Meu filho tem deficiência e precisa ir à escola, e agora?

“Espero um menino. Descobri que ele tem Síndrome de Down. Estou com medo. Que vida terá meu filho?” Essas palavras foram enviadas por uma futura mãe a uma organização de apoio à Síndrome de Down, que em parceria com uma empresa de publicidade italiana, produziu um vídeo em que pessoas com Down respondem: “Cara futura mamãe, não tenha medo! Teu filho poderá fazer muitas coisas. Poderá te abraçar. Poderá correr ao teu encontro. Poderá ir à escola. Como todos!”

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No atual momento histórico em que a sociedade reconhece a relevância do debate em torno da aceitação à diversidade humana, nos parece uma consequência natural que os desafios envolvendo a inclusão escolar do público-alvo da educação especial assumam maior intensidade na operacionalização das políticas públicas.

Reconhecemos na indagação da mãe a respeito do futuro a meta que norteia os processos de gestão envolvendo a inclusão escolar nas escolas públicas estaduais da rede de ensino do Rio Grande do Sul. O investimento na implementação do atendimento educacional especializado (AEE), como “dispositivo pedagógico” capaz de subsidiar os apoios necessários para os estudantes com deficiência, matriculados nas escolas de ensino comum da rede, tem sido a forma que traduzimos a possibilidade de escolarização desses sujeitos, bem como, no papel social da escola como instituição que “faz do futuro seu princípio”, ou seja, que amplia as possibilidades de presente e de futuro de todos e de cada um.

As falas seguintes dos “personagens” do vídeo citado são pontuais em afirmar a complexidade desse processo: “Às vezes será difícil. Muito difícil. Quase impossível! Mas não é assim para todas as mães?” Com relação aos processos escolares, ampliamos a questão: mas, não é papel da escola apostar na educabilidade de todos? Assim, constituem os pilares da política da educação especial na perspectiva da educação inclusiva nesse estado: a problematização dos discursos naturalizados acerca da incapacidade em busca de uma cultura de inclusão escolar; a diversificação dos apoios pedagógicos e de acessibilidade ao currículo e a qualificação da formação continuada docente. Assumir essas diretrizes implica também em reconhecer a política como um movimento vivo no qual todos os envolvidos precisam atuar de forma colaborativa perante os desafios cotidianos.

Assista ao vídeo que inspirou esse artigo:


Marizete Almeida Muller é educadora especial pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), especialista em atendimento educacional especializado (AEE) e coordenadora da Assessoria em educação inclusiva da Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul (AEI/SEDUC-RS).

Clarissa Haas é pedagoga, mestre e doutoranda em educação (PPGEDU/UFRGS). Atualmente atua como assessora pedagógica da AEI/SEDUC-RS.

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