O primeiro passo para saber se uma escola⁴ é inclusiva é conversar com o diretor e os coordenadores pedagógicos. Verifiquem se eles conhecem os direitos das pessoas com deficiência e o modelo inclusivo de ensino. Busquem notar se há abertura para o diálogo e real compromisso da escola com a aprendizagem de todos. Perguntem se há outros alunos com deficiência matriculados e de que forma a equipe pedagógica os acolheu. Nesse sentido, chequem se a escola dispõe do atendimento educacional especializado.
Peçam exemplos de situações que foram desafiadoras e procurem entender como a escola as resolveu. Não se esqueçam de perguntar sobre o projeto pedagógico da escola e verifiquem se ele menciona a valorização das diferenças.
Ao mesmo tempo, conversem com os professores sobre como eles têm planejado as aulas e quais os materiais didáticos usados. Questionem quais atividades são desenvolvidas para que todos os alunos tenham a oportunidade de aprender. Perguntem como os estudantes participam das aulas e como são avaliados.
Em relação às avaliações, é importante verificar quais são os instrumentos usados pelos professores. A tradicional prova escrita exclui alguns perfis e, ao mesmo tempo, oferece uma visão insuficiente sobre o desenvolvimento do aluno. O mesmo acontece quando os professores se restringem a comparar o desempenho de um estudante com padrões rígidos, pré-estabelecidos.
Em vez de se limitar a isso, recomenda-se que a equipe pedagógica adote uma avaliação contínua, que busque acompanhar o processo de aquisição de conhecimento e faça registros constantes dos aprendizados. Para isso, a escola deve utilizar, simultaneamente, mais de um instrumento, como apresentações, trabalhos em grupo, entre outros.
Para conversar sobre esse assunto, perguntem quais são as ferramentas de avaliação usadas pela escola e peçam exemplos, de preferência envolvendo alunos com deficiência.
Tentem perceber se, nas conversas mencionadas acima, as pessoas se mostram contrárias à participação das crianças com deficiência em todas as atividades. Lembrem-se de que recusar a matrícula, exigir um laudo médico ou cobrar taxas adicionais, pelo fato de seus filhos terem alguma deficiência, é ilegal. Essas taxas referem-se a qualquer despesa extra que possa ser imposta às famílias, tais como contratação de profissionais, adequação dos espaços, adaptação de materiais etc.
Visitar a escola é outro passo fundamental. Para que a visita seja produtiva, vale a pena se prepararem. Façam uma lista das acessibilidades das quais seus filhos necessitam, o que deve contemplar aspectos do prédio da escola, do mobiliário, das formas de comunicação, dos materiais didáticos, entre outros. Pensem também nos serviços de apoio e tecnologias assistivas de que eles precisam. Indicamos que seus filhos sejam envolvidos nesse levantamento. Vocês podem usar, como referência, a classificação de barreiras citadas na Lei Brasileira de Inclusão (LBI), apresentada no quadro abaixo.
Classificação de barreiras segundo a Lei Brasileira de Inclusão (LBI)
IV – barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros, classificadas em:
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo;
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados;
c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de transportes;
d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação;
e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que impeçam ou prejudiquem a participação social da pessoa com deficiência em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas;
f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o acesso da pessoa com deficiência às tecnologias.
Interagir com as famílias dos demais estudantes também pode dar pistas valiosas sobre a escola. Durante as conversas, sugerimos perguntar: (1) Como seus filhos têm sido tratados? (2) Eles estão se desenvolvendo? (3) A escola tem atendido suas solicitações? (4) Vocês estão satisfeitos? (5) Vocês recomendariam a escola para outras famílias?
Para facilitar a conexão com outras famílias, tentem descobrir se há grupos de mensagens e se os responsáveis por alunos com deficiência trocam informações entre si.
Gostaríamos de enfatizar que vocês não devem se sentir constrangidos ao realizar a avaliação da escola, descrita acima. Todos os assuntos mencionados referem-se a direitos garantidos pela nossa legislação.
Lembrem-se
- As famílias devem investir tempo na avaliação das características da escola na qual consideram matricular seus filhos.
- A análise deve contemplar visitas presenciais, conversas com a equipe da escola e trocas com outras famílias.
- Conhecer a experiência dos profissionais sobre a inclusão escolar e observar as características dos espaços são alguns dos critérios que devem integrar a análise.