Plano valorizou potencialidades de estudante, trabalho colaborativo e encontros formativos sobre a importância da educação inclusiva para todos
Somos educadores e gestoras da rede educacional do município de Santa Branca (SP), localizado na região metropolitana do Vale do Paraíba, que conta com 11 unidades escolares de creche a ensino fundamental I e II e Educação de Jovens e Adultos (EJA), com uma média de 2.500 estudantes.
A rede de educação municipal se preocupa em atender a demanda mesmo com tantas barreiras, enfrentando as dificuldades e buscando sempre alternativas de solução para todas as situações.
A educação inclusiva vem sendo estruturada pelo município de acordo com as legislações vigentes e em sintonia com a realidade local. Em 2019, buscando ampliar nossos conhecimentos e aprimorar as práticas pedagógicas em relação ao desenvolvimento integral da pessoa com deficiência, nos deparamos com a oportunidade de participar do Diversa presencial, formação em educação inclusiva.
No decorrer da formação e com os diálogos e reflexões oportunizados, fomos estimulados a pensar em uma situação desafiadora de uma escola do município dentro de uma perspectiva inclusiva.
Aplicamos um plano de desenvolvimento para o estudante Rafael*, matriculado no 6º da EMEF Profª Palmyra Martins Rosa Perillo e que possui diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista. Ele não realizava as atividades em sala de aula, e possuía muita dificuldade para se comunicar e para interagir.
Identificação de barreiras atitudinais
Nossa pretensão inicial era criar um plano pedagógico para que o estudante se tornasse mais autônomo e participativo. No decorrer dos estudos identificamos barreiras atitudinais dos profissionais em relação à expectativa que se fazia sobre a proposta de desenvolvimento do aluno.
Fomos percebendo que, para termos sucesso com o estudante, seria necessária a mobilização de todos os atores da escola. As melhores ações ao nosso ver se deram em decorrência da mudança de percepção dos professores, da equipe gestora e do apoio operacional como um todo.
Revisitamos os caminhos percorridos por todos para identificar novas rotas. Assim, pudemos olhar para dentro do processo e conduzir as atividades com mais segurança e entendimento das necessidades e implementações.
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Eliminando barreiras e construindo um ambiente inclusivo
Quando nos aproximamos mais do caso, com os estudos e acompanhamento da equipe do DIVERSA, ganhamos mais confiança e tivemos maior engajamento de todos que cercavam o estudante.
Planejamos todo um processo de mobilização e reflexão dos atores da unidade escolar com o intuito de ampliar o planejamento para a implementação das mudanças almejadas pelas equipes. Realizamos encontros com toda a gestão escolar, além de reflexões, entrevistas e aplicação de estratégias em conjunto.
A partir daí, olhamos para as potencialidades e singularidades de Rafael, e também demos atenção para sua vivência familiar e escolar. Com essa análise, percebemos um grande potencial para a leitura.
Montamos um espaço coletivo de leitura com vários personagens dos livros que ele lia e fizemos que interagissem com Rafael. Esse processo envolveu diversos professores e também toda a turma do estudante. Uma das educadoras, inclusive, começou a ler os livros que ele mais gostava para poder entender quais eram os interesses do estudante.
Tivemos muitos avanços
Os resultados conquistados a partir das ações pontuais foram incríveis. Rafael foi se tornando mais participativo à medida que nos aproximávamos com as várias iniciativas, além de apresentar mais autonomia.
Os profissionais envolvidos diretamente na formação do DIVERSA mudaram suas práticas e o trabalho em conjunto foi mais intenso. A formação possibilitou ações e reflexões constantes sobre as várias questões desafiadoras com as quais nos deparamos no dia a dia.
A relação entre professores, alunos, direção e apoio operacional foi melhor programada e apoiada pela gestão escolar, que autorizou reuniões para que todo processo fosse uniforme e ganhasse força no cotidiano escolar.
Esperamos que com a mudança de olhar dos profissionais envolvidos na formação possamos dar continuidade em cada unidade escolar do município para a evolução de práticas que incluam as pessoas com deficiência e, consequentemente, toda a comunidade escolar.
*nome fictício
Este relato de experiência é fruto da participação dos autores na edição 2019 do DIVERSA Presencial – formação para profissionais envolvidos com o processo de escolarização de estudantes público-alvo da educação especial em escolas comuns, desenvolvida pelo Instituto Rodrigo Mendes em parceria com a Fundação Grupo Volkswagen. Por meio de parcerias com secretarias municipais de educação, o projeto tem como objetivo contribuir com a ampliação de conhecimentos sobre a educação inclusiva a partir de situações reais e desafiadoras escolhidas pelos participantes.