Final do ano de 2006, me deparei com uma situação não muito confortável pra mim na época, é claro. Estava ministrando aulas na terceira série já faziam dois anos e sabia que em 2007 eu continuaria na mesma série, mas com uma diferença, iria trabalhar com uma criança com deficiência a aluna B que apresentava comportamentos diferenciados dos alunos sem deficiência. já em 2007 continuei na mesma série como já havia falado anteriormente e a aluna B veio para a sala, ela tem deficiência intelectual e não aprendia como os outros, na nossa escola temos o regime de seriação e a B já havia vindo de várias repetências estando assim com quase quatorze anos. Isso se deu devido aos pais não aceitarem que ela era uma criança com deficiência, com muita luta, conversas com a equipe gestora e acreditem isso levou anos para conseguirmos mas não desistimos e a mãe aceitou que ela fosse fazer as avaliações e constatando a deficiência aí sim é que não aceitaram mesmo. A mãe não aceitou que trabalhassemos com ela no período da manhã na escola normal e que ela fosse a tarde para o CEMAE (Centro Municipal de Atendimento Especializado) para a atendimento com equipe de técnicos especializados, ficando conosco mesmo. Com autorização e sem um pingo de experiência pedi autorização a direção e eu mesma fiz o currículo adaptado com conteúdos de jardim II e pré-escola, percebi que a B um dia dava todas as respostas e outro ela não sabia nada, me deixando muito frustrada e fracassada que é o pior. Após muitas conversas foi proposto um outro tipo de currículo para a B, além dos conteúdos de sala ela iria aprender coisas para sua vida como por exemplo: ir ao mercado e saber o que ser comprado, valor de dinheiro, arrumação da casa, corte e costura, bordado e noções de higiene, pois, ela havia ficado mocinha na escola e não fazia corretamente sua higiene entre outras coisas muito básicas e mesmo assim um dia sabia e no outro ela não sabia nem o que tinha sido feito no dia anterior. esse currículo foi trabalhado a parte da sala de aula juntamente com o nosso projeto existente até hoje que se chama Oficina do Saber onde há uma professora para realizar o trabalho extra-classe. Eu trabalhava o conteúdo normal e a professora Márcia os conteúdos extra, no final do ano nós em comum acordo passamos a aluna para a quarta série com base no que ela já havia aprendido, e qual foi nossa surpresa foi quando sua mãe veio nos falar que iria se mudar para um bairro distante e a aluna B teve que passar a estudar numa escola de bairro e estadual, infelizmente ela não encontrou profissionais que a olhassem com outros olhos e a compararam com alunos ditos "normais", nós aqui na escola sobre orientação da equipe gestora nós (todos os professores que haviam dado aulas para a aluna B) inclusive a diretora redigimos os relatórios de tudo o que ela sabia mandei também o currículo adaptado para que continuassem de onde paramos, as cópias foram mandadas para a Diretoria de Ensino e para a escola. Qual foi nossa surpresa quando encontrei a professora atual dela onde ela me relatou que a aluna B não sabia nada e porque nós havíamos passado ela de ano, perguntei você não leu o relatório por nós mandado? ela simplesmente me respondeu que não, eu expliquei a situação dela e como eu utilizava o currículo adaptado que na época julgava ser o correto pois não tínhamos as parcerias que temos hoje como a psicopedagoga, psicologa. Infelizmente a aluna B não quis mais frequentar a escola. Hoje não sei como ela esta. Espero que tenha voltado para a escola, pois todos tem esse direito e todos aprendem de maneiras diferentes mas aprendem depois dessa experiência trabalhei com outras patologias, errei muitas vezes sim com certeza mas também acertei muito, o erro que hoje é frequentemente constatado em nossas escola é que encontramos professores que ainda não vestiram a camisa das diferenças não se propuseram a se sentir no lugar de uma pessoa com deficiência ou ter uma pessoa com deficiência em sua casa é somente quando você vive essa realidade que você aceita os fato. Espero ter acrescentado algum conhecimento em minha experiência.
Elisandra Rodrigues – Apiaí – SP