Uma iniciativa Instituto Rodrigo Mendes

Como devemos nos referir às pessoas com deficiência?

O termo recomendado para se referir a alguém que apresenta alguma deficiência, seja ela física, intelectual, visual, auditiva ou múltipla é: pessoa com deficiência. Essa terminologia tem sido usada mundialmente nos últimos anos, em todos os idiomas, no meio acadêmico, em documentos oficiais, debates etc. 

Mas por que não usamos mais as expressões: 

“Deficiente?” O termo é inadequado, já que uma pessoa não é definida por sua deficiência. Ela não é deficiente. Ela tem uma deficiência, além de outras tantas características. E é, antes de mais nada, uma pessoa. 

“Portador de deficiência?” Uma pessoa não porta sua deficiência, ela tem uma deficiência. Tanto o verbo “portar” como o substantivo ou o adjetivo “portador” não se aplicam a uma condição inata ou adquirida. Por exemplo, não se diz que alguém porta olhos verdes ou pele morena. Uma pessoa pode portar um guarda-chuva, se houver necessidade, e pode deixá-lo em algum lugar. Não se pode fazer isso com uma deficiência, é claro. 

“Especial ou pessoa com necessidades especiais?” Todos são diferentes. Ou seja, todos têm alguma necessidade particular, não só a pessoa com deficiência. Isso também se aplica aos estudantes em uma sala de aula. Hoje se sabe que todos os alunos, não somente aqueles com deficiência, precisam ser vistos por seus professores como únicos, “especiais”. Isso é pressuposto para que a prática pedagógica possa ser, de fato, inclusiva. Além disso, o argumento em defesa dessa expressão, de que todos são imperfeitos, esvazia a discussão sobre os direitos das pessoas com deficiência. 

“Aluno de inclusão?” Apesar de o termo ter se difundido no contexto educacional, ele é equivocado quando usado para se referir aos estudantes com deficiência. Partindo pressuposto de que a educação inclusiva diz respeito a todos, todos deveriam ser chamados de “alunos de inclusão”. 

 

Usar a expressão correta para se referir a pessoas com deficiência não tem a ver com preciosismo semântico ou com ser “politicamente correto”. Deve-se sempre refletir: qual é o impacto de algumas palavras e expressões sobre o bem-estar e a aprendizagem dos estudantes e sobre as expectativas e ações de professores? A pessoa com deficiência, antes de ter deficiência é, simplesmente, uma pessoa. Assim, a expressão pessoa(s) com deficiência é a mais apropriada, pois valoriza as diferenças e não camufla a deficiência, sempre ressaltando a pessoa e o indivíduo, independentemente das condições sensoriais, intelectuais ou físicas. 

 

  VEJA COMO A TERMINOLOGIA MUDOU AO LONGO DAS DÉCADAS 

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