Repensar o planejamento na perspectiva da Educação Inclusiva
A escola inclusiva exige a garantia de recursos e apoio pedagógico especializado com qualidade e em quantidade para assegurar o desenvolvimento dos educandos com Deficiência, Transtornos Globais do desenvolvimento, Altas Habilidades/Superdotação e Transtorno de Conduta.
Nessa ótica, o trabalho do Município de Curitiba está pautado na Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva – 2008 e a Lei 9.394/1996 – LDBEN.
O município de Curitiba está subdividido em nove regionais, subdivisão essa, que possibilita a proximidade do atendimento aos munícipes.
A Secretaria Municipal da Educação de Curitiba em seu organograma conta com a Coordenadoria de Atendimento às Necessidades Especiais, a qual é representada a partir daqui pela sigla CANE, que dispõe de profissionais especialistas em educação especial. Essa coordenadoria é composta por três gerências: Gerência de Apoio à Inclusão, Gerência de Currículo, Gerência do Sistema de Transporte Integrado para a Educação Especial.
Nos Núcleos Regionais da Educação a CANE dispõe de profissionais também especialistas em educação especial, que atuam de forma descentralizada.
Os profissionais que compõe a Gerência de Apoio à Inclusão efetivam o acompanhamento nas Unidades Educacionais, prestando assessoramento, realizando levantamento de dados e orientando os profissionais que atuam com educandos em inclusão escolar.
O município dispõe de um Centro de Formação Continuada e de espaços para reuniões, capacitações e eventos buscando atender os profissionais da Rede Municipal de Ensino e dos Núcleos Regionais da Educação.
Em 2013, Curitiba conta com de dezoito Salas de Recursos Multifuncionais, onde as professoras tem seu contrato de 40 horas semanais, apresentando como ação o favorecimento e a acessibilidade dos educandos a informações e estratégias pedagógicas especificas, produzindo e organizando recursos pedagógicos, atendendo aos educandos em contraturno e assessorando aos profissionais em sala de aula.
Atualmente, dispomos de oito Centros de Atendimentos Especializados (CMAE), que realizam Avaliação Diagnóstica Psicoeducacional e Atendimento Educacional Especializado em Psicologia, Fonoaudiologia, Reeducação Visual, Reeducação Auditiva, Pedagogia Especializada e Projeto Psicomotor. Em três destes centros, dispomos de cinco Salas de Recursos para educandos com Altas Habilidades/Superdotação.
Os profissionais da educação recebem formação continuada por meio de Ciclo de Palestras, Semana de Estudos Pedagógicos, minicursos, cursos e assessoramento no próprio contexto de atuação.
No que diz respeito à quebra de paradigma anterior em relação à diversidade, encontramos ainda a falta de acessibilidade e barreiras arquitetônicas em algumas Unidades Escolares, o que esclarece a carência de Políticas Públicas inclusivas e Projeto Político Pedagógico que contemple a diversidade.
Pensar em Educação Inclusiva exige por parte da sociedade a superação do paradigma da integração, e em substituição a essa ideia deve-se levar em consideração cada vez mais a necessidade da inclusão social e escolar das pessoas com deficiências, o que nos faz acreditar, que as concepções e legalidade da Educação Especial precisam segundo Hugo Otto Beyer (2008), de um pensar pedagógico sobre a inclusão e a construção de uma proposta inclusiva que contemple as particularidades de cada educando com necessidades especiais.
As ações do projeto oportunizaram encontros com os profissionais de educação que atuam na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, para um aprofundamento teórico, a reflexão sobre a práxis e a socialização das práticas inclusivas. Essa reflexão da prática educativa na perspectiva da educação inclusiva instrumentalizou o professor e educador para a elaboração de um planejamento que contemple e considere a diversidade, compreenda a importância de aceitar os desafios da inclusão e a busca de estratégias pedagógicas que venham favorecer ações inclusivas. A partir do levantamento de dados dos educandos em inclusão escolar na Rede Municipal de Curitiba definiram-se as temáticas que seriam abordadas nos encontros. Esses foram organizados com os profissionais da Gerência de Apoio à Inclusão que trouxeram como temas: a história da Educação Especial, Educação Inclusiva e o aprofundamento teórico sobre Deficiência Intelectual e Transtorno Global do Desenvolvimento, baseado na Política Nacional da Educação na Perspectiva da Educação Inclusiva.
O público alvo da formação compreende profissionais de apoio que atuem com educandos em inclusão escolar, professores e educadores das Escolas e dos Centros Municipais de Educação Infantil.
A abordagem dos temas deu-se por meio de palestras, iniciando com o histórico da Educação Especial e Educação Inclusiva estabelecendo uma relação com a sociedade atual e a dinâmica do dia-a-dia da unidade escolar.
Na sequência abordamos a temática Deficiência Intelectual e Transtorno Global do Desenvolvimento, trazendo as definições, características, etiologia e intervenções pedagógicas. Foram promovidas também atividades a distância para efetivar as práticas apresentadas no decorrer das palestras. Após ação efetivada, oportunizou-se aos participantes um momento de socialização de práticas inclusivas visando à reflexão sobre o planejamento nessa perspectiva, oportunizando aos participantes a ação de multiplicadores de estratégias diferenciadas no trabalho com a inclusão escolar.
Para realização dessa ação contamos com a parceria do Instituto Rodrigo Mendes, o qual oportunizou à Equipe de Gerência de Apoio à Inclusão o curso Portas Abertas para Inclusão – Esportes para Todos. Este curso proporcionou aprofundamento teórico sobre a Educação Especial, oportunizou o acesso a diversos especialistas que atuam em vários segmentos da Educação Inclusiva, além da equipe da Secretaria Municipal da Educação o curso contemplou profissionais da área de Educação Física, o que promoveu significativas trocas de experiências.
A proposta de formação foi bem recebida pelos participantes. Para a Educadora Maria Melo :
– “Foi um curso de grande valor, aprendi muitas coisas que me ajudarão no dia-a-dia: três anos que estou com a criança, foi a primeira vez que tive um curso assim. E quando eu voltava para o CMEI, após o curso, eu ficava refletindo e comentava que são poucos cursos que a gente vai e vale realmente a pena. Esse foi realmente produtivo.”
Os participantes do curso envolveram-se de forma significativa no processo de formação e a partir daí implementaram as práticas que já vinham sendo desenvolvidas nas unidades. Diante da experiência vivida pode-se afirmar que os participantes modificaram suas concepções, percebendo as potencialidades dos educandos em inclusão.
Participante do projeto Portas abertas para a inclusão – 2013