Estudo de caso do aluno R., 9 anos, ensino fundamental I; com diagnóstico de encefalopatia crônica não evolutiva, tetraparesia espástica, acompanhado pelo serviço de Terapia Ocupacional da Equipe de Orientação Técnica da Secretaria de Educação do Município.
No primeiro momento, a escola solicitou orientações quanto à transferência, posicionamento e cuidados com relação à troca de fraldas. Em seguida, avaliação para o transporte escolar para indicação de equipamentos necessários. Como a cadeira de rodas da criança estava inadequada, colocando em risco sua segurança, foi realizada adequação postural deste equipamento fornecido pela Secretaria de Educação, até a aquisição da particular, além de adequação postural de seu mobiliário escolar.
Através de denúncia anônima no Conselho Tutelar, tomou-se conhecimento que a criança estava sendo vítima de maus tratos e negligência. Em parceria com o Serviço Social e equipe gestora da escola foram realizadas ações para envolver mais a família frente às necessidades apresentadas pela criança, porem com a falta de resposta familiar foi notificado o Conselho Tutelar que posteriormente encaminhou o caso ao CRAMI (Centro de Referência aos maus tratos à Infância). No processo, houve modificações no tratamento da criança pela família ocasionando aquisição de cadeira de rodas pessoal e retomada de atendimentos clínicos necessários.
Por uma questão motora, e não cognitiva, a criança na grafia somente conseguia garatujar, mesmo com uso de órtese funcional. O uso do computador como “caderno eletrônico” possibilitou a autonomia na execução de suas atividades escolares, além de proporcionar maior eficiência na avaliação da sua aprendizagem pelo professor. Na avaliação de informática, a criança apresentou eficiência na execução da atividade utilizando mouse com acionador e softwares de varredura.
Em acompanhamento na escola foram realizadas formações para o professor de educação especial e professora da sala de aula, para utilização de softwares de varredura de tela gratuitos e pagos, preparação das atividades e treinamento da criança no uso do acionador e dos programas.
A professora da sala de aula solicitou orientações para a educação física. Assim sendo, foram realizadas orientações ao professor levando em consideração: seu plano de aula e instalações de espaços da escola. As atividades físicas indicadas foram: dança com cadeira de rodas, atividades físicas no colchão, circuitos de atividades físicas adaptadas para execução em cadeira de rodas e uso de balanço adaptado.
Concluindo, o serviço de Terapia Ocupacional na Educação é uma política que proporciona, por meio da análise da atividade, potencializar as funções do educando enquanto sujeito de suas ações, desta forma, desconstruindo paradigmas que naturalizam a pessoa com deficiência como um sujeito de incapacidades e, assim, contribuindo para evitar mecanismos “perversos” de inclusão social.