4.1 Como saber se a escola é inclusiva?

O primeiro passo para saber se uma escola é inclusiva é conversar com o diretor e os coordenadores pedagógicos. Verifiquem se eles conhecem os direitos das pessoas com deficiência e o modelo inclusivo de ensino. Busquem notar se há abertura para o diálogo e real compromisso da escola com a aprendizagem de todos. Perguntem se há outros alunos com deficiência matriculados e de que forma a equipe pedagógica os acolheu. Nesse sentido, chequem se a escola dispõe do atendimento educacional especializado.

Peçam exemplos de situações que foram desafiadoras e procurem entender como a escola as resolveu. Não se esqueçam de perguntar sobre o projeto pedagógico da escola e verifiquem se ele menciona a valorização das diferenças.

Ao mesmo tempo, conversem com os professores sobre como eles têm planejado as aulas e quais os materiais didáticos usados. Questionem quais atividades são desenvolvidas para que todos os alunos tenham a oportunidade de aprender. Perguntem como os estudantes participam das aulas e como são avaliados.

Em relação às avaliações, é importante verificar quais são os instrumentos usados pelos professores. A tradicional prova escrita exclui alguns perfis e, ao mesmo tempo, oferece uma visão insuficiente sobre o desenvolvimento do aluno. O mesmo acontece quando os professores se restringem a comparar o desempenho de um estudante com padrões rígidos, pré-estabelecidos.

Em vez de se limitar a isso, recomenda-se que a equipe pedagógica adote uma avaliação contínua, que busque acompanhar o processo de aquisição de conhecimento e faça registros constantes dos aprendizados. Para isso, a escola deve utilizar, simultaneamente, mais de um instrumento, como apresentações, trabalhos em grupo, entre outros.

Para conversar sobre esse assunto, perguntem quais são as ferramentas de avaliação usadas pela escola e peçam exemplos, de preferência envolvendo alunos com deficiência.

Tentem perceber se, nas conversas mencionadas acima, as pessoas se mostram contrárias à participação das crianças com deficiência em todas as atividades. Lembrem-se de que recusar a matrícula, exigir um laudo médico ou cobrar taxas adicionais, pelo fato de seus filhos terem alguma deficiência, é ilegal. Essas taxas referem-se a qualquer despesa extra que possa ser imposta às famílias, tais como contratação de profissionais, adequação dos espaços, adaptação de materiais etc.

Visitar a escola é outro passo fundamental. Para que a visita seja produtiva, vale a pena se prepararem. Façam uma lista das acessibilidades das quais seus filhos necessitam, o que deve contemplar aspectos do prédio da escola, do mobiliário, das formas de comunicação, dos materiais didáticos, entre outros. Pensem também nos serviços de apoio e tecnologias assistivas de que eles precisam. Indicamos que seus filhos sejam envolvidos nesse levantamento. Vocês podem usar, como referência, a classificação de barreiras citadas na Lei Brasileira de Inclusão (LBI), apresentada no quadro abaixo.

Classificação de barreiras segundo a Lei Brasileira de Inclusão (LBI)

IV – barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros, classificadas em:

a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo;

b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados;

c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de transportes;

d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação;

e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que impeçam ou prejudiquem a participação social da pessoa com deficiência em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas;

f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o acesso da pessoa com deficiência às tecnologias.

Interagir com as famílias dos demais estudantes também pode dar pistas valiosas sobre a escola. Durante as conversas, sugerimos perguntar: (1) Como seus filhos têm sido tratados? (2) Eles estão se desenvolvendo? (3) A escola tem atendido suas solicitações? (4) Vocês estão satisfeitos? (5) Vocês recomendariam a escola para outras famílias?

Para facilitar a conexão com outras famílias, tentem descobrir se há grupos de mensagens e se os responsáveis por alunos com deficiência trocam informações entre si.

Gostaríamos de enfatizar que vocês não devem se sentir constrangidos ao realizar a avaliação da escola, descrita acima. Todos os assuntos mencionados referem-se a direitos garantidos pela nossa legislação.

Lembrem-se

  • As famílias devem investir tempo na avaliação das características da escola na qual consideram matricular seus filhos.
  • A análise deve contemplar visitas presenciais, conversas com a equipe da escola e trocas com outras famílias.
  • Conhecer a experiência dos profissionais sobre a inclusão escolar e observar as características dos espaços são alguns dos critérios que devem integrar a análise.
4 Todas as recomendações oferecidas pelo capítulo 4 aplicam-se tanto para escolas públicas como para privadas.

Realização

Instituto Rodrigo Mendes

Correalização

Globo
Unibanco

Apoio

José Luiz
Alana
Unicef
Todos pela Educação

Investidores do Endowment do IRM

B3 Social
Bauducco
Faber-Castell
Fundação Itaú
Haddad Foundation
Instituto Península
Itaú
JP Morgan
Mattos Filho
XP Inc.

Parceiros institucionais do IRM

AT&T
Cisco
Fundação Volkswagen
Itaú
Lemann
Devive
LATAM
Mattos Filho

Receba a newsletter do DIVERSA