Historicamente, as questões ligadas às pessoas com deficiência foram muito influenciadas pela área da saúde. A definição, o diagnóstico e os encaminhamentos estavam sob a responsabilidade de profissionais orientados pelo aspecto clínico, ou seja, para os impedimentos físicos, intelectuais, sensoriais, etc. que estão no indivíduo. É o que se chama de modelo médico da deficiência.
Essa concepção vigorou até meados dos anos 2000, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) publicou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Seu texto traz uma nova definição que gerou uma grande mudança de perspectiva. A partir dela, entende-se que a deficiência é resultante da combinação de dois fatores: em primeiro lugar, os impedimentos clínicos, que já vinham sendo considerados pelo modelo médico, e, em segundo, as barreiras presentes no ambiente.
Tais obstáculos encontram-se na arquitetura, nos meios de transporte, nos veículos de comunicação, nas empresas, nas escolas e nos demais espaços com os quais interagimos ao longo da vida. É importante ressaltar que uma das barreiras mais prejudiciais para o convívio entre pessoas diversas é a nossa própria atitude, quando influenciada pelo preconceito. Muitas vezes, a forma como julgamos os demais faz com que subestimemos o seu potencial, afetando também a forma como eles se veem no mundo.
Modelo social da deficiência:
uma nova forma de entender a realidade
“Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas.”
ONU, 2006.