Dois times. Os jogadores usam joelheiras e luvas e se locomovem com os braços e joelhos apoiados no chão. As equipes avançam pela quadra, passando a bola de mão em mão até atingir o gol adversário. Praticado em uma escola carioca, o Felipebol – como foi nomeado esse inusitado jogo –, é um esporte inclusivo criado pelos próprios estudantes para permitir a inclusão de um colega com limitações motoras causadas por uma paralisia cerebral nas aulas de educação física.
Felipe dos Santos era um aluno público-alvo da educação especial. Da cadeira de rodas, ele participava de algumas atividades na quadra, mas não de maneira completa, apesar de sentir muita vontade de jogar futebol com os amigos da classe de 5º ano que frequentava no Centro Integrado de Educação Pública (Ciep) Pedro Paulo Corrêa de Sá, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Essa realidade começou a mudar em 2013, quando a escola participou do projeto Portas Abertas para a Inclusão, do Instituto Rodrigo Mendes (IRM).
Com os saberes adquiridos durante a formação, passamos a ficar atento às singularidades de Felipe. Logo notamos a presença de calos em suas mãos e joelhos. Quando questionado sobre as marcas, ele nos respondeu que quando estava em casa, não gostava de usar a cadeira de rodas e preferia se arrastar pelo chão. A partir dessa troca de ideias, passei a experimentar com toda a turma formas de explorar os movimentos que o estudante podia realizar. Após muitas tentativas e erros, criamos um jogo que poderia ser praticado por todos.
Flexibilização das regras
O Felipebol é um esporte inclusivo no qual os alunos ficam sobre quatro apoios. É jogado com as mãos em dois tempos de cinco minutos. O goleiro pode ficar de pé. O jogo é bem flexível e pode ser modificado para incluir mais ainda.
Na escola, a atitude inclusiva já se propagou. O jogo fez sucesso e os alunos de outras turmas pediram para aprender o Felipebol.