O processo de inclusão acontece na vida como um todo, não somente na escola, no trabalho ou em um determinado ambiente social.
Quando falamos de inclusão na escola, esquecemos de que, na maior parte das vezes, o aluno com deficiência é excluído da aula de Educação Física porque o professor não sabe como incluí-lo; ele não se sente habilitado e receia agravar a condição do aluno.
Ora, essa aula é ansiosamente aguardada, pois representa um momento pedagógico onde há espaço para diversão e alegria, do qual a criança (ou o jovem) com deficiência não participa. A frase que define e resume essa situação é: “Está dispensado”.
Essa exclusão acentua sua condição de “diferente” e contribui para “deficientizá-lo” perante os colegas, os professores e ele mesmo.
Assim, todos perdem: os alunos sem deficiência, pois não aprendem a interagir com a diferença em uma situação de ensino e aprendizagem da qual o erro faz parte; o professor, que não exercita sua criatividade e sua capacidade de adaptação; o aluno com deficiência, que vê mais uma vez diminuídas suas oportunidades de conviver com outros, de exercitar seu corpo, de descobrir possibilidades e potencialidades, de encarar desafios, de se exercitar para a vida adulta.
A Educação é o primeiro passo para a inserção na sociedade e deve cuidar do intelecto e do corpo, de forma harmônica. A Pedagogia atual entende que há uma conexão íntima entre corpo e mente que deve ser cultivada e incentivada, como parte integrante do processo de ensino-aprendizagem.
Os olhares e as ações dos profissionais da Educação privilegiam as matérias dirigidas para o desenvolvimento intelectual. A Educação Física é relegada a um plano secundário e vista como menos “importante” do que Português ou Matemática.
Está na hora de buscar alternativas, pesquisar recursos pedagógicos e estratégias de práticas inclusivas, enfatizando os benefícios, as vantagens e a alegria da inclusão. O esporte e a atividade física são meios de inserção social, de recreação, de promoção e manutenção da saúde.
O movimento, a brincadeira, a atividade física e o esporte viabilizam a transformação das relações sociais e afetivas, fundamentais para o processo da inclusão.
Marta Gil é Consultora na área da Inclusão de Pessoas com Deficiência, socióloga, Coordenadora Executiva do Amankay Instituto de Estudos e Pesquisas, Fellow da Ashoka Empreendedores Sociais, colaboradora do Planeta Educação e colunista da Revista Reação. Autora do livro “Caminhos da Inclusão – a trajetória da formação profissional de pessoas com deficiência no SENAI-SP” (Editora SENAI, 2012), organizou livros; tem artigos publicados; participa de eventos no Brasil e no exterior. Áreas de competência: Inclusão na Educação e no Trabalho.
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