2.2 O que é uma escola inclusiva?

A escola inclusiva é uma instituição que acolhe todos os perfis de estudantes e persegue altas expectativas para cada um, de modo a oferecer oportunidades para o desenvolvimento de competências e a construção da autonomia. Em outras palavras, é uma escola que iguala oportunidades e aposta no potencial de seus estudantes. Para isso, investe na diversificação das estratégias pedagógicas e na incorporação de princípios de acessibilidade por meio de um trabalho multidisciplinar e colaborativo.

E como é a escola tradicional? Com mesas enfileiradas de forma rígida, livros didáticos somente no formato impresso e aulas unicamente expositivas, esse modelo segue ainda uma concepção ultrapassada de educação, na medida em que impõe muitas barreiras a alguns grupos de pessoas.

Já a escola inclusiva busca minimizar essas barreiras, introduzindo espaços de aula mais flexíveis, materiais didáticos variados e maneiras de ensinar diversificadas. Além disso, propõe atividades participativas, incentiva a expressão dos estudantes e explora outros modos de avaliá-los. Nesse modelo, há uma preocupação em proporcionar alternativas para que todos se engajem.

É importante esclarecer que, nessa proposta, as crianças e os adolescentes com deficiência frequentam os espaços coletivos, como a sala de aula, têm acesso ao mesmo currículo e recebem atendimento educacional especializado de forma complementar, conforme suas necessidades particulares.

A abordagem inclusiva ajuda no processo de aprendizagem não apenas dos estudantes que têm algum impedimento, mas de todos eles. Vejamos alguns exemplos:

Há alguns anos, recebemos o relato de um professor de física, chamado Samuel, que trabalhava em uma escola do ensino médio da rede pública de Belém do Pará. No primeiro dia de aula daquele ano, ao entrar na sala, Samuel foi surpreendido ao constatar que um de seus alunos, Pedro, era cego. Tratava-se de uma cena inédita na sua trajetória como docente. Como falar sobre luz, cores e formação de imagens para alguém que não enxerga? Buscando resolver esse desafio, o professor decidiu investir na capacidade dos próprios alunos, engajando os jovens da turma na missão de encontrar respostas. Essa parceria resultou na cocriação de uma série de materiais multissensoriais que visavam favorecer a compreensão dos conceitos da óptica por meio do tato.

Para o ensino da formação de imagens em espelhos planos, por exemplo, os alunos construíram uma base quadrada de madeira, sobre a qual foram colocadas duas bonecas idênticas, frente a frente, em extremidades opostas. A base foi dividida por uma placa de acrílico, fixada verticalmente no centro do modelo, que simulava um espelho plano. Uma das bonecas representava o objeto real, enquanto a outra representava a imagem virtual formada no espelho. Como forma de simular os raios de luz entre o objeto e a imagem, os estudantes conectaram as bonecas com linhas de crochê, amarradas em partes diferentes do corpo, que atravessavam o acrílico por furos.

E qual a relação dessa história com o conceito social da deficiência, apresentado anteriormente? A combinação entre o impedimento visual de Pedro e a barreira imposta pelo formato do material que vinha sendo usado por Samuel até então — o livro didático impresso e a lousa — resultavam em uma condição de inacessibilidade ao conteúdo curricular. No entanto, a partir do momento em que o professor retirou a barreira dessa equação — introduzindo materiais tridimensionais —, a condição da deficiência de Pedro foi minimizada. O impedimento clínico mudou? Não, ele continuou existindo, porém, sem resultar na exclusão do aluno quanto ao seu relacionamento com o universo da óptica.

A família também pode desempenhar um papel importante na criação de estratégias pedagógicas para seus filhos. Isso acontece porque ela dispõe de muitas informações sobre eles. Em uma escola do Rio Grande do Sul, por exemplo, Rosane, irmã mais velha de Renata, uma estudante com Síndrome de Down, percebeu que ela estava sendo excluída das atividades em grupo na turma.

Os grupos eram escolhidos de forma espontânea pelos alunos, e isso levava à exclusão da estudante, que se sentia tímida ao ter de pedir para participar. Os professores regentes ainda não tinham se dado conta de que Renata estava com dificuldade para se colocar. Mas, no contato diário com sua irmã, Rosane percebeu a questão.

Ela então procurou conversar com a equipe da escola. Juntos, propuseram soluções para o problema. Por um lado, incentivaram Renata a se convidar para participar e, por outro, combinaram que a composição dos grupos deveria ser definida pelos professores, até que fosse criado o hábito de não excluir a estudante.

Exemplos como o do professor Samuel e de Rosane mostram que, quando a escola incorpora novas estratégias de ensino, novos formatos dos materiais e se preocupa com o engajamento dos alunos, ela amplia as possibilidades de aprendizagem de todos.

Lembrem-se

  • Uma escola inclusiva acolhe todos e persegue altas expectativas para cada estudante.
  • Pessoas com deficiência devem participar das atividades coletivas com sua turma e ter acesso ao mesmo currículo.
  • As estratégias pedagógicas devem ser diversificadas, assim como as possibilidades de expressão dos estudantes e as avaliações propostas.
  • Investir no engajamento de todos no processo de aprendizagem deve ser uma preocupação da escola.
  • Caso necessário, um aluno com deficiência deve receber atendimento especializado.

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