Escolas do Brasil são finalistas em prêmio internacional

Práticas pedagógicas inovadoras colocam três escolas do país entre as 50 melhores do mundo em prêmio internacional de educação

Três escolas públicas brasileiras estão entre as 50 melhores do mundo por terem práticas educacionais que vêm transformando a vida de estudantes e da comunidade escolar.

O World’s Best School Prizes (Prêmios de Melhor Escola do Mundo, em português) selecionou duas escolas de Pernambuco: a Escola Técnica Estadual Professor Agamenon Magalhães, de Recife, e a Escola Municipal Evandro Ferreira dos Santos, de Cabrobó. A terceira instituição é a EMEF Professora Adolfina J. M. Diefenthäler, de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul.

O prêmio seleciona dez escolas, de todo o mundo, em cinco diferentes categorias: Colaboração Comunitária, Ação Ambiental, Inovação, Superação de Adversidadea e Apoio a Vidas Saudáveis. Todas elas estão relacionadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas (ONU).

Conforme dados do portal do prêmio, ao todo, dos 50 indicados há representantes de 30 países, de cinco continentes. A Índia é a que tem mais indicações, com cinco instituições, seguida de Brasil, Estados Unidos, Inglaterra e Filipinas, com três escolas.

Boas práticas brasileiras

A mais antiga instituição estadual do país voltada ao ensino técnico, a Escola Técnica Estadual Professor Agamenon Magalhães, localizada em Recife, foi selecionada para o prêmio internacional na categoria Inovação, com o projeto “Live Up”.

O projeto, que teve início em 2010, aborda os ODS da ONU e tem por objetivo apoiar o empreendedorismo social. A ideia é que os estudantes tragam problemas sociais das comunidades em que vivem para buscar soluções na sala de aula, por meio de meios inovadores. Um dos resultados do projeto é o “Construcoco”: tijolos ecológicos confeccionados a partir da fibra de coco verde, que era descartado irregularmente no bairro de alguns dos estudantes.

“Uma das principais habilidades desenvolvidas no Live Up é a empatia. Para ajudar a solucionar o problema do outro, era preciso entender a dor que aquilo trazia. Às vezes, a resposta que você dá não é o suficiente ou o interessante para quem tá lidando com a situação. O impacto social gerado pelas habilidades trabalhadas nesse projeto hoje é bastante conhecido pelas metas dos ODS”, explicou Eraldo Guerra, educador que iniciou o projeto na escola, em entrevista para o portal da Secretaria Estadual de Educação de Pernambuco.

Outro resultado do projeto é o “Cangame”, um software que apoia estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nos estudos e na comunicação, e já é usado em 23 países.

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Participação familiar

A fim de melhorar o processo de aprendizagem de seus estudantes, o projeto “Distantes sim, desconectados não! Família e escola projetando sonhos, promovendo a inclusão”, da Escola Municipal Evandro Ferreira dos Santos, enfatizou a alfabetização das mães e dos pais.

O intuito da iniciativa, indicada na categoria Superação de Adversidades, é que a família se torne mais participativa na vida escolar dos jovens dos anos finais do ensino fundamental, podendo auxiliá-los e motivá-los em seus estudos. A iniciativa focou principalmente na alfabetização das mães, proporcionando-as a possibilidade da inclusão no mercado de trabalho e no mundo digital.

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“O projeto é de suma importância, pois já contribuiu para a formação de familiares junto à escola, e estamos convictos que a utilização da educação forma grandes cidadãos”, disse a idealizadora do projeto, professora Fernanda Sheilânia, ao portal da Secretaria Municipal de Cabrobó.

Gestão democrática

A EMEF Professora Adolfina J. M. Diefenthäler foi indicada na categoria Colaboração Comunitária por conta da inserção de um Comitê de Gestão Democrática, que reverteu a situação da unidade.

Até a criação do comitê, a unidade sofria com a evasão escolar e com o grande número de reprovações. Além disso, os educadores e estudantes estavam desmotivados para concluir os estudos.

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Com a chegada do Comitê de Gestão Democrática, independentemente da liderança da escola, foi possível apoiar estudantes, familiares e educadores no objetivo de entender que mudanças eles queriam ver dentro da escola.

A cada mês são realizadas assembleias nas salas de aulas, onde a comissão documenta todas as ideias e demandas dos estudantes. Uma vez ao ano a escola realiza uma conferência, na qual as maiores demandas e questões são discutidas e debatidas com a participação geral.

Ao portal da Prefeitura de Novo Hamburgo, a diretora da escola, Andréa Vimmer, diz que a comunidade escolar “se sente orgulhosa com o reconhecimento, pois há um sentimento de pertencimento por parte de todos.”

Inclusão na prática

Na perspectiva inclusiva, há uma escola internacional que se destaca. A Pinelands North Primary School (Escola Primária do Norte de Pinelands, em português), da África do Sul, concorre na categoria Superação de Adversidades por proporcionar a inclusão de todas e todos na prática.

De acordo com o site do prêmio, a instituição é reconhecida como uma das principais escolas do país que promove a educação inclusiva, prezando pela construção de um relacionamento com a comunidade escolar, pela quebra de barreiras e pela criação de um ambiente inclusivo, que promova o sentimento de pertencimento.

A partir do 2º ano do ensino fundamental, todos os estudantes aprendem a Língua de Sinais Sul Africana como forma de possibilitar a comunicação com crianças surdas sinalizantes.

Entre outras iniciativas, está o incentivo aos estudantes com os cuidados aos animais e a implementação de ações durante a pandemia de covid-19, como o acolhimento psicológico dado aos estudantes e familiares e a oferta de ensino remoto.

Premiações internacionais

O World’s Best School Prizes é uma iniciativa lançada em 2022, pela instituição britânica T4 Education, a fim de reconhecer e fortalecer o papel de uma educação de qualidade.

As inscrições foram abertas a instituições de educação básica de todo o mundo. Em setembro de 2022, serão conhecidos os três finalistas de cada categoria e, em outubro, na Semana Mundial da Educação, os ganhadores serão anunciados.

Além do World’s Best School Prizes, existem outras premiações internacionais que visam reconhecer práticas educacionais inovadoras que contribuem para o desenvolvimento de estudantes e da comunidade.

O Reimagine Education Awards é o prêmio considerado o “Oscar” da educação mundial, e anualmente premia abordagens inovadoras que melhoram a aprendizagem de estudantes do ensino superior. Os vencedores deste ano serão conhecidos na primeira semana de dezembro.

Na mesma linha, há mais dez anos o prêmio indiano Global Teacher Award reconhece estratégias pedagógicas de educadoras e educadores de todas as partes do mundo. Segundo a organização do prêmio, o objetivo principal é “identificar práticas inovadoras que contribuam para uma sociedade melhor.”

Já o Zero Project, uma iniciativa da Fundação Essl, tem como finalidade reconhecer e divulgar soluções que melhoram a vida cotidiana e os direitos legais das pessoas com deficiência.

A cada ano o projeto premia soluções inovadoras em quatro diferentes áreas: Educação, Emprego, Acessibilidade e Vida Independente e Participação Política. Cada um desses temas é premiado em um ciclo de quatro anos, no qual a educação foi tema em 2016 e 2020. Desde 2020, o prêmio também aborda as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).

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