Diretora da Divisão de Educação Especial, Mônica Leone Garcia, comenta as principais alterações aos professores do atendimento durante o ensino remoto
Diante da pandemia da Covid-19, a Secretaria Municipal de Educação (SME) de São Paulo estabeleceu orientações para assegurar que nenhum estudante fique para trás durante o período de suspensão das aulas presenciais.
Dentre as ações, as professoras e os professores de Atendimento Educacional Especializado (AEE) foram orientados a estabelecer um frequente canal de comunicação com as famílias, junto à equipe gestora e aos demais educadores das unidades educacionais. Um dos espaços disponibilizados para a interlocução é o Google Classroom.
Para a eliminação de barreiras à aprendizagem de estudantes, professores de AEE também passam a trabalhar em articulação com educadores da sala comum, e todas as atividades elaboradas devem ser ancoradas no Currículo da Cidade de São Paulo, comum a todos os estudantes.
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Mônica Leone Garcia, diretora da Divisão de Educação Especial, em entrevista exclusiva, explica as ações, que seguem os princípios norteadores da Educação Inclusiva, Equidade e Educação Integral. Confira a entrevista ao DIVERSA na íntegra:
DIVERSA – Quais são as ações da SME para garantir o acesso ao aprendizado aos estudantes com deficiência ou em vulnerabilidade durante o período de isolamento?
Mônica – A Secretaria Municipal de Educação, neste momento de pandemia, orientou em seus documentos como deve se organizar a atuação dos profissionais da Educação. Dando continuidade a essa ação, a Divisão de Educação Especial organizou diferentes formas de chegar às Diretorias Regionais de Educação (DRE), Divisões Pedagógicas (DIPED), Centros de Formação e Acompanhamento à Inclusão (CEFAI), unidades educacionais, professores, estudantes e seus familiares, de modo a assegurar a atuação das equipes de Educação Especial nos territórios.
Desde a disponibilização do material Trilhas de Aprendizagens, para além das dicas de acessibilidade para os familiares, com sugestões de sites e ferramentas complementares que a introdução deste material apresenta, as DRE/DIPED/CEFAI estão recebendo orientações para que seus Professores de Apoio e Acompanhamento à Inclusão (PAAI) atuem junto às unidades educacionais, na perspectiva do desenvolvimento de um trabalho colaborativo, identificando as necessidades de eliminação de barreiras para tornar esse material acessível para todos os estudantes.
O Atendimento Educacional Especializado (AEE) é um importante serviço de garantia de acesso ao currículo. Como o serviço está sendo oferecido durante a quarentena?
Os Professores de Atendimento Educacional Especializado (PAEE) foram orientados, na perspectiva da eliminação de barreiras, a contribuir com os demais professores da unidade educacional, apresentando os recursos necessários de acessibilidade que favoreçam a realização das tarefas, pelo estudante público da Educação Especial.
Em conformidade com o Plano de Atendimento Educacional Especializado (AEE) elaborado, os PAEE verificarão, neste momento, quais ações ou recursos podem contribuir com o professor da sala regular possibilitando o acesso do aluno ao material disponibilizado. No caso de o estudante necessitar de materiais e/ou recursos específicos adicionais, o PAEE se reportará ao CEFAI que, validando tal necessidade, adotará as providências necessárias para disponibilizar o recurso, por diferentes formas.
Na necessidade de orientação específica às famílias, os PAEE foram orientados a estabelecer diferentes canais de comunicação (telefone, WhatsApp, e-mail, Google Classroom etc.), em uma atuação articulada e colaborativa na unidade educacional.
Todas as atividades devem estar ancoradas no Currículo da Cidade de São Paulo, comum a todos os estudantes, seguindo os princípios norteadores da Educação Inclusiva, Equidade e Educação Integral. Entendemos que ninguém melhor que o professor para definir as estratégias que melhor se adaptem a este contexto.
Destacamos a importância de garantir os registros dessas ações como forma de manter atualizada a documentação pedagógica dos bebês, crianças, jovens e adultos público-alvo da educação especial. O registro deverá constar também no Plano de Atendimento Educacional Especializado, compondo, dessa maneira, relatório complementar.
Existe algum trabalho cooperativo entre os professores da sala comum com os professores do AEE para organização e monitoramento do trabalho pedagógico?
Sim. Como mencionado, os professores do AEE estão trabalhando de forma articulada e em parceria com os professores da classe comum, na perspectiva da eliminação de barreiras para a aprendizagem do estudante junto ao seu grupo.
O ponto focal das famílias e consequentemente dos estudantes são as unidades escolares, gestores, professores da sala comum, AEE. Como está sendo organizado o trabalho de acolhimento dessas famílias e estudantes?
Os PAEE estão orientados a estabelecer um frequente canal de comunicação (contato telefônico, blogs, redes sociais da unidade educacional, WhatsApp, Skype, podcast, Microsoft Teams, e-mails, Google Classroom etc.) com as famílias, junto à equipe gestora e aos demais professores da unidade educacional, para escuta, acolhimento, orientações quanto à importância de se estabelecer uma rotina de estudos, esclarecimentos quanto ao uso de recursos específicos elaborados, etc
Está sendo realizada alguma ação de composição de rede com a saúde, assistência social, considerando o público alvo da educação especial e os estudantes em situação de vulnerabilidade social?
Também de forma remota, estão sendo retomados os trabalhos intersecretariais desenvolvidos nos territórios com a participação em diversos espaços de discussão e construção de fluxos de intervenção que permitam que, mesmo diante das dificuldades impostas pela pandemia, o efetivo cuidado dos estudantes seja preservado, de modo a diminuir os impactos do isolamento social.
Qual o impacto da pandemia na organização do trabalho da educação especial, pensando no retorno das aulas presenciais?
A mudança promovida pela pandemia foi abrupta e tem trazido grandes desafios. Reconhecemos a importância do planejamento de um retorno gradual com especial atenção à saúde física e emocional dos estudantes com deficiência. Alguns pontos a serem mantidos em nosso radar: o fortalecimento da relação escola-família, bem como o fortalecimento do trabalho articulado dos professores de AEE na unidade educacional e a importância do planejamento; registro, avaliação e monitoramento dos recursos pedagógicos e de tecnologia assistiva oferecidos na perspectiva da eliminação de barreiras para a aprendizagem.