Melhorar o convívio entre as crianças do 4º ano B era um de nossos desafios enquanto educadores da Escola Municipal Nossa Senhora dos Anjos, em Salvador (BA). Isso porque a turma apresentava uma certa resistência em incluir Raquel, aluna com baixa visão, nas atividades coletivas. Assim, para favorecer a interação entre os estudantes, aproveitamos o interesse da classe nas Olimpíadas que ocorriam no Brasil – e por meio de um circuito de atletismo, conseguimos que desenvolvessem empatia e respeito pelas diferenças.
Antes de entrar em quadra
Meses de planejamento antecederam a realização das atividades físicas com as crianças. Nossa primeira ação foi mapear as necessidades e potencialidades de Raquel. Organizamos uma visita ao Instituto de Cegos da Bahia com a intenção de formar uma parceria. Os profissionais da instituição nos deram sugestões de como sensibilizar a turma. Nessa etapa, a participação e colaboração do atendimento educacional especializado (AEE), da família da estudante e da própria Raquel foram fundamentais.
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O circuito de atletismo foi escolhido por sugestão da professora de educação física. Como o ano era de Olimpíadas e Paralimpíadas no Brasil e esses eventos eram de interesse dos alunos, seria possível trabalhar valores como respeito, empatia, busca por excelência e cooperação com a classe. Além disso, por apresentar uma grande variedade de movimentos e percursos, a modalidade possibilitaria a participação do maior número de estudantes. Um ótimo jeito de não deixar ninguém de fora.
O circuito de atletismo
Corrida de ziguezague, desvio de garrafas penduradas, salto com barreira, cambalhota e arremesso de bambolê. Durante as aulas práticas, as crianças foram incentivadas a realizar essas atividades com precisão em vez de rapidez. Os valores olímpicos abordados em sala de aula foram relembrados.
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A professora apresentou os movimentos individualmente. Depois, os alunos participaram em grupo, usando vendas de TNT para vivenciar a baixa visão de Raquel e estimular os demais sentidos. As diferentes atividades foram divididas em estações:
- Primeiro, os estudantes correram em ziguezague, contornando pequenos cones alinhados em cinco fileiras;
- Depois, tiveram que desviar de garrafas penduradas no teto;
- O salto com barreira foi executado sobre cabos de vassoura presos a cones;
- Na sequência, eles viraram cambalhota em placas de EVA;
- Por fim, foi a vez do arremesso de bambolê em cones.
Resultados
Percebemos que os alunos passaram a ter mais cuidado uns com os outros. Raquel ficou mais aberta ao grupo, indicando uma melhora em sua autoestima. Entre as próximas ações, gostaríamos de investir ainda mais em nossa parceria com o Instituto de Cegos. Aos poucos, queremos mudar a cultura da escola, mostrando a nossos colegas educadores que eles são sim capazes de dar conta de todo e qualquer estudante em suas classes.
Projeto participante do curso Portas abertas para a inclusão. Esta experiência faz parte da Coletânea de práticas 2016.