Por que a integração ainda se manifesta no dia a dia das escolas?

Tornar uma escola inclusiva implica transformar a cultura escolar, ou seja, as políticas, as práticas e, inclusive, as pessoas que fazem parte dela, para garantir o direito de todos à educação. Implica mudar a visão da homogeneidade para a diversidade, acreditar que todos podem aprender e reconstruir a escola de forma que seja, de fato, para todos. 

Acontece que nem todas as escolas estão dispostas a mudar tanto assim. Por isso, assumem a inclusão como um projeto adicional, atrelado às práticas já existentes. Elas se autodefinem inclusivas simplesmente pela presença de estudantes com deficiência – o que não é suficiente para caracterizar a inclusão. 

A educação inclusiva não é “mais” um objetivo a ser priorizado, nem diz respeito somente ao acesso (matrícula e presença). Ela é o próprio projeto e diz respeito ao direito de todos de participar e aprender em igualdade de condições. Por isso, exige a transformação da escola a partir do reconhecimento da diferença como um valor intrinsecamente humano e do direito de cada um ser como é. 

Na integração, por outro lado, os estudantes têm que se moldar a um padrão estabelecido pela escola, que, por sua vez, continua a mesma, com valores e modos de organização baseados na expectativa – ilusória – de homogeneidade, concebendo a diferença como exceção. A inserção é parcial e condicional, caracterizando-se pela existência de escolas e classes especiais destinadas aos estudantes não considerados aptos a frequentar uma escola ou sala de aula comum. 

Mas nem sempre a discriminação é tão explícita. Agrupamentos ou a categorização de turmas com base na performance acadêmica, um currículo adaptado ou estratégias pedagógicas diferenciadas somente para as pessoas com deficiência, e até mesmo a atribuição de notas com base em parâmetros de desempenho pré-estabelecidos, também são exemplos de práticas integracionistas fadadas à exclusão. 

Por isso, apesar de o modelo da integração preceder a educação inclusiva, ou seja, já ter sido superado no que diz respeito às leis, normas e políticas vigentes, na prática se mantém na maioria das escolas, e, muitas vezes, sob a insígnia da inclusão. 

 

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