Relatos iniciais do DIVERSA

"O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras… Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação" Mário Quintana.

Em 1998 comecei a trabalhar na escola Centro Municipal de Atendimento Especializado – CEMAE, onde tive desafios a serem superados. Logo de cara entrei trabalhando com uma turma de deficiência intelectual (já adultos). Alunos que vinham da rede pública de ensino que não conseguiram se alfabetizar até a quarta série.

Nessa turma se destacavam dois alunos, uma que se chamava V. (esse por sua vez queria ser jogador de futebol) e a outra é a D., essa por sua vez tímida, não interagia com os colegas, sempre quieta, quem a descobriu foi a coordenadora Gisele que na época trabalhava nessa escola e viu essa menina, trouxe-a para nossa escola e conheçou a conversar comigo. Foi um desafio, comecei a trabalhar com as atividades de alfabetização, usando jogos, estratégias que chamassem a atenção, pois a aluna já tivera experiências frustrantes em outra escola. Começamos do começo para poder resolver as atividades e realizar com segurança com a metodologia a ser aplicada e pelo nosso PPP.

As atividades que mais gostava eram recorte e colagem com as letras do seu nome, do meu nome e dos colegas da sala, ditado mudo com as letras movéis. Um dia passou pela minha cabeça em desistir de tudo, era frustrante eu ver que a aluno não estava evoluindo como eu queria, então pedi ajuda de uma outra amiga de profissão mais experiente do que eu, que já trabalhava com alfabetização na época (hoje o AEE) e me mostrou alguns caminhos a serem percorridos. Tudo que eu sei de alfabetização devo muito a ela (Rosana de Lima), pois já não faz mais parte de nossa vida, hoje ela deve dar aulas lá no céu. A experiência dela, passada para mim foi muito gratificante, depois do meio do ano, a aluna começou a ler algumas palavras e a escrever, pois tinha uma letra perfeita, depois desse dia vi que a evolução da minha aluna era real, comecei a acreditar mais em mim e no que eu estava fazendo na escola.

A diferença entre a nossa escola e a outra é como fazemos, como trabalhamos, como realizamos e como nos dedicamos a cada aluno que entra e sai do CEMAE, o sucesso de cada aluno da nossa escola é nosso sucesso também. Amo o que faço e faço com muito amor à vida. Cada dia que levanto, acredito mais no que cada aluno é capaz de fazer e realizar com o sem a minha ajuda.

Profª Patrícia Rodrigues – Apiaí/SP

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