Muito mais do que capacitação técnica, a formação continuada se constitui como um espaço fundamental para a prática pedagógica na perspectiva inclusiva. Sua intenção é promover reflexão e articular novos saberes à análise sistemática dos arranjos e situações que compõem o cotidiano escolar no sentido de garantir educação para todos. Gestores públicos e escolares devem estabelecer espaços coletivos de formação na rotina das instituições de ensino, dos quais, além da equipe pedagógica, todas as pessoas envolvidas possam participar.
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A formação inicial não é suficiente. Nenhum professor sai pronto da universidade. Além disso, não há especialização que dê conta das reais demandas das salas de aula. Não só aquelas relacionadas aos estudantes com deficiência, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e altas habilidades, mas a todos.
Numa perspectiva de direitos, o reconhecimento das diferenças para a garantia da aprendizagem irrestrita (independentemente de credo, raça, gênero, condição econômica, social, cultural, física, mental, sensorial e linguística) é uma conquista. No entanto, impõe novos desafios e formas de trabalho aos educadores. Além da necessidade de atualização constante, considerando as grandes mudanças e transformações no sistema educacional brasileiro e no mundo, analisar o próprio fazer no cotidiano da escola é condição obrigatória para o desenvolvimento de práticas pedagógicas inclusivas.
O CONVÍVIO FAZ A PRÁTICA: SAIBA MAIS SOBRE O MITO DO PREPARO PARA INCLUIR ALUNOS COM DEFICIÊNCIA
A educação inclusiva parte do pressuposto de que a diferença é uma condição humana. Ou seja, todos são distintos uns dos outros. Portanto, os processos de aprendizagem de cada estudante são também distintos entre si.
As pessoas com deficiência não são exceção nesse sentido. Ainda que apresentem pareceres diagnósticos absolutamente iguais, duas pessoas podem reagir às mesmas estratégias pedagógicas de maneiras bem diferentes. Simplesmente porque são diferentes entre si, ainda que tenham uma característica comum: a deficiência. Por isso, é preciso tomar cuidado com cursos que adotam orientações padronizadas sobre como desenvolver práticas inclusivas por tipo de deficiência, desconsiderando as particularidades de cada contexto e o potencial criativo do educador.
Esse é um primeiro argumento que nos faz questionar o “especialismo” no contexto da docência na educação inclusiva. O segundo, igualmente importante, baseia-se no princípio de que a educação inclusiva é um processo que diz respeito a todos os alunos, não somente aos com deficiência ou autismo. Por isso, apesar de ser extremamente válido aprender a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e o braile, é muito importante que não se pare por aí. A expectativa – e, portanto, o critério, ao escolher cursos e bibliografia – deve ser de sempre buscar o desenvolvimento de práticas pedagógicas cada vez melhores para todos, considerando diferenças de credo, raça, gênero, condição econômica, social, cultural, física, mental, intelectual, sensorial ou linguística.
Lembrando que: a formação do professor no contexto da educação inclusiva resulta da vivência e da interação cotidiana com cada um dos educandos, com e sem deficiência, a partir de uma prática pedagógica dinâmica que reconhece e valoriza as diferenças. Não há especialização capaz de antecipar o que somente no dia a dia poderá ser revelado.
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