Projeto estimulou pesquisa e jogo interativo entre estudantes para eliminar barreira ao aprendizado de conteúdo de ciências
Em 2019, a turma do 4° ano B da EMEF Francisco Alves Mendes Filho, situada no Jardim Marília, zona Leste da cidade de São Paulo (SP), tinha estudantes com dificuldades de aprendizagem e dois alunos público-alvo da educação especial — um com transtorno do espectro do autismo e outro com deficiência intelectual.
Ao estudarmos o sistema solar em sala de aula, percebemos que havia uma barreira pedagógica apresentada pela turma: o tema exigia um alto grau de abstração, o que causava dificuldade ao aprendizado.
Eliminando barreiras ao aprendizado
Para eliminar tal barreira, elaboramos um modelo interativo em 3D do sistema solar. A ideia era construir um material pedagógico acessível (MPA) que proporcionasse a todos os estudantes um aprendizado mais prazeroso e significativo, e também garantisse a participação de toda a turma no processo de ensino-aprendizagem.
Utilizamos o currículo da cidade de São Paulo para articularmos os conteúdos estudados. Os objetivos da atividade eram conhecer as características principais do sistema solar; identificar informações sobre os planetas; estudar as regularidades das fases da Lua; e aprender de forma lúdica.
O Sistema solar interativo simula as órbitas dos planetas: a base foi feita em MDF; os planetas e o sol, de filamento. Para a construção, utilizamos a tecnologia de impressão 3D e de corte a laser.
Como planejamos as aulas
Para a aplicação do material com as alunas e os alunos em sala, desenvolvemos um plano de aula dividido em algumas etapas.
1) Aula expositiva e dialogada: em sala de aula, os estudantes tiveram o primeiro contato com o sistema solar. Utilizamos vídeos e esquemas para facilitar a compreensão dos conteúdos.
2) Pesquisa e atividade em grupo: separados em pequenas equipes, os educandos pesquisaram no laboratório de informática, com o auxílio da professora orientadora, as características dos planetas. Também desenvolveram modelos em 3D do sistema solar com o auxílio de um software específico.
3) Aplicação do material: em sala de aula, realizamos um quiz com a utilização do Sistema solar interativo: os educandos foram separados em dois grandes grupos para responder ao questionário.
Preparamos cartas com frases afirmativas sobre o conteúdo apreendido ao longo das atividades. Cada grupo julgava se a afirmação era verdadeira ou falsa, consultando e manuseando o material para construir sua resposta final. Ao toque do professor, o representante do grupo levantava a placa indicativa de verdadeiro ou falso. A decisão final era coletiva, o que contribuiu para proporcionar a escuta e o trabalho em equipe.
O MPA foi um sucesso: verdadeiro ou falso?
Com a utilização do jogo e do MPA, percebemos que a turma ficou muito empolgada, já que conseguimos apresentar o conteúdo de uma forma mais lúdica e próxima da realidade dos estudantes. Para isso, os elementos táteis e visuais do material foram muito importantes.
Após a aplicação do jogo, avaliamos que os educandos tiveram participação ativa: fizeram com entusiasmo as pesquisas no laboratório de informática e demonstraram excelente conhecimento durante o quiz.
A utilização do MPA foi essencial para a garantia de uma aprendizagem significativa e divertida, uma vez que todas e todos puderam participar das atividades e demonstraram grande apreensão dos conteúdos estudados.
Este relato de experiência é fruto da participação dos autores na edição 2019 do Materiais pedagógicos acessíveis – formação em serviço para educadores envolvidos no processo de escolarização de estudantes público-alvo da educação especial em escolas comuns, desenvolvida pelo Instituto Rodrigo Mendes Site externo em parceria com a Fundação Lemann Site externo. O objetivo é contribuir na construção de materiais pedagógicos acessíveis que auxiliem o processo de ensino-aprendizagem de estudantes com e sem deficiência.