Visando trabalhar o cubismo, a professora organizou passos pedagógicos em direção à construção da estética desse movimento artístico, de modo que todos pudessem participar de alguma forma, isso porque havia em sua classe dois alunos com deficiência mental. Na primeira etapa, a professora levou os alunos para um passeio pelo quarteirão e os orientou a observar as formas presentes na natureza. Em seguida, já de volta à classe, a professora pediu que eles desenhassem o que observaram ter formas circulares, retangulares, triangulares, ovais etc. Por a escola estar localizada na zona rural, os alunos puderam observar em árvores, pedras e animais as diversas formas. Na segunda etapa, a professora orientou os alunos a observar no próprio rosto e no rosto dos colegas as formas geométricas. Em seguida, cada um se desenhou, observando a forma dos olhos, da boca, do nariz, dos dentes etc. O terceiro momento contemplou as formas da escrita. Letras com formas circulares, quadradas, retangulares, ovais etc. foram observadas e desenhadas. Em seguida, cada aluno escolheu uma forma geométrica para escrever seu nome. Essa etapa suscitou em uma aluna com deficiência o desejo de aprender a escrever o próprio nome – o que de fato o fez. As próximas etapas, em que a professora trabalhou com as cores e a própria teoria do cubismo, só aumentaram na aluna o desejo de fazer as tarefas (à sua maneira) e escrever seu nome como fazem os artistas em suas obras.
Fonte: Relato retirado do livro Inclusão na Prática, de Rossana Ramos (Summus Editorial, 2010).