Grandes investimentos têm sido feitos pelas secretarias estaduais e municipais de educação no sentido de tornar os ambientes físicos escolares acessíveis, construindo rampas, elevadores, pisos e sinalização táteis, entre outros. A questão do transporte, contudo, nem sempre é contemplada por esses esforços. A consequência disso é que os estudantes, mesmo tendo um ambiente adequado nos prédios escolares, não conseguem transpor as distâncias entre suas próprias casas e as escolas.
O Governo federal, por meio do programa Transporte escolar acessível, tem buscado atuar para eliminar essa barreira, prometendo disponibilizar 2.609 veículos até 2014. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), em agosto, haviam sido investidos quase R$ 90 milhões na compra de 678 ônibus acessíveis. Se o Governo Federal faz seu papel ao disponibilizar os recursos físicos para o transporte acessível, as prefeituras precisam se atentar para o fato de que ter um veículo adaptado não é a única medida para garantir o acesso com segurança dos alunos com deficiência às escolas. São necessárias outras medidas, como a avaliação da adaptação para cada estudante e o treinamento dos motoristas.
Um bom exemplo é o da prefeitura de São Bernardo do Campo. As ações lá realizadas partiram de duas preocupações: ter uma infraestrutura adequada e investir nas relações que se estabelecem no trajeto da casa da criança até a escola. Por infraestrutura adequada, entende-se ter o veículo adequado ao aluno. Para isso, terapeutas ocupacionais da equipe multidisciplinar da Secretaria de Educação avaliam a melhor forma de transporte: cadeiras adaptadas, amarras para cadeiras de roda etc.
A formação dos monitores e motoristas para receber e transportar os estudantes com deficiência transmite a eles e às suas famílias segurança, além de uma sensação de acolhimento que começa antes mesmo da criança entrar na escola.
Augusto Galery é psicólogo, mestre em administração, doutor em psicologia social e pesquisador em sociedade inclusiva. Foi coordenador do programa DIVERSA Pesquisa de 2011 a 2015.
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