A., 13 anos, com deficiência intelectual leve, estava matriculado em uma classe do 1º ano do Ensino Fundamental, com crianças de 6 e 7 anos. Já alfabetizado e apresentando bom nível de aprendizagem, passou em determinada época a não querer ir para a escola. A equipe pedagógica, preocupada com sua recusa, procurou-me para que emitisse uma opinião. Fui à escola, observei A. e percebi que ele não estava adaptado à classe. Por ser um menino alto, tamanho compatível para sua idade cronológica, às vezes, nas brincadeiras, esbarrava nos colegas com certa violência. Recomendei de imediato que A. fosse reclassificado para uma classe de adolescentes de sua idade, ou seja, o 7º ano. A equipe pedagógica concordou. Contudo, a mãe de A. não aceitou a reclassificação, alegando que ao conviver com meninos maiores ele poderia sofrer agressões, abusos etc. Como a mãe estava irredutível, a equipe sugeriu que ela permanecesse na escola durante as aulas por certo tempo, até que acreditasse que o filho estaria seguro naquele ambiente. A estratégia foi bem-sucedida e A. adaptou-se aos novos colegas com facilidade. Depois de um tempo, a mãe de A. deixou de permanecer na escola, por entender que ali ele estava assistido como todas as outras crianças.
Fonte: Relato retirado do livro Inclusão na Prática, de Rossana Ramos (Summus Editorial, 2010).