência e, assim como nos alfabetizamos para ler e escrever, contar, somar e dividir, precisamos nos desenvolver emocionalmente, processo que começa na infância. A literatura é uma das principais estratégias para isso. Conheça a experiência de uma escola de Canguçu (RS) que utilizou a leitura para trabalhar as emoções com as crianças da Educação Infantil.  

Como usar jogos matemáticos a favor da aprendizagem e da inclusão
Já parou para pensar que uma das principais vantagens do uso de jogos na educação básica é que eles têm, por si só, um caráter inclusivo? Em um jogo é possível construir regras para que todos possam participar juntos e um colaborar com a aprendizagem do outro. Isso foi o que motivou uma professora de Patos de Minas (MG) a usar essa estratégia com alunos do 9º ano. Leia a reportagem e saiba mais sobre o processo de desenvolvimento e os resultados dessa proposta. 

Enfrentar a desigualdade territorial é essencial para o avanço da educação inclusiva
O cientista político Fernando Abrucio defende a necessidade de um forte movimento para colocar no debate nacional a construção de uma governança cooperativa entre os governos federal, estaduais e municipais, para que o Brasil dê novos passos em direção a avanços mais significativos na equidade da oferta educacional para as pessoas com deficiência. Confira a entrevista completa. 

Busca ativa é estratégia para combater exclusão escolar
Uma das principais estratégias para combater o abandono e a evasão é a busca ativa, um conjunto de ações que podem ser iniciadas pela própria escola ou pelas redes de ensino. Conheça a experiência de três cidades que apostam no trabalho intersetorial para localizar estudantes e tentar solucionar questões que levam à evasão, além de acompanhar o retorno às aulas e garantir a permanência. 

Em duplo papel, educadora e mãe aposta na parceria com a escola
Conheça a história de Juliana Amaro, pedagoga e coordenadora técnica na rede municipal de Cajati (SP) e mãe de um menino de seis anos com transtorno do espectro do autismo (TEA). Neste relato, ela conta como participar de formações sobre educação inclusiva a ajudou a ampliar a inclusão de seu filho na sala comum e a aprimorar a sua atuação profissional. 

 

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