A educação física se constituiu como uma disciplina excludente, principalmente com relação aos estudantes com deficiência. Mas concepções de ensino pautadas na valorização dos direitos humanos têm defendido a adoção de uma perspectiva segundo a qual os professores devem considerar as singularidades dos alunos em suas práticas pedagógicas, de maneira que todos tenham a possibilidade de participar de uma mesma atividade. Com base nesse princípio, desenvolvemos um projeto de badminton inclusivo na Escola Municipal Professor Luiz Maranhão Filho, no qual o esporte, já tradicional na unidade, foi praticado em conjunto por nossas crianças e adolescentes com e sem deficiência graças à flexibilização de regras e recursos.
As classes selecionadas contavam com alunos com alguma deficiência. Na turma do 5º ano, um dos garotos tinha deficiência intelectual e uma garota apresentava bloqueio de fala e dificuldades em interagir com os colegas. Na classe do 6º ano, uma das adolescentes possuía transtorno do espectro autista (TEA). Na turma do 7º ano estavam matriculados quatro estudantes com alguma deficiência: um com deficiência intelectual; uma com deficiência física que não podia correr, andar longas distâncias ou realizar movimentos rápidos; um com deficiência múltipla (surdez e intelectual) que pouco participava das atividades e uma aluna surda. Todos participaram do badminton inclusivo junto com seus colegas de classe sem deficiência.
Conhecendo o esporte
Nossa primeira ação foi mostrar o badminton e seus fundamentos aos estudantes. Primeiro, a professora de educação física apresentou a evolução histórica da peteca. Em seguida, os alunos confeccionaram seus próprios exemplares para serem usados como brinquedos. Para isso, eles utilizaram material reciclável disponível na escola. As regras do esporte foram explicadas nas aulas posteriores. Durante esses momentos teóricos, usamos muitos recursos visuais para facilitar a compreensão de todos.
O badminton inclusivo
Depois disso, passamos à prática. Em um primeiro momento, cada turma entrou em quadra com a missão de recriar as regras de modo a permitir que todos pudessem participar. Por isso, essa atividade inicial não teve como foco o jogo em si: os estudantes estiveram preocupados em pensar em cada um de seus colegas, sugerindo modificações que pudessem facilitar a partida para todos. Em seguida, eles sistematizaram as alterações propostas e praticaram o badminton de acordo com o que fora acertado entre a classe.
Os alunos participaram ativamente das partidas e manifestaram interesse em saber se as estratégias formuladas pelos grupos, de fato, possibilitariam a inclusão de todos. Após as aulas práticas de badminton, realizamos rodas de conversa com os estudantes. Entre suas falas, eles expressaram que foi importante ver como todos têm possibilidade de praticar um esporte.
Resultados e continuidade
O projeto de badminton inclusivo permitiu que os estudantes pensassem nas especificidades um dos outros, percebendo que todos têm potencial e podem participar das mesmas atividades desde que sejam garantidas igualdade de condições, considerando as diferenças. Da mesma forma, a experiência foi importante para os profissionais envolvidos, pois nos permitiu refletir sobre a realidade do contexto escolar, identificando os facilitadores e as barreiras a serem transpostas para a efetivação de uma educação cada vez mais inclusiva.
Este projeto foi fruto da participação da Escola Municipal Professor Luiz Maranhão Filho no curso Portas abertas para a inclusão, do Instituto Rodrigo Mendes (IRM). Veja cenas das ações desenvolvidas na escola no vídeo da formação a partir de 1’58”.