“Não sou especial”: Tathi Piancastelli defende inclusão e direitos

Primeira pessoa com Síndrome de Down a escrever e protagonizar peça teatral, atriz atua pelo combate ao preconceito

Atriz, modelo, ativista, influenciadora digital, blogueira, rainha de bateria, empoderada e feliz com sua trajetória. Tathi Piancastelli é a primeira pessoa com Síndrome de Down do mundo a escrever e protagonizar uma peça teatral profissional. 

 

Em cenário de peça teatral, Tathi olha para cima com os dois braços estendidos. Ela segura uma fita em cada uma das mãos. Fim da descrição.
Tathi Piancastelli Tathi durante seu solo “Oi, eu estou aqui”. Foto: Crisulla

No Dia Internacional da Síndrome de Down, comemorado em 21 de março, ela fala sobre sua trajetória como defensora dos direitos das pessoas com trissomia do cromossomo 21. “A data é uma oportunidade para refletirmos sobre inclusão”, avalia.  

Apaixonada por teatro e por Charles Chaplin, Tathi também se tornou a primeira pessoa com Síndrome de Down a ter uma peça premiada internacionalmente. A obra “Menina dos Meus Olhos”, história de uma adolescente em busca de amor e aceitação social, recebeu o prêmio de melhor Teatro/Espetáculo no Brazilian International Press Awards USA 2016. 

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“Como eu amo teatro, eu queria deixar um recado de inclusão por meio das artes”. É assim que Tathi define “Menina dos meus olhos”, em que a personagem principal é uma jovem com Síndrome de Down que passa por inúmeras situações de discriminação e reivindica direitos. A peça já foi apresentada em Nova York a pedido do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de promover debate internacional de combate à violência e ao preconceito.  

“Não sou especial 

E não é só por meio do teatro e das artes que Tathi manifesta sua mensagem por um mundo mais inclusivo. Ela é ativista voluntária pelo Instituto MetaSocial defendendo os direitos das pessoas com Síndrome de Down, participando de eventos internacionais e representando o Brasil em reuniões da ONU. 

Para ela, ainda há muito preconceito contra as pessoas com deficiência e é preciso um esforço coletivo para eliminar barreiras ao pleno acesso desse público a todas as esferas da sociedade. 

É por isso que faço palestras: para as pessoas conheceram mais sobre a importância da inclusão. Faço pensando no futuro das pessoas com deficiência.  

Como blogueira, a atriz faz vídeos para conscientizar a sociedade em relação a inclusão de pessoas com deficiência. Em um dos vídeos do seu canal no Youtube, ela ensina a forma correta de se referir a pessoas com Síndrome de Down: 

Não sou especial, nem anjinho, sou apenas uma pessoa com um cromossomo a mais.

“Oi, eu estou aqui” 

Atualmente, Tathi trabalha com o projeto “Oi, eu estou aqui”, que incentiva pessoas com Síndrome de Down a morarem sozinhas e se tornarem autônomas.  

A gente pode trabalhar, morar sozinho e ter qualquer outra coisa na vida, reivindica. 

 

Sentada em deck de madeira, Tathi posa foto com um vestido azul. Em seu braço e perna direta está escrito: "Hi, I'm here" e "Tathi Piancastelli by Gabi Artz". Fim da descrição.
Tathi é ativista e incentiva pessoas com Síndrome de Down a serem autônomas. Foto: Gabi Artz

O projeto cresceu e ganhou apresentações artísticas nos Estados Unidos: uma curta, para ser interpretada ao ar livre; e uma versão longa, para teatro. A peça tem previsão de chegar ao Brasil nos próximos meses.

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A atuação de Tathi foi parar inclusive na avenida. Em fevereiro, a Escola de Samba Unidos da Alvorada, de Manaus (AM), levou a reflexão sobre inclusão social para a passarela do Carnaval 2020 com o tema “Oi, eu estou aqui! Alvorada com um cromossomo a mais mostra que ser diferente é normal”. 

 

Tathi Piancastelli posa sorridente para foto com uma coroa carnavalesca. Fim da descrição.
Tathi foi homenageada pela Unidos do Alvorada no Carnaval 2020. Foto: Arquivo pessoal

E a atriz foi a grande estrela. Homenageada, levou para a passarela a discussão sobre inclusão social, levantando a bandeira da luta por direitos das pessoas com Síndrome de Down e com deficiência, dos negros e dos povos originários. Também promoveu debate sobre intolerância religiosa, homofobia e feminicídio.  

samba-enredo pedia “respeito e inclusão para viver”, e para Tathi é a valorização da diversidade que nos torna mais inclusivos. Em sua infância e adolescência em Campinas (SP), estudou em escolas especiais, mas também em escolas comuns inclusivas e acredita que a convivência entre as diferenças pode eliminar preconceitos e valorizar as potencialidades de cada um. “Por que separar? Temos que incluir todas as pessoas. Viver a inclusão é uma coisa muito positiva para todos!”.   

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“Eu me sinto bem feliz por tudo que já fiz” 

Tathi é uma jovem que sonha e não se cansa. Mesmo com tantas atividades e atuações, se engana quem pensa que não há tempo e espaço para novos projetos. Ela ainda pretende elaborar novos trabalhos inclusivos e sonha em realizar um musical. Para ela, é importante acreditar em si e no potencial próprio para estimular autonomia e protagonismo. “Eu me sinto bem feliz por tudo que já fiz”. 

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